PPGCOM-Ufal promove oficinas e debates sobre pesquisa e desinformação
Minicursos e debates marcaram o segundo dia do evento, com foco na formação teórica e metodológica dos discentes
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Dando continuidade à programação da Semana Inaugural do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), a quarta-feira (23) foi marcada por atividades formativa, reunindo estudantes de graduação e da pós-graduação em momentos de aprendizado e troca de experiências. O dia contou com dois minicursos e foi encerrado com uma palestra sobre comunicação pública e desinformação.
Confira tudo o que rolou no evento
No período da tarde, o coordenador do PPGCOM, Vitor Braga, ministrou o minicurso “Análise de Conteúdo Suportada por Software”, com o apoio da bolsista Pibic Safira Bezerra. Realizado na sala de informática do ICHCA, o encontro apresentou o método de Análise de Conteúdo e demonstrou na prática, como o software Atlas pode ser utilizado no desenvolvimento de pesquisas acadêmicas.
Safira destacou o papel da atividade como estímulo à continuidade da formação acadêmica. “Esta semana de abertura do PPGCOM foi importante além da recepção dos novos alunos do mestrado, serviu para engajar e estimular estudantes da graduação a pensarem na pós-graduação como uma possibilidade. Na oficina de hoje, trabalhamos um método de pesquisa chamado análise de conteúdo, apresentando diferentes formas que podem ser feitas, seus usos e ferramentas para aplicação. Esse momento foi essencial para que os novos alunos do PPGCOM comecem a pensar nas possibilidades para desenvolver seu projeto e se sintam instigados a explorar diferentes métodos para desenvolver suas pesquisas”, afirma.
Para a mestranda Raíssa Barbosa (PPGCOM), a atividade ajudou a esclarecer dúvidas e otimizar o processo de pesquisa. “Eu vim com algumas dúvidas sobre como utilizar esse software na minha pesquisa, e tudo foi explicado. Tivemos uma demonstração de como criar, e eu acho que isso vai agilizar muito, vai otimizar meu tempo e vai ser muito útil.”, ressalta.
No mesmo dia, a professora Emanuelle Rodrigues ministrou o minicurso “Pesquisa de Campo em Comunicação: desafios e possibilidades”. A atividade reuniu uma sala cheia e um público engajado, que participou ativamente com perguntas, relatos e reflexões.
Em sua fala, Emanuelle ressaltou que a pesquisa de campo não deve ser rígida. “O campo se transforma, pode ser digital, por exemplo, não precisa ser sempre presencial", explicou. Ela também enfatizou a importância de escolher temas com significado pessoal, mas sem abrir mão do rigor. “Pesquisar o que faz parte do seu mundo, o que te toque, mas de forma crítica".
Durante o encontro, a professora compartilhou experiências de sua trajetória e refletiu sobre as barreiras enfrentadas em pesquisas sensíveis, como as que envolvem religião. “A metodologia precisa ser levada a sério, mesmo quando os temas são tratados de forma superficial. A profundidade é essencial.”
Ao final, Emanuelle avaliou o momento como produtivo e inspirador. “Tivemos um espaço de troca importante, em que conhecemos objetos de pesquisa, demos sugestões e promovemos um diálogo aberto entre graduação e pós.”, finaliza.
O doutorando Mateus (UFPE), elogiou a condução da professora. “Estar com a Emanuelle é sempre uma aula. O que ficou pra mim foi a ideia de que metodologia não é inspiração. Ou ela existe, ou não. É um processo formal.”
Alice Ruanda, estudante de Relações Públicas e bolsista Pibic, também avaliou o minicurso de forma positiva. “Já tinha tido contato com pesquisa de campo no Pibic, mas hoje tudo fez mais sentido. Foi importante pensar nessa perspectiva do novo programa de mestrado, entender melhor o que é uma pesquisa de campo. Está sendo uma experiência ótima.”
Encerrando as atividades do dia, o debate “Comunicação Pública e Desinformação” reuniu um público atento e participativo. A mesa, mediada pelo professor Anderson Santos, docente do PPGCOM, contou com a presença das professoras Laura Pimenta e Priscila Muniz, também docentes do PPGCOM, e do Secretário de Comunicação do Governo de Alagoas (Secom), Wendell Costa.
A professora Laura Pimenta abriu a discussão com reflexões sobre a educação pública e o papel da esfera pública, inclusive nos ambientes acadêmicos: “É fundamental combater a desinformação também nesses ambientes, onde a formação crítica é essencial.” Ela também questionou os limites da comunicação institucional nas redes: “Até que ponto o humor, nesse contexto, se configura como comunicação pública?”
Na sequência, a professora Priscila Muniz abordou a relação entre emoções, ideologias e polarização nas redes sociais. “As pessoas passaram a se envolver afetivamente na política, o que reforça seus próprios vieses.” Ela apontou a pós-verdade e o viés de confirmação como mecanismos centrais desse processo.
Wendel Palhares trouxe a perspectiva do poder público e afirmou: “A desinformação é um processo que dá lucro para quem está desinformando.” Ele defendeu uma abordagem educativa: “Não dá pra apostar corrida contra a mentira, temos que suspender a corrida, educando.” Ainda destacou o impacto desigual da desinformação: “A mulher, para mim, é a maior vítima de desinformação no Brasil.”
Encerrando sua participação, Wendel reforçou a necessidade de um compromisso coletivo. “A defesa que eu acho que precisa ser feita é a defesa de uma integridade da informação. A informação, ela é. Ela não pode ser cortada, não pode ser distorcida, não pode ser alterada para favorecer ninguém. Essa tem que ser uma cobrança de todos na sociedade.”
O debate foi finalizado com um momento interativo, no qual o público trouxe perguntas e comentários sobre temas como fake news, inteligência artificial, comunicação pública, papel do Estado e infoentretenimento.
Para o professor Anderson Santos, mediador do debate, a importância da atividade está justamente no diálogo entre a academia e o poder público. Ele destacou que o programa já começa com uma mesa que trata de um tema muito atual, a comunicação pública e a desinformação, e que envolve diretamente representantes do governo. “A gente tem um secretário de comunicação falando, escutando e interagindo também com os estudantes do programa e estudantes de graduação interessados também. Acho que esse é o ponto principal”, afirmou
A programação da Semana Inaugural continua nesta quinta-feira(24) e se encerra amanhã (25). Confira a programação completa no site e Instagram do PPGCOM-UFAL.