Aluna do PPGCOM-Ufal apresenta pesquisa sobre desinformação na CPI do MST durante o Coninter 2025
Apresentação discutiu como manchetes distorcidas e narrativas midiáticas contribuíram para a criminalização simbólica do MST durante a CPI de 2023, em pesquisa desenvolvida no PPGCOM-Ufal
                    
                    
                    O artigo “Integridade da informação diante da desinformação: análise do caso do MST e do governo de Alagoas na CPI de 2023”, de autoria da mestranda Lara Tapety, do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal de Alagoas (PPGCOM-Ufal), foi apresentado no XIV Congresso Internacional Interdisciplinar em Ciências Sociais e Humanidades (Coninter), realizado entre os dias 28 de outubro e 1º de novembro de 2025, na Universidade de Vila Velha (UVV), em Vila Velha (ES).
O trabalho foi apresentado no Grupo de Trabalho 23 – “Mídia, tecnologias sociais e direitos: práticas comunicacionais para transformação e inclusão” e faz parte da pesquisa de mestrado desenvolvida pela autora no PPGCOM-Ufal. O estudo analisa a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do MST de 2023 como um caso emblemático de desinformação, combinando análise documental, análise de conteúdo e observação das reações comunicacionais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A pesquisa parte da compreensão de que a comunicação popular é também uma forma de resistência e reconstrução de narrativas no espaço público.
Segundo a pesquisadora, essa é uma das principais constatações do estudo. “As manchetes já indicam a criminalização quando dizem que o MST pratica ‘trabalho escravo’ ou que o ‘governo de Alagoas financia manifestações do movimento’. Em agosto de 2023, surgiram diversas notícias reproduzindo esse enquadramento, como a publicada pelo Jornal do Agro, motivada por um vídeo divulgado pelo deputado Fábio Costa no Instagram, e a do portal Cada Minuto, que afirmava que a CPI constatava financiamento e trabalho escravo. São exemplos como esses que me fazem analisar a CPI do MST enquanto um laboratório de desinformação, onde narrativas distorcidas se transformam em instrumentos de criminalização simbólica e desgaste político”, explicou.
Além da apresentação do artigo, a participação no Coninter proporcionou uma rica experiência de formação e troca acadêmica. A mestranda participou de atividades paralelas, como a oficina “Colonialismo de dados, modulação de comportamento do usuário e desinformação”, ministrada pela professora Dra. Pauline Ribeiro Barros; o minicurso “Da nuvem ao colapso: estética, infraestrutura e dominação no capitalismo contemporâneo”, com o professor Dr. Gabriel Teles (Universidade de Brasília – UnB); e o minicurso “Feminismo, maternidade e reprodução social: justiça, trabalho e cuidado”, com Laura Carvalho Pastro.
“Estar em um espaço de partilha científica, depois da intensa construção desse trabalho, foi como ver a pesquisa ganhar vida fora das páginas do texto. A experiência reforçou em mim a ideia de que a pesquisa é também um processo de autoconhecimento e de construção coletiva”, afirmou a autora.
A estudante agradeceu à organização do evento, à Ufal e à Propep pelo incentivo à pesquisa, à sua orientadora, Profa. Dra. Laura Pimenta, pelo acompanhamento, e à rede de apoio que possibilitou sua participação no congresso.
Sobre o evento:
O Coninter é um dos mais importantes congressos internacionais da área de Ciências Sociais e Humanidades, reunindo pesquisadores de diferentes instituições brasileiras e estrangeiras para debater temas contemporâneos com abordagem interdisciplinar.