Nota de Repúdio e Defesa dos Cursos de História da UFAL
Os cursos de Graduação (Bacharelado e Licenciatura) e Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) vêm a público manifestar seu mais veemente repúdio à reportagem publicada por Odilon Rios no blog Repórter Nordeste, no dia 30 de janeiro de 2025, que veiculou informações inverídicas e caluniosas que em nada ajudam a esclarecer e muito mais prejudicam, acerca da situação de segurança no Instituto de Ciências Humanas, Comunicação e Artes (ICHCA).
Os problemas de segurança no ICHCA estão atualmente em deliberação pelo conjunto dos cursos que formam o Instituto e em diálogo com a gestão atual da Reitoria, para que sejam tomadas medidas para esclarecer relatos e encaminhar soluções.
Em primeiro lugar, o curso de Relações Públicas (RP) mencionado na reportagem, é um dos diferentes cursos que formam o ICHCA e não se encontra no mesmo prédio dos cursos de História. A decisão do curso de RP em suspender as aulas presenciais não é unânime no Instituto. Vale informar, que o próprio curso de Jornalismo que se encontra no mesmo prédio que RP, manteve a decisão de continuar com suas atividades presenciais. Os cursos de História, em deliberação coletiva de docentes e discentes, por sua vez, mantém suas atividades acadêmicas de forma presencial.
Em segundo lugar, o caso referido de 19 de janeiro, não ocorreu neste ano de 2025 e a nota da Reitoria também não. Sobre isso, notas públicas do Diretório Acadêmico de História com apoio do corpo docente foram divulgadas à época. A associação entre dois fatos que ocorreram em momentos distintos é extremamente problemática e pode contribuir para interpretações equivocadas sobre a atual situação dos nossos cursos.
Em terceiro lugar, a afirmativa categórica que criminaliza docentes e estudantes de forma contundente, é cabível de processo por difamação. É um absurdo que um veículo de comunicação contribua para a criminalização da Universidade pública, dos servidores federais e dos estudantes. Nos causou revolta e indignação ler uma acusação tão séria e mentirosa como essa.
Os problemas de segurança pública que acometem a UFAL são os mesmos que acometem a sociedade brasileira. A violência da Polícia Militar está amplamente documentada, sendo um problema estrutural, ideológico e político, reconhecido inclusive pelas corporações. De fato, a violência advinda das forças de segurança do Estado não atinge os indivíduos da mesma forma: a imensa maioria dos nossos estudantes são filhos da classe trabalhadora. Dentre estes, jovens negras e negros, estudantes LGBTQIAPN+ e periféricos são muito mais atingidos nessa violência que outras categorias e grupos sociais. Isso é fato. No entanto, entendemos que qualquer política de segurança pública para o espaço da universidade passa, impreterivelmente, pelo diálogo com a comunidade acadêmica e pela melhoria geral das estruturas dos prédios.
O espaço público da universidade deve ser local de acolhimento e não mais uma barreira para aquelas e aqueles que foram, historicamente, excluídos do acesso à educação e à cultura.
Exigimos Retratação
Os cursos de História da UFAL são reconhecidos nacionalmente pela sua excelência acadêmica. Com um corpo docente altamente qualificado, composto por doutores e mestres formados nas melhores universidades do país. Temos atuado há décadas na formação de professores-pesquisadores para os diferentes níveis de ensino para as redes públicas e privadas do estado de Alagoas e produzido conhecimento sobre o passado alagoano e brasileiro, que muito contribui para melhoria do debate público e para a defesa dos valores democráticos.
Nossos estudantes, em sua maioria, filhos e filhas de trabalhadores do campo e urbanos, enfrentam muitíssimos desafios para realizar o sonho da graduação e ter melhores condições de vida. Todo discurso e narrativa que coloca em risco e desqualifica as instituições da educação superior pública e gratuita faz um desserviço ao povo brasileiro. A Universidade pública deve ser defendida em todos os momentos, é um patrimônio que muito nos orgulha, mas que vem sofrendo cada vez mais pelos cortes e diminuição do investimento. Essa crise, como diria Darcy Ribeiro, infelizmente, é um projeto de precarização para privatização, que muito agrada certos grupos econômicos e políticos.
Nós, dos cursos de História da UFAL, vamos continuar defendendo o nosso território contra qualquer forma de violência e de ataques contra o direito constitucional de uma educação pública, gratuita e de qualidade. Prezamos por profissionais éticos e por mídias sérias comprometidas com a valorização da educação pública de qualidade e com o bem estar coletivo. O que ficou claro na presente reportagem foi a intenção de disseminar mentiras e versões, com a intenção de prejudicar a imagem dos cursos e da Universidade Pública.
Exigimos das instâncias superiores da UFAL que cobrem publicamente do referido repórter uma retratação pública.
Continuaremos firmes na defesa da educação pública, gratuita e de qualidade, e na promoção do conhecimento histórico como ferramenta essencial para transformação da realidade brasileira.