Aruã Silva de Lima
ARUÃ SILVA DE LIMA
É Licenciado em História pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) (2006), Mestre em História pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) (2009) e Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP) (2015). Foi bolsista CAPES-FIPSE em 2006 e do Coimbra-Group em 2012, quando estagiou, respectivamente, na University of North Carolina at Charlotte (Estados Unidos) e Åbo Akademi (Finlândia). Atualmente é Professor Adjunto da Universidade Federal de Alagoas lotado na Faculdade de Serviço Social (FSSO). É integrante do Laboratório de História e Memória da Esquerda e das Lutas Sociais (UEFS) e do Grupo de estudos sobre a Guerra Fria (USP).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/7366450114058190
Linha de pesquisa: Relações de Poder, Conflitos e Movimentos Sociais
Temáticas de orientação:Desenvolve pesquisas sobre organizações de esquerda transnacionais e atingidos por barragens na calha do rio São Francisco.
E-mail: arualima@gmail.com
Projetos de pesquisa em andamento:
1.A onda reacionária na América Latina: agenda autoritária e hegemonia liberal (2011-2019)
Nos últimos anos, estudiosos e analistas têm tentado explicar a derrota dos governos de esquerda na América Latina. As interpretações variam de acordo com as afiliações teóricas e ideológicas no amplo espectro da esquerda. A maioria dos debates no círculo de esquerda põe no centro das razões da crise e débâcle, as restrições econômicas do capitalismo periférico, por um lado, e, por outro, os esquemas políticos conciliatórios impulsionados pelas frentes de esquerda que governaram a maioria dos países latino-americanos durante os anos 2000. esse processo deve ser entendido a partir de um duplo ponto de vista: 1) o concerto das nações, o imperialismo e os povos latino-americanos; 2) flutuações conjunturais e relações de poder nas sociedades do continente consideradas individualmente. Portanto, este projeto pretende-se como um esforço teórico e metodológico para entender como esses fenômenos afetaram uma multiplicidade de nações em toda a América Latina como um todo. Um pressuposto é que, por alguma razão, um movimento global que afastou, conjunturalmente, a esquerda das casas governamentais em todo o continente. Pretende-se incorporar a explicação a contingências internas e específicas brasileiras, compreendendo a circunstância brasileira como parte do todo dialético. Este processo só pode ser entendido se diferentes dimensões da realidade forem analisadas como, por exemplo, a sincronização das políticas continentais com a redefinição do equilíbrio hegemônico de classe e respectivas frações nas respectivas sociedades civis.
2.Internacionalismo Comunista e a Diáspora Africana em dois extremos da América entre os anos 20 e 40
A pesquisa proposta neste projeto tem como objetivo compreender o Partido Comunista do Brasil (PCB) e o Communist Party of the United States of América (CPUSA) no enfrentamento das questões raciais no Brasil e Estados Unidos analisando a participação negra nas organizações comunistas e a presença desses partidos nas comunidades negras nos anos 20 aos 40.
3. Solidariedade transnacional no Atlântico revolucionário: as organizações de frente ampla, 1921-1941
O presente trabalho tem como objetivo analisar duas organizações transnacionais de solidariedade entre trabalhadores que atuaram no mundo e no Brasil no período entre-guerras: o Socorro Vermelho Internacional (SVI) e o Auxílio Internacional do Trabalhadores (AIT). Fundada em 1919, a Internacional Comunista foi um organismo internacional sediado em Moscou e durou até 1943. Sob a consigna da Revolução Mundial, a IC patrocinou e incentivou atividades com o fito de organização sindical, campesina e partidária em torno do amparo moral da Revolução Bolchevique de 1917 e também no alastramento da Revolução em todo o mundo. Como parte fundamental dessa atividade esteve o trabalho de buscar solucionar problemas na vida concreta dos grupos subalternos. Essas atividades foram executadas a partir de um certo consenso revolucionário nem sempre evidente para fora da militância orgânica. Para tanto, foram empreendidas atividades de solidariedade que, não raro, omitiam sua direção. Duas organizações ligadas ao movimento comunista internacional existiram de modo concomitante e atuaram simultaneamente em ações de solidariedade: Socorro Vermelho Internacional (SVI) e Auxílio Internacional do Trabalhadores (AIT). A fundação dessas duas organizações obedeceu a sentidos diferentes e, como consequência direta, suas respectivas atividades, embora por vezes concorrentes, também adquiriram conotações políticas diversas. Ambas tiveram como propósito encaminhar respostas humanitárias diretas a desastres ambientais (secas e cheias de rios), ao resultado de perseguição política (prisões de líderes sindicais e camponeses assim como de comunistas, socialistas e anarquistas eram tratadas por uma rede de advogados em diversos países de todo o mundo) e encabeçar campanhas de amplo espectro político (pela paz, contra a fome, contra o trabalho infantil, contra o racismo e imperialismo, contra a opressão de gênero). A AIT foi fundada pelo alemão Willi Münzenberg em 1918, antes da fundação da IC, e iniciou suas atividades angariando fundos para ações de ajuda humanitária na Bacia do Volga e Elba. Münzenberg trabalhou essas organizações a partir de definições nãorestritivas de filiação política, podendo ser caracterizadas como organização de frente ampla. Ainda que inspirada e inicialmente dirigida por Münzenberg, o SVI iniciou suas atividades em 1922 focando na ajuda humanitária aos militantes perseguidos por regimes autoritários da Europa e nos Estados Unidos. A atuação dessas organizações no Brasil e na América Latina ainda é pouco conhecida. A parte mais significativa da documentação física sobre o assunto está localizada nas dependências do Arquivo Edgar Leurenroth (AEL) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), no Centro de Documentação de História Contemporânea da Universidade do Estado de São Paulo (Unesp) e no Arquivo Estatal Russo de História Sócio-Política (RGASPI). Uma parte dessa documentação encontra-se digitalizada sob posse do projeto e/ou é de livre acesso. Sabem-se de algumas campanhas dirigidas pelo SVI no Brasil, principalmente na década de 30, para a soltura de Luís Carlos Prestes e pela volta de Olga Benário da prisão nazista. Sabe-se também de campanhas para arrecadação de fundos para ajuda de camponeses alemães e russos entre 1918 e 1923, conduzidas pela SVI e AIT. Por fim, as organizações encontram seus desfechos de modos distintos. A AIT acaba com a ascensão nazista em 1933. O SVI tem vida mais longa e chega a existir formalmente até a meados dos anos 40 tendo sido destituída de funções internacionais em 1938.