Irinéia Maria Franco dos Santos

IRINÉIA MARIA FRANCO DOS SANTOS

          Doutora em História Social pela Universidade de São Paulo (USP), em 2012. Professora Associada nos Cursos de graduação e pós-graduação em História da Universidade Federal de Alagoas. Realizou estágio de pós-doutorado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 2018. Autora dos livros: O Axé Nunca se quebra: transformações históricas em religiões afro-brasileiras, São Paulo e Maceió (1970-2000), Edufal, 2014, 2 edição, 2023; A Caverna do Diabo e outras histórias: ensaios de história social das religiões (Alagoas, séculos XIX e XX), Edufal, 2016; Imprensa Católica na Primeira República: uma história social do hebdomadário A Fé Christã (Penedo, Alagoas), Edufal, 2019 e "(Re)Encontro com as lutas e perspectivas da Teologia da Libertação em tempos de autoritarismo e pandemia", Olyver, 2021. Organizou junto com o prof. Dr. Pedro Lima Vasconcellos a coletânea "Dinâmicas religiosas na História: perspectivas socioculturais e políticas em debate", CRV, 2022. Organizou, em 2024, a coletânea "Igreja subservisa? Agentes e movimentos católicos na Ditadura Militar, Golpe e luta de classes no Brasil", publicada pela Edufal. 

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Linha de pesquisa: Relações de Poder, Conflitos e Movimentos Sociais

Temáticas de orientação: História Social das Religiões; Religiões Afro-Brasileiras, Catolicismo, Teologia da Libertação e Comunidades Eclesiais de Base, Religião e Política, Religião e Movimentos Sociais.

 E-mailirineia.franco@ichca.ufal.br 

Projetos de pesquisa e extensão em andamento:

1.Batinas e batuques: clero, escravidão e formação das religiões populares em Alagoas (século XIX)

O objetivo do projeto é pesquisar as confluências étnicorraciais, culturais e religiosas nas relações entre catolicismo e escravidão, na província de Alagoas (século XIX), e como elas impactaram na formação do campo religioso popular afrobrasileiro do período. Destacam-se, dessas relações, três elementos: (a) as práticas de padres senhores de escravos a respeito da religiosidade africana; (b) a ideologia religiosa que justificava a escravidão, presente nos discursos da imprensa local; e, (c) as experiências religiosas dos escravizados, tanto no âmbito das irmandades católicas quanto dos batuques. Para isso, utilizar-se-á a documentação eclesiástica e policial disponível no Arquivo Público de Alagoas (APA) e a imprensa oitocentista, disponível na Hemeroteca Digital Brasileira da Biblioteca Nacional e no Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL). Espera-se com essa pesquisa caracterizar com mais detalhes o processo de formação das religiões afrobrasileiras em Alagoas e incentivar novos estudos sobre as religiões populares, como experiências históricas dinâmicas que se processavam na dialética, entre permissões, proibições e negociações.

2.Dinâmicas religiosas na História

O projeto Dinâmicas religiosas na História tem como proposta articular a produção docente e discente do Laboratório Interdisciplinar de Estudo das Religiões, nos âmbitos da graduação e pós-graduação. A partir dos estudos e debates do coletivo em cima dos projetos de mestrado, doutorado e outros, organizar a produção historiográfica para trazê-la à público em eventos, periódicos científicos e coletâneas. Nesse sentido, as Dinâmicas religiosas na História diriam respeito aos movimentos dos processos religiosos, às suas experiências que se alteram ao longo do tempo, em diferentes conjugações e relações de forças, dialeticamente individuais e coletivas, internas e externas. Especialmente nos interessam as relações de força entre as diversas experiências econômicas, socioculturais e políticas de diferentes agentes e grupos religiosos, geograficamente distantes e, mesmo assim, próximos ou aproximados pelo contato secular entre os povos. Buscamos na reunião de diferentes pesquisas, compreender como diferentes dinâmicas religiosas podem nos auxiliar no esclarecimento de processos complexos e conflituosos na sociedade brasileira do período moderno ao contemporâneo, observando de modo mais detido determinadas relações de forças. A produção historiográfica, a partir de Alagoas, sobre as diferentes religiões avançou, consideravelmente, nos últimos anos, tanto pela articulação do LIER, como também pela criação do Programa de Pós-Graduação em História da UFAL, que atraiu jovens pesquisadores/as de outros estados brasileiros, agregando em torno das temáticas religiosas novas abordagens, problemas e hipóteses.

3.Entre a Universidade e a Comunidade: democratizando o conhecimento historiográfico

Para atender às demandas sociais e educacionais na sua área de atuação, os cursos de graduação e pós-graduação em História (Bacharelado, Licenciatura e Mestrado) desenvolveram o Projeto de extensão "Entre a Universidade e a Comunidade: democratizando o conhecimento historiográfico" com o objetivo de promover e apoiar projetos de extensão dos grupos de pesquisa, laboratórios e/ou pesquisadores e professores dos cursos que possibilitem a formação continuada de profissionais da área, pesquisadores, professores das redes públicas e privadas, estudantes, técnicos, líderes comunitários e agentes sociais. As ações se dão de modo contínuo também na preservação e difusão do patrimônio histórico-documental, cultural e imaterial, tendo como fim o seu acesso democrático; produção de materiais didáticos para o ensino de História; oficinas de formação cultural e política; divulgação de conhecimento histórico via exposições, eventos científicos e de popularização. O Projeto de Extensão também agrega as Atividades de Curricularização da Extensão – ACE, dos cursos de Licenciatura e Bacharelado de História. Para isso, devem também ser ofertadas em suas ações, entre outras demandas, a apreensão das teorias, métodos e técnicas que envolvam a proteção do patrimônio histórico, cultural e documental de Alagoas. No PPGH o Projeto contribui fortemente na difusão da produção historiográfica da sua comunidade acadêmica, articulando as atividades de divulgação nos eventos, colóquios, seminários, em parceria com o Centro de Pesquisa e Documentação Histórica (CPDHis) e a Revista Crítica Histórica (PPGH).

4.Clero e escravidão na província de Alagoas (1850-1888) [PIBIC - Ciclo 2025-2026]

O objetivo do projeto é analisar, na perspectiva da História Social, as relações entre a atuação do clero católico e a estrutura socioeconômica escravista e seus desdobramentos socioculturais, na província de Alagoas, entre 1850 e 1888. Para isso, buscar-se-á historicizar como elas se deram em: 1) na experiência cotidiana dos vigários na administração eclesiástica das freguesias, suas relações conflituosas e/ou de cooperação com os proprietários e outras autoridades locais para a aplicação das legislações de controle da população escravizada. Um dos aspectos que necessitam de maiores estudos é a participação do clero católico como co-responsável pela execução dos Avisos do Ministério da Agricultura e Obras públicas; por exemplo, o registro dos batizados e óbitos dos filhos livres de mulher escrava que deveriam ser comunicados com regularidade à presidência da província, para compilação das estatísticas e informações a serem encaminhadas à Coroa e elaboração do censo. Vale lembrar que os padres foram, também por vezes, proprietários de escravizados/as. 2) Na participação do clero alagoano nas atividades do fundo de emancipação e/ou sociedades abolicionistas, considerando a posição oficial da Igreja Católica e as disputas ideológicas e teológicas sobre a escravidão naquele período, especialmente no Bispado de Pernambuco, sede eclesiástica da qual fazia parte a província de Alagoas. A temporalidade demarcada nessas quatro décadas refere-se à proibição do comércio atlântico de escravizados, em 1850, e a elaboração de uma legislação que passou a ser aplicada, na perspectiva de um fim gradual para a escravidão (Lei de Terras, 1850; Lei Eusébio de Queiroz, 1850; Lei do Ventre Livre e o fundo de emancipação, 1871; Lei dos Sexagenários, 1885), até a assinatura da chamada Lei Aurea, em 13 de maio de 1888. Esta chancelou a abolição sem, de fato, alterar a superexploração da força de trabalho da população negra no Brasil e dar as condições necessárias para uma plena cidadania. As condições concretas, portanto, existentes no modo de produção e na sociedade escravista articularam-se com as contradições dos interesses em jogo, das elites dominantes, dos/as escravizados/as, libertos/as e livres, num período de profundas transformações na sociedade brasileira. O catolicismo, como religião oficial, mas também em suas expressões de religiosidade popular (a exemplo das irmandades, confrarias, devoções, curandeirismo, em confluência com práticas afroindígenas), engendraram percepções e experiências diversas sobre o seu papel durante a vigência da escravidão no Brasil e no pós-abolição. Em Alagoas, é necessário ainda avançar na caracterização dessas experiências religiosas, como também na explicação da formação de um campo religioso profundamente diverso, negociado e conflitivo. Tal estudo é, portanto, uma contribuição às renovações em curso da historiografia alagoana sobre a escravidão e o pós-abolição, e àquela sobre a história social das religiões que, nas últimas décadas, têm avançado com produções consolidadas em diferentes níveis, da graduação à pós-graduação.

5.Tratamento e Catalogação da Documentação Histórica do Arquivo do Judiciário do Estado de Alagoas

O projeto Tratamento de Catalogação da Documentação Histórica do Arquivo do Judiciário do Estado de Alagoas foi elaborado tendo em vista por um lado, a evolução dos debates nacionais a respeito da digitalização e difusão dos acervos culturais históricos, e as necessidades locais já há muito identificadas pelas universidades e instituições de memória de Alagoas, que se propõe a aplicar na prática as intenções estabelecidas e debatidas nos últimos anos. Seu objetivo é produzir os instrumentos arquivísticos (catálogo e inventário) da documentação e a digitalização do acervo classificado como histórico, com processos que abrangem o período de 1830 a 1950. As ações específicas de preservação, digitalização e difusão do acervo histórico resultarão em: (a) Tratamento documental: Organização e tratamento do acervo (higienização e acondicionamento); (b) Leitura documental: listagem preliminar para confecção dos guias e inventários; (c) Construção do Inventário/ Catálogo de Pesquisa; (d) Digitalização documental: processos identificados e tratados; Tais ações específicas irão universalizar o conhecimento e acesso às fontes históricas.