Elias Ferreira Veras

ELIAS FERREIRA VERAS

          Graduado em História pela Universidade Federal do Ceará (UFC), com Mestrado em História pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP) e Doutorado em História pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). É professor do Curso de História (Bacharelado e Licenciatura) e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), onde também coordena o Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS/UFAL/CNPq). Tem experiência na área de História, com ênfase em historiografia LGBTQIA+, das relações de gênero e sexualidade dissidentes. Em 2017, publicou o livro "Travestis: carne, tinta e papel" (Editora Prismas).

Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4215190D6

Linha de pesquisa: Culturas Políticas, Representações, Discursos e Narrativas

Temáticas de orientação: Historia LGBTQIAPN +, dos gêneros, cospos e sexualidades dissidentes; História das Mulheres, dos Feminismos e das Relações de Gênero; Teoria da história e interseccionalidade, Teoria Queer.

E-mail: elias.veras@ichca.ufal.br  

 Projetos de pesquisa em andamento:

1.Colóquio Diálogos Interdisciplinares sobre gênero, raça e sexualidade.

O Colóquio Diálogos Interdisciplinares sobre Gênero, Raça e Sexualidade é um evento de extensão organizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS/CNPq), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), com o apoio dos cursos de História (Bacharelado e Licenciatura) e do Programa de Pós-Graduação em História, da mesma instituição, com apoio de instituições de fomento à pesquisa (CNPq (2 edição) e FAPEAL (3 edição)) e da PROEX. O evento parte dos referenciais teóricos promovidos pela interseccionalidade (DAVIS, 2017; CRENSHAW, 2002) para pensar gênero, raça e sexualidade (SCOTT, 1995; PEDRO, 2005; BUTLER; 2003; MBEMBE, 2018; LAQUEUR, 2001; FOUCAULT), inserindo-se em um contexto de transformações político-epistemológicas, promovidas pelos movimentos feminista, negro e LGBT que marcam o mundo político-acadêmico contemporâneo. Na sua terceira edição, o evento pretende continuar sendo um espaço de reflexão e diálogo acerca da construção histórico-social dos marcadores sociais da diferença (gênero, sexo e raça) e seus efeitos de violência/resistência na contemporaneidade. O primeiro Diálogos Interdisciplinares... teve como objetivos promover reflexões em torno das questões de gênero, raça e sexualidade; Discutir a construção histórico-social das violências de gênero, raça e sexualidade e seus efeitos no presente; Proporcionar aos/às participantes da atividade um espaço de debate sobre o gênero e suas interseccionalidades; Estimular o diálogo entre a universidade, os movimentos sociais e a escola. Em maio de 2019, foi realizado o II Colóquio diálogos .. com o tema "Corpos em aliança", que contou com o apoio do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). O evento buscou discutir e problematizar a construção social e histórica que envolve as questões de gênero, raça e sexo, contando com a participação de renomados/as pesquisadores/as sobre o tema. O evento contou com mais de 190 inscrições no SIGAA da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), além da participação de dezenas de inscritos nos dias das mesas, o que comprova a demanda pela temática entre alunos/as, professores/as da UFAL e de outras instituições. A obra “Diálogos interdisciplinares sobre gênero, raça e sexualidade: corpos em aliança”, atualmente em processo de produção, organizada pelos professores Ana Claudia Aymoré e Elias Ferreira Veras, organizadores do II Colóquio Interdisciplinares... com textos dos/as palestrantes e integrantes do GEPHGS/UFAL/CNPq também resulta do evento. A terceira edição, prevista para acontecer na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), em Maceió (AL), nos dias 13, 14 e 15 de maio de 2020, tem como tema "A liberdade é uma luta constante" e pretende ampliar os diálogos e parcerias iniciadas no primeiro e segundo Diálogos Interdisciplinares..., que ocorreram na referida universidade/cidade em maio de 2018 e 2019, respectivamente. Desse modo, com esta terceira edição, reafirmamos nossos compromissos ético-político-acadêmicos com a promoção de um conhecimento cientifico inovador no âmbito do ensino, pesquisa e extensão. Diante do atual cenário brasileiro, marcado pela proibição das discussões de gênero na escola, pelo aumento de casos de violências contra mulheres e sujeitos LGBT, pela persistência de preconceitos de gênero (quase sempre atravessados por preconceitos de classe e de raça), é preciso pensar as relações de gênero, de modo que a a universidade, não seja ela também, reprodutora de desigualdades, invisibilidades e exclusões.

2.Corpos aliados e lutas políticas: Resistências LGBT e redemocratização na perspectiva de gênero (1978-1988)

O projeto de pesquisa, intitulado Corpos aliados e lutas políticas: resistências LGBT e redemocratização na perspectiva de gênero (1978-1988) têm como objetivo historicizar e problematizar as lutas dos sujeitos LGBT (lésbicas, gays, travestis e transexuais) na redemocratização do Brasil, a partir de uma perspectiva de gênero (SCOTT, 1995; BUTLER, 2003, 2017; PEDRO, 2005). A pesquisa insere-se no âmbito das atividades do Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS-UFAL). Corpos aliados e lutas políticas... tem como recorte temporal, os últimos anos da ditadura civil-militar no Brasil, momento em que emergem as primeiras organizações homossexuais no país, como o Somos – Grupo de Afirmação Homossexual (1978) e o GALF – Grupo de Afirmação Lésbica Feminista (1979/1980); e os primeiros anos da redemocratização brasileira, quando diversos grupos homossexuais, por exemplo, Grupo Gay da Bahia (GGB) e Triângulo Rosa (RJ), se mobilizam para a inclusão da proibição de discriminação por orientação sexual na Constituição de 1988. Nosso objetivo é historicizar e problematizar as estratégias, discursos e práticas políticas de gays, lésbicas, travestis e transexuais nesse processo histórico. Em diálogo com a historiografia sobre esse processo histórico (FICO, 2001; FERREIRA, DELGADO, 2003; DUARTE, 2009; GOMES, 2014; REIS, 2014; GREEN, QUINALHA, 2014), nos propomos a investigar a historicidade dessas experiências de luta no Estado de Alagoas, na cidade de Maceió. Além de despertar a vocação científica entre os/as discentes, as propostas que compõe este projeto pretendem contribuir para a constituição de um acervo documental sobre a história das resistências LGBT em Alagoas, de modo que o acervo preservado, organizado e disponibilizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS-UFAL) se torne referência para futuras pesquisas de monografias, dissertações e teses.

3.Existências e resistências homossexuais no Brasil da "Abertura": uma perspectiva de gênero (1978-1988)

O projeto de pesquisa Existências e resistências homossexuais no Brasil da Abertura: uma perspectiva de gênero (1978-1988) tem como objetivo historicizar os modos de vida homossexuais no Brasil da “Abertura”, a partir de uma perspectiva de gênero (BUTLER, 2003, 2017; PEDRO, 2005; SCOTT, 1995). A pesquisa, coordenada pelo professor Dr. Elias Ferreira Veras, do Curso de História (Graduação e Pós-Graduação), da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), insere-se no âmbito das atividades de pesquisa desenvolvidas pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS-UFAL-CNPq). O estudo tem como recorte temporal, os últimos anos da ditadura civil-militar no Brasil, momento em que emergem as primeiras organizações homossexuais no país, como o Somos – Grupo de Afirmação Homossexual (1978) e o GALF – Grupo de Afirmação Lésbica Feminista (1979/1980); e os primeiros anos da redemocratização brasileira, quando diversos grupos homossexuais, por exemplo, Grupo Gay da Bahia (BA) e Triângulo Rosa (RJ), se mobilizam para a inclusão da proibição de discriminação por “orientação sexual” na Constituição de 1988. Nosso objetivo é problematizar as existências e resistências, ou seja, as experiências, estratégias, discursos e práticas de gays, lésbicas, travestis e transexuais nesse processo, a partir de três importantes acervos históricos: O acervo da organização homossexual Triângulo Rosa, localizado no Arquivo Edgard Leuenroth – Centro de Pesquisa e Documentação Social (AEL), Campinas (SP) e os acervos Divisão de Censura de Diversões Públicas (DCDP) e da Assembleia Constituinte (1987-1988), arquivados, respectivamente, no Arquivo Nacional e na Biblioteca do Senado, em Brasília (DF). Em diálogo com a historiografia sobre a ditadura civil-militar, nos interessa investigar de que maneira o regime ditatorial brasileiro e sua “política sexual” (QUINALHA, 2017), buscou controlar e reprimir gays, lésbicas, travestis e transexuais e ainda, como esses sujeitos resistiram aos dispositivos de controle ditatoriais. Nesse sentido, é preciso lembrar que ao destacar aspectos mais traumáticos e clandestinos da repressão estatal contra dissidentes estritamente políticos (QUINALHA, 2017), a historiografia brasileira sobre a ditadura (FICO, 2001; FERREIRA, DELGADO, 2003; ROLLEMBERG, QUADRAT, 2011; GOMES, 2014; REIS, 2014; REIS, RIDENTE, MOTTA, 2004), deixou de levar em consideração as existências e resistências homossexuais na/contra a ditadura. Mesmo as pesquisas históricas promovidas por historiadoras da história das mulheres e das relações de gênero, que incorporaram as lutas das mulheres contra a ditadura (DUARTE, 2012; PEDRO, WOLFF, VEIGA, 2011; PEDRO, WOLFF, 2010; RAGO, 2013), não abordaram os efeitos da ditadura na vida de gays, lésbicas, travestis e transexuais. Recentemente, esse cenário de exclusão das homossexualidades da historiografia sobre a ditadura, tem se modificado. A obra Além do Carnaval: a homossexualidade masculina no Brasil no século XX, de James Green (2000), a tese Contra a moral e os bons costumes: A política sexual da ditadura brasileira (1964-1988), de Renan Quinalha (2017), assim como a coletânea Ditadura e Homossexualidades, organizada por estes autores (2015) e, ainda, o Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade são paradigmáticas do emergente interesse da historiografia pelos modos de vida e resistências LGBTs durante o regime ditatorial civil-militar brasileiro.

4.LGBTQIA+ na Imprensa de Alagoas (1970-1980)

O presente projeto de pesquisa, intitulado "LGBTQIA+ na Imprensa de Alagoas (1970-1980)" têm como objetivo historicizar e problematizar o aparecimento/invisibilidade dos sujeitos LGBTQIA+ (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, queer, intersexuais) na imprensa de Alagoas, especialmente, nos jornais Gazeta de Alagoas e Jornal de Alagoas, das décadas de 1970 a 1980, a partir do gênero (SCOTT, 1995; BUTLER, 2003, 2017; PEDRO, 2005), sexualidade (FOUCAULT, 2009) e interseccionalidade (CRENSHAW, 2020; AKOTIRENE, 2018), como categorias de análises históricas. A imprensa tem sido uma fonte privilegiada para a construção do conhecimento histórico (CAPELATO, 1988; CRUZ, 2013; LUCA, 2008). Quando se trata da história LGBTQIA+, os jornais impressos, sejam os da grande imprensa, sejam os alternativos, aqueles produzidos pelos movimentos de gênero e sexualidade dissidentes, possibilitaram que os silêncios de Clio (VERAS; PEDRO, 2018) acerca das experiências LGBTQIA+ pudessem ser questionados. Afinal, como lembra Veras e Pedro (2018), a invisibilidade das experiências dissidentes da cisheteronorma na historiografia não está relacionada à ausência de fontes históricas, mas, sobretudo, a um silenciamento político. A pesquisa em questão, insere-se no âmbito das atividades de pesquisa do Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS/UFAL). Desse modo, pretende-se contribuir para a constituição, ampliação e divulgação de um acervo documental sobre a história das resistências LGBTQIA+ em Alagoas.

5.Os silêncios do discurso: Gênero e sexualidade dissidentes (LGBTQI+) na imprensa de Maceió (AL), na década de 1980.

A imprensa tem sido uma fonte privilegiada para a construção do conhecimento histórico (CAPELATO, 1988; CRUZ, 2013; LUCA, 2008). Quando se trata da história LGBTQ+ (Lésbicas, Gays, Travestis, Transexuais, Queers e outrxs), os jornais impressos, sejam os da grande imprensa, sejam os alternativos, aqueles produzidos pelos movimentos de gênero e sexualidade dissidentes, possibilitaram que os silêncios de Clio (VERAS; PEDRO, 2018) a cerca das experiências LGBTQ+ pudessem ser questionados. Afinal, como lembram Veras e Pedro (2018), a invisibilidade das experiências dissidentes da cisheteronorma na historiografia não está relacionada à ausência de fontes históricas, mas, sobretudo, a um silenciamento político. Partido dessa tradição historiográfica da apropriação da imprensa como documento histórico e da necessidade de problematizar a (in) visibilidade LGBTQ+ na historiografia, a partir de uma perspectiva de gênero interseccionalizada (SCOTT, 1995; BUTLER, 2008; FOUCAULT, 2009b; CRENSHAW, 2012; DAVIS, 2016), a presente pesquisa, intitulada Os silêncios do discurso: Gênero e sexualidade dissidentes (LGBTQI+) na imprensa de Maceió (AL), na década de 1980, tem como principal objetivo investigar o aparecimento/silenciamento LGBTQ+ na imprensa de Alagoas, recorrendo à análise das edições do Jornal de Alagoas da década de 1980. Nos últimos dois anos, desenvolvemos no âmbito das atividades do Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS/CNPq), o projeto Corpos aliados e lutas políticas: resistências LGBT e redemocratização na perspectiva de gênero (1978-1988), cujo objetivo foi historicizar as lutas de lésbicas, gays, travestis e transexuais em Maceió, durante a redemocratização, a partir da investigação das edições da Gazeta de Alagoas. Uma das constatações do referido projeto foi o tímido aparecimento de notícias sobre as homossexualidades naquele jornal, à época, o mais lido do Estado. Tal constatação nos levou à escolha de uma nova fonte e ao lançamento de outra questão norteadora: Assim como o seu concorrente (Gazeta de Alagoas), o Jornal de Alagoas, segundo periódico mais importante do Estado na década de 1980, também teria silenciado sobre a presença das dissidências de gênero e sexualidade em Alagoas? Os subprojetos (1) Onde estão as travestis na imprensa? Abjeção e (in) visibilidade no Jornal de Alagoas - Maceió (AL), 1980, e (2) Lesbianidade nas páginas da imprensa de Alagoas? Uma análise do Jornal de Alagoas (1980) buscam responder a essa nova problemática. Por um lado, o diálogo com a perspectiva feminista, o pensamento foucaultiano, a teoria queer e os estudos interseccionais, norteiam as escolhas teórico-metodológicas, por meio da apropriação das categorias de análise gênero, sexualidade dissidentes, abjeção e interseccionalidade. Por outro, a análise da ordem do discurso (FOUCAULT, 2009a) e da politica da censura por meio do silêncio (ORLANDI, 1995) direcionam o olhar para a análise do jornal. Além de despertar a vocação científica entre os/as discentes, as propostas que compõe este projeto pretendem contribuir com a constituição de um acervo documental sobre a história das resistências LGBTQ+ em Alagoas, de modo que o acervo preservado, organizado e disponibilizado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em História, Gênero e Sexualidade (GEPHGS/CNPq) seja referência para pesquisas de monografias, dissertações e teses. Se, a prática historiográfica – da reunião dos documentos à redação do livro – é inteiramente relativa à “estrutura da sociedade”, como aponta Certeau (2008), faz-se urgente pensar outras histórias, principalmente, no atual contexto brasileiro marcado pelo avanço do ultraconservadorismo e pelo aumento da LGBTfobia.