Willian Soares Lucindo

WILLIAN SOARES LUCINDO 

         Possui graduação em História pelo Centro Universitário FIEO (2007), mestrado em História pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2010) e doutorado em História pela Universidade Estadual de Campinas (2020). Atualmente é professor adjunto da Universidade Federal de Alagoas. Tem experiência na área de História, com ênfase em Pós-Abolição, atuando principalmente nos seguintes temas: pós-abolição, afrodescendente, educação, negros e associativismo negro.

Latteshttp://lattes.cnpq.br/5973624345977739 

Linha de pesquisa: Relações de poder, conflitos e movimentos sociais.

Temáticas de orientação: Abolicionismo, pós-abolição, organizações negras, formação de movimento negro, educação para relações étnico-raciais, festas e associações mutualistas 

E-mailwrsl0202@hotmail.com  

Projetos de pesquisa em andamento:

1.EXEMPLOS DE HOMENS DE COR: CIDADANIA, MASCULINIDADES E ASSOCIATIVISMO NEGRO (1903-1931)

Este projeto de pesquisa se propõe a analisar os modos como a imprensa negra do Estado de São Paulo construiu a imagem do homem de cor, comparando com a forma como homens negros eram descritos na imprensa de ampla circulação das três primeiras décadas do século XX. Estudos apontam que as pertencentes ao circuito associativo negro buscaram se distinguir da imagem estereotipada dos negros, por meio da construção de uma identidade racial (homens de cor), códigos de condutas, vigilância constante entre outras ações. Os jornais dirigidos por e para pessoas negras funcionaram como suas ferramentas, neles eram publicadas posturas inadequadas de associados, bem como debates sobre comportamentos e notas de homens e mulheres de bons modos, que serviam de exemplos a serem seguidos por outros negros e demonstravam a capacidade de pessoas negras em gozar da plena cidadania. Em periódicos de grande circulação, foi comum encontrar pessoas negras nas seções que tratavam de questões policiais, geralmente causando desordens, embriagadas e vadiando, alguns editoriais afirmavam que, por conta da escravização, as populações negras, genericamente nomeadas como libertas, não tinham condições de compreender as regras de uma sociedade republicana pautada pelo trabalho livre, por isso não teriam a cidadania plena. A forma como homens e mulheres pertencentes a uma agremiação negra pode ser uma resposta a esse tipo de situação e sua busca por seus direitos de cidadania. Desta forma, para melhor contextualizar e explicar como a construção de um tipo de homem negro ideal entre os homens de cor funcionou como luta por cidadania, esta pesquisa se sustentará na articulação de três campos de estudos: masculinidades, sobretudo masculinidades negras; pós-abolição e associativismo negro.

2.Pós-Abolição em Sala de Aula: análise sobre como é ensinada a história das populações negras e indígenas após o fim da escravidão no Brasil em escolas de Ensino Fundamental de Maceió

O presente projeto visa analisar o ensino de história e cultura da África, afro-brasileira e indígena nas escolas da região metropolitana de Maceió, sobretudo acerca do pós-Abolição. Busca-se levantar dados sobre os períodos históricos privilegiados, as epistemologias e metodologias adotadas por docentes de História do Ensino Fundamental, bem como compreender os motivos de suas escolhas, a fim de saber se as populações negras e indígenas são estudadas em sala de aula fora da condição de escravizadas. Teóricos da interculturalidade, como Nilma Lino Gomes e Clóvis Brighenti, apontam que para um projeto de descolonização de currículo ser eficiente é preciso colocar no centro de estudos as populações historicamente marginalizadas. Contudo, a centralidade, no caso das populações indígenas e negras, não deve se limitar a estudos sobre processo de colonização, sua relação com os portugueses e sua escravização, é preciso que as sejam examinadas em diferentes contextos históricos, observadas suas perspectivas e visões de mundo a fim de entender suas práticas culturais, projetos políticos e interesses. Os guias de História do Programa Nacional do Livro Didático indicam que esse é um desafio para a inserção das temáticas africana, afro-brasileira e indígena, que, inclusive, romperia com as amarras de uma periodização eurocêntricas da História. O ensino de História pautado pelo campo de estudos do Pós-Abolição pode atender a este desafio, uma vez que suas pesquisas centralizam as experiências negras e indígenas em suas análises. O próprio termo já necessita de reflexões. Ao invés de Brasil República, que pode observar a história brasileira a partir de rupturas de regimes governamentais, ao se intitular como Pós-abolição o marco é feito a partir de uma legislação que deveria trazer benefícios às populações vítimas do escravismo. Esse é um campo de estudo relativamente novo na historiografia brasileira, que analisa como ocorreu inserção ou não das populações negras à sociedade pautada pelo trabalho livre, considerando que a definição e extensão dos direitos de cidadania esteve imbricado ao processo de abolição da escravatura e as atualizações das hierarquias sociais, responsáveis pelas construções de identidades e classificações raciais (Rios; Mattos, 2005). Pesquisa-se nesse campo: formas de atuações negras, métodos de racialização e suas reações, formação e usos de memórias da escravidão e do abolicionismo. Deste modo, pretende-se analisar o cumprimento do artigo 26-A das Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, incluído pela lei 10639 de 2003 e alterado pela lei 11645 em 2008, bem como a forma de sua implementação nas aulas de História nas escolas de Ensino Fundamental de Maceió.