Entrevista: Professor Aloísio Nunes fala sobre seu novo livro

A nova publicação do docente traz uma leitura Semiótica de obra do escritor Graciliano Ramos


- Atualizado em
Livro foi lançado no Caiite 2014

Por Paula Nunes

Estudante de Jornalismo


"A fundamentação da obra é inteiramente semiótica", afirmou o professor, doutor e também escritor do Curso de Comunicação Social (COS), Aloísio Nunes, sobre o mais novo livro que escreveu, o chamado Fricções. O livro foi lançado durante um congresso acadêmico que aconteceu em agosto deste ano, realizado em Maceió.

Em entrevista, Nunes contou o quanto estava satisfeito com o trabalho. Este é o segundo livro escrito pelo professor, um deles foi tese do doutorado no ano de 2012 e, assim como o novo, foi lançado pela Editora da Universidade Federal de Alagoas (Edufal). Segundo ele, o livro é uma leitura semiótica de uma obra de Graciliano Ramos.

Ascom COS - Do que trata o livro?

Aloísio Nunes - O livro é uma leitura semiótica da obra completa de Graciliano Ramos. A semiótica de que faço uso é a semiótica de Charles Sanders Peirce, matemático, filósofo e lógico norte-americano e considerado o pai do pragmatismo. Além disso faço uso muito forte da tipologia da linguagem verbal de Lúcia Santaella. Lúcia Santaella a redação tendo como fundamentação a semiótica peirceana. A redação pode ser descrição, narração e dissertação. Lúcia Santaella percebeu que a descrição é a forma de redação que lida com os aspectos qualitavivos dos objetos: tamanho, cor, forma, textura, movimento, direção, etc. Viu  Lucia Santaella que a descrição se adequa perfeitamente ao que Peirce  chama de primeiridade , ou seja, de qualidade de sentimento. Portanto, sempre que temos na nossa frente um texto descritivo, uma redação descritiva, temos  um texto que fala de qualidade de sentimentos.

Por que a obra é completa de Graciliano Ramos?

Em Graciliano Ramos encontramos muitos textos descritivos, ísto é, muitos textos que tratam da qualidade de sentimento. Lúcia  Santaella percebeu também que a narração é a forma que melhor diz sobre a ação. A narração de adequa perfeitamente bem ao que Peirce Chama de segundidade, ou seja, ao choque. Quem age é o personagem. A narração é narrar + ação. Sempre que agimos nos chocamos com as coisas que estão em nossa volta.
 
Por que o título do livro é Fricções?

Em Graciliano Ramos encontramos muitos personagem em ação; personagem em ação contra outro personagem, contra o ambiente, contra si mesmo, enfim ação-reação, choque. Lúcia Santaella percebeu também que a redação dissertativa, o texto dissertativo é aquele que descreve conceituando. A dissertação se adequa perfeitamente com a terceiridade peirceana. Em Graciliano Ramos encontramos muitos textos dissertativos, conceituais, abstratos. O livro "Fricções em Graciliano Ramos" trata dessa intríncadas relações, dessa dança entre qualidade de sentimento, choque e pensamento lógico.

Semiótica é o único tema trabalhado na obra?

Sim. A fundamentação é inteiramente semiótica. E como você sabe , semiótica é a teoria dos signos e como não há jornalismo sem signo, na há comunicação sem signo. A semiótica é uma teoria da comunicação. Procuro saber , portanto, como aí entram emissor, receptor e mensagem, que, como sabemos todos, somos sempre instâncias sígnica. O emissor é sígnico, o receptor é sígnico e a mensagem é signica. Penso as fricções em Graciliano com um estudo de teoria da comunicação, como uma teoria semiótica.
 
Por que é interessante para os estudantes de comunicação a leitura desse livro?

Os estudantes de comunicação, jornalistas, relações públicas, publicidade e propaganda, etc, tem como tarefa primordial a redação cotidiana de textos descritivos, narrativos e dissertativos. Assim sendo, se souberem o que cada texto desses comunica, farão um trabalho muito mais competente, o que, consequentemente, melhorará a qualidade do produto final que entregarão ao mercado. E tendo um escritor considerado como alguém que escreve num português muito correto e que tem presente em sua obra muitos textos que são descritivos, narrativos e dissertativos, fará com que o aluno junte leitura, produção e recepção do texto com um momento único.


Ele alerta que os estudantes de comunicação social devem ler o livro, pois a obra tem como tarefa primordial a redação cotidiana de textos descritivos, narrativos e dissertativos. “se souberem o que cada texto desses comunica, farão um trabalho muito mais competente, o que, consequentemente, melhorará a qualidade do produto final que entregarão ao mercado”, finaliza o professor.