Flávia Maria de Carvalho

FLÁVIA MARIA DE CARVALHO

          Professora Adjunta da Universidade Federal de Alagoas. Doutora em História Social (UFF) realiza pesquisas sobre a História de Angola e de regiões da África Centro Ocidental, sobre as relações de poder estabelecidas pelas elites políticas do antigo Ndongo, sobre a História dos sobados, e sobre escravidão africana. Possui mestrado em História pela UFF (2002) e graduação pela UERJ (1999). Atualmente desenvolve pesquisas relacionadas às hierarquias sociais da África Centro Ocidental e sobre administração portuguesa em Angola nos séculos XVII e XVIII, que fazem parte de seu projeto de pós-doutoramento junto ao Programa de Pós Graduação em História da UFRRJ.

Lattes:  http://lattes.cnpq.br/3197648102123157

Linha de pesquisa: Relações de Poder, Conflitos e Movimentos Sociais

Temáticas de orientação: História da África, Administração portuguesa em conquistas e colônias africanas, Dinâmicas e processos de escravidão atlântica.

 E-mailflamariacarvalho@gmail.com 

Projetos de pesquisa em andamento:

1.Almas livres e corpos escravos: a ação dos padres jesuítas em Angola nos séculos XVII e XVIII

O presente projeto tem como objetivo analisar a atuação da ordem religiosa Companhia de Jesus, durante o século XVII até a década de 50 do século XVIII, nos territórios do antigo Ndongo, região que posteriormente passou a ser chamada de Angola pelos conquistadores e colonizadores portugueses. Os padres jesuítas foram personagens relevantes na História dos territórios da África Centro Ocidental atuando não só como missionários, mas como agentes articuladores tanto de interesses da Coroa lusitana quanto de interesses particulares. Os feitos desses padres foram determinantes na condução da administração dos domínios e também das relações que foram estabelecidas com os grupos de poder local. Através do uso da retórica missionária do “resgate” os inacianos justificavam a escravização de africanos. O trabalho forçado seria o caminho para a redenção e salvação das almas dos cativos. O discurso convergia para o controle dos corpos e utilização compulsória da mão-de-obra em prol de uma redenção pós-morte. Pesquisas sobre a História de Angola mostram a grande influência que esses missionários exerceram junto aos governadores portugueses encarregados de viabilizar os interesses de diferentes grupos sociais interessados no comércio transatlântico de escravizados. O recorte cronológico da pesquisa se justifica por ser o período delimitado de maior atuação da Companhia de Jesus nos domínios ultramarinos, e também por ter sido a época da ocupação holandesa de Luanda e posterior retomada portuguesa na região.

2.Histórias das Áfricas nas escolas públicas de Alagoas: descontruindo preconceitos e repensando uma educação antirracista através de estratégias pedagógicas.

O projeto tem como principal objetivo a produção de materiais didáticos de diferentes formatos com conteúdos sobre Histórias das Áfricas e das Culturas Afro-Brasileiras, que reunidos serão disponibilizados para os professores da rede estadual de educação através de um Acervo Digital que possa ser utilizado como suporte teórico e metodológico para projetos de Ensino de História contemplados pela Lei 10639/2003. A proposta deriva de uma necessidade de aproximar pesquisas acadêmicas a formatos que possam ser usados pelos professores em seus cotidianos escolares para o desenvolvimento de práticas pedagógicas elaboradas para alunos do Ensino Fundamental II da rede pública estadual de ensino de Alagoas. Partindo das experiências junto aos alunos do curso de Licenciatura da UFAL identificamos a necessidade de aproximar a historiografia contemporânea sobre sociedades africanas das estratégias adotadas para o ensino de Histórias das Áfricas e das Culturas Afro-Brasileiras, promovendo dessa forma uma atualização dos recursos didáticos e através dos debates contribuindo para um processo de formação continuada dos professores voltada para uma educação antirracista. As narrativas sobre sociedades africanas ainda são muitas vezes interpretadas de formas equivocadas e que generalizam tanto aspectos culturais, quanto políticos e econômicos, e ainda ratificam leituras onde os africanos são apresentados como coadjuvantes de suas histórias. Descontruir estereótipos é uma pauta necessária para uma educação decolonial que deve ser um instrumento para o combate as diferentes formas de preconceito, capacitando os professores para agirem em prol de uma educação antirracista. O projeto é focado principalmente nas Histórias das sociedades envolvidas com as Diásporas Atlânticas.

3.Sobas e homens do Rei: relações de poder e escravidão em Angola (séculos XVII e XVIII)

A proposta central do projeto é discutir as relações travadas entre as elites políticas que exerciam poder sobre os povos que habitavam o antigo Ndongo (chamado de Angola a partir de finais do século XVII), e os governadores portugueses encarregados de viabilizar os interesses da Coroa na África Centro Ocidental. Temos como objetivo analisar as estratégias e os conflitos vivenciados entre as chefias africanas e os funcionários lusitanos nos séculos XVII e XVIII, já que dentro desse recorte é possível identificar diferentes estratégias e os posicionamentos dos grupos envolvidos dentro de cenários complexos de disputas e acordos que determinavam tanto a abertura de caminhos em direção aos sertões, quanto o controle de áreas onde eram captados e negociados escravos que tinham como destino o mercado Atlântico.