Niède Guidon entre passado, presente e futuro

Senhora dos Tempos

Por Profa. Maria de Lourdes Lima (Docente aposentada da UFAL)
- Atualizado em
Niède Guidon  (Fonte: Nossa Ciência).
Niède Guidon (Fonte: Nossa Ciência).

A saga construída pela arqueóloga, pesquisadora e gestora Niède Guidon (1933-2025), de dupla nacionalidade, franco-brasileira, além de extrapolar o nosso conhecimento e saber acerca da nossa Pré-História, nos devolveu datações, aproximadas, da entrada das populações ameríndias no continente Americano, pelo Estreito de Bering e pelas ilhas do Pacífico a Oeste do Continente Americano.

Integrar esta façanha a sua recente despedida do Parque Nacional da Capivara, significa redimensionar a sua conduta incansável como Mulher de batalhas, feito as “Amazonas”. Desafiou poderosos a ponto de expor a própria vida. Eis os relatos que obtive, quando lá estive, em visita ao Parque em 2024.

Deixa-nos como resgate e marca de resistência o “Parque Nacional da Capivara” como Herança Simbólica e Milenar. Seu legado permanece vivo na “Memória” da “Preservação” e “Conservação Preventiva”. Três eixos fundamentais de quem trabalha com “Informação”, “Documento”, “História Cultural e Patrimônio (I)Material”.

O Sertão do Piauí é o epicentro desta fantástica aventura humana e milenar, nosso maior legado. Se, antes, tínhamos como expoente da Tropicália ou do Tropicalismo, o poeta, jornalista, escritor, ensaista e performático, Torquato Neto, como expressão maior da passagem do Brasil Moderno para o Pós-moderno, acredito que a entrada em cena da Pré-história brasileira, por Niède Guidon, com os artefatos pré-históricos, enfim seus registros de passagem é o ponto chave da descoberta deste encontro, ou cerzura entre passado, presente e futuro...

A arqueóloga, que revolucionou os estudos da ocupação humana na América, morreu, nesta quarta-feira (04), e deixou um legado inestimável para história da humanidade. Então, fica o nosso reconhecimento e o nosso pesar por esta perda irreparável para a cultura brasileira.