Anderson da Silva Almeida
ANDERSON DA SILVA ALMEIDA
É doutor (2010-2014) e mestre (2008-2010) em História Social pela Universidade Federal Fluminense - UFF, onde também se especializou em História Contemporânea (2006-2008). Entre 2002 e 2006 cursou Licenciatura em História pela Universidade Católica do Salvador. Desenvolve pesquisas com foco no período da ditadura civil-militar (1964-1985) com uma abordagem voltada para a História Política e as relações entre Memória, História e Biografias históricas. Sua dissertação de mestrado - Todo o leme a bombordo - sobre as trajetórias de marinheiros excluídos da Marinha de Guerra do Brasil após o Golpe de 1964, foi agraciada com o Prêmio Memórias Reveladas do Arquivo Nacional, edição 2010. No segundo semestre de 2012 realizou estágio de doutorado como pesquisador visitante do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa/ ICS-UL, sob a orientação do professor António Costa Pinto. Desde 2014 é membro da Comissão de Altos Estudos do Prêmio Memórias Reveladas do Arquivo Nacional. Atualmente integra o projeto da CAPES “A República no Brasil: trajetórias de vida entre a Democracia e a Ditadura” com as participações de professores da UFF/UFRRJ/UFRN e UFAL, sob as coordenações de Jorge Ferreira e Samantha Quadrat (UFF).
Lattes: http://lattes.cnpq.br/2303097060072830
Linha de pesquisa: Culturas políticas, representações, discursos e narrativas
Temáticas de orientação: Ditaduras, Memórias, Biografias, Música, história política, Tempo Presente, Arte Engajada.
E-mail: anderson.almeida@ichca.ufal.br
Projetos de pesquisa em andamento:
1.Memórias da Tormenta: fuzileiros navais, marinheiros e o Golpe de 1964
O presente projeto busca reunir entrevistas de História Oral realizadas com marinheiros e fuzileiros navais que, em alguma medida, vivenciaram o processo de mobilização em torno da Associação de Marinheiros e Fuzileiros Navais do Brasil (AMFNB), o contexto do golpe de Estado em 1964 e a luta armada contra a ditadura durante os anos seguintes. Efetuadas por diferentes entrevistadores, no contexto de pesquisas distintas, mas que contavam com esses militares e sua mobilização como principais objetos, essas entrevistas materializam narrativas que se constituem enquanto fontes de significativa importância não apenas para o estudo desse movimento de praças da Marinha do Brasil, sua experiência associativista no contexto do governo do Presidente João Goulart e da participação de alguns de seus integrantes em grupos organizados que se opuseram ao regime ditatorial. Mas também dos muitos aspectos afetos às relações sociais estabelecidas internamente à instituição naval brasileira. Participante externo: Robert Wagner Porto da Silva.
2. “Pela boa educação do povo”: ditadura, redemocratização e a censura ao forró de duplo sentido nos arquivos do Serviço Nacional de Informações (anos 1970-1980)
A Censura às artes no Brasil no período da Ditadura Civil-Militar (1964-1985) já foi bem analisada por diversos pesquisadores tanto no campo das Ciências Sociais, como também por Jornalistas e historiadores. Não são raras as pesquisas sobre Teatro, Cinema, e Música sob essa ótica da Censura. No que diz respeito ao campo musical, temos referências que vão muito além da chamada Música Popular Brasileira (MPB) e dos Festivais - sempre focados nas músicas de protesto -, mas também pesquisas sobre a Tropicália; o Movimento Black; o Clube da Esquina; a chamada música cafona ou brega, e, ainda, as complexas relações da música caipira e sertaneja entre apoios, consensos e dissensos com os Ditadores. No campo do Forró ainda são raras as análises que se dedicam a investigar como esse gênero musical -que é a reunião de vários ritmos e variações - foi visto pelos agentes da Censura. Ressalte-se a exceção de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião, que foi comprovadamente simpatizante da Ditadura, apesar de momentos de distanciamentos e até de censura. É conhecida dos pesquisadores da música brasileira a animosidade entre Gonzagão e Gonzaguinha em decorrência de suas posições políticas. O filho, mais jovem, criado no Morro de São Carlos, compunha diversas canções que contrariavam os agentes da Ditadura tanto no aspecto moral quanto político. A pesquisa em tela tem como enfoque a análise da documentação sobre o chamado "Forró Safado ou de Duplo Sentido" no Serviço Nacional de Informações no período de 1974 (início da transição no Governo Geisel) até 1988 (Nova Constituição), momento no qual o Serviço de Censura foi oficialmente extinto. Artistas como Clemilda, Anastácia, João Gonçalves, Genival Lacerda, Zenilton e José Duarte - alguns nacionalmente conhecidos - foram comprovadamente censurados por questões morais ao utilizarem em suas composições as chamadas letras de “duplo sentido” no período em que o Brasil pretendia deixar de ser Ditadura, mas ainda não era uma Democracia.
3. Porões: os navios prisões como cárceres políticos no Golpe de 1964
As entrevistas com marinheiros e fuzileiros navais expulsos em 1964 nos levaram a ter conhecimento de, no mínimo, uma dezena de navios militares e mercantes que serviram como cárceres durante os primeiros meses após o Golpe de 1964. Já era de conhecimento público o caso do Navio Raul Soares, que estava ancorado no Porto de Santos e recebeu centenas de estivadores, sindicalistas e demais militantes antigolpistas. Na cidade do Rio Grande (RS), a partir das pesquisas de Robert W. P. S. Castro, temos as fontes e evidências sobre o Navio Canopus, que serviu de prisão naquele estratégico município dos sul do país. Em Salvador (BA), Thiago Machado de Lima nos indica a presença do Navio Cachoeira que aparece nos relatos da imprensa baiana nos primeiros dias após o Golpe como um local de destino dos que foram perseguidos já nos primeiros dias do Golpe. Por fim, no Rio de Janeiro, o grande número de navios da Marinha de Guerra que serviram de "bailéu" - com consta no jargão militar - para todos aqueles que ficaram ao lado das forças que apoiavam o Presidente deposto, João Goulart. Esse projeto procura responder algumas questões que ainda precisam de aprofundamento e sistematização quanto ao uso dessas embarcações como presídios, tais como: Quem decidia sobre a utilização das embarcações como calabouços? Qual o perfil dos que eram levados para aquelas instalações? Como era o cotidiano e as relações humanas em condições tão adversas? Aquelas pessoas recebiam visitas ou tinham direito à ampla defesa? Na busca dessas respostas, objetivamos mergulhar na documentação coletada pela Comissão Nacional da Verdade; no acervo do Arquivo da Marinha; Jornais e Revistas e fazer o cruzamento sistemático com as fontes orais.