Alagoas terá primeiro mestrado em Comunicação na Ufal
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Proposta elaborada por professores de Jornalismo e Relações Públicas recebeu parecer positivo e será homologada dentro de 90 dias; primeira seleção deve acontecer no início de 2025
A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) contará com o primeiro mestrado stricto sensu em Comunicação do Estado. A proposta de um Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) foi aprovada no final de setembro pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), representando um marco importante para a área em Alagoas. A deliberação ocorreu na 232ª Reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior da entidade e, no momento, a equipe de docentes que fará parte do PPGCOM aguarda trâmites burocráticos para a divulgação da primeira seleção.
Segundo o parecer emitido pela Comissão de Avaliação da Capes, a proposta submetida pelo grupo contém uma "argumentação pertinente e elementos objetivos que denotam o comprometimento institucional para a implantação do curso". Além disso, "apresenta méritos importantes e fundamentos pertinentes à respeito das contribuições que pode trazer para a área, incluindo a colaboração para a redução das assimetrias regionais, considerando que Alagoas representa o único estado da Região Nordeste sem oferta de curso de pós-graduação stricto sensu em Comunicação".
Para a formulação da proposta, foi criada uma comissão de trabalho interna com professores de Jornalismo e Relações Públicas para a elaboração do projeto do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM). Formada por cinco membros, essa equipe iniciou os estudos no primeiro semestre de 2023 para pensar no desenho do mestrado a partir de uma radiografia do perfil a ser proposto frente aos demais cursos já existentes em outros estados do Nordeste. O trabalho durou cerca de oito meses para ser concluído.
Segundo o professor Vitor Braga, que liderou o grupo, a proposta de criar uma pós-graduação stricto sensu já passou por vários momentos nos dois cursos, com algumas tentativas anteriores, tendo a aprovação agora. “Dessa vez, formamos uma Comissão em janeiro de 2023 para nos inscrevermos na Avaliação de Propostas de Cursos Novos (APCN), aberta ano passado. A princípio, me coloquei à disposição para coordenar com base na experiência que já tinha com o PPGCOM da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Além de mim, dois docentes de Jornalismo e duas de Relações Públicas se dispuseram a compor uma Comissão para lançar essa candidatura. Fizemos, então, uma série de encontros para redação da proposta, assim como reuniões com outros(as) colegas que se interessariam em fazer parte do Colegiado da Pós-Graduação. Ao final, lançamos um texto que apresenta duas linhas de pesquisa e 13 signatários”, afirma.
Fizeram parte da comissão de elaboração do mestrado os professores Marcelo Robalinho e Priscila Medeiros, de Jornalismo, e Emanuelle Rodrigues e Laura Pimenta, de Relações Públicas. Segundo a proposta apresentada à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, 13 professores entregaram o novo PPGCOM na Ufal, sendo 10 docentes permanentes e três colaboradores ligados à comunicação e que atuam nos campi A. C.Simões e Sertão.
A Comissão de Avaliação da Capes destacou a alta produtividade da equipe de docentes signatários da proposta, “um grupo com produção acadêmica consolidada e sintonizada com os parâmetros da área de avaliação”. Conforme o parecer, considerando apenas os artigos, “a proporção - 69% da produção total destacada - fica bastante acima do recomendado para aprovação de mestrados (40%), o que indica uma produção acadêmica consistente para um curso que pleiteia abertura”, concluiu.
Para a professora Priscila Medeiros, houve uma confluência de fatores que colaboraram com a viabilização do projeto do mestrado, que já era uma demanda histórica do COS e do Estado de Alagoas como um todo. “Com a entrada de professores novos, a gente finalmente conseguiu reunir um corpo docente que atendesse às exigências da Capes em termos de produção científica”, destacou.
Além disso, Medeiros ressaltou a importância de professores experientes nesse projeto. “Não podemos deixar de apontar a liderança do professor Vitor Braga, que, tendo na bagagem a experiência prévia num programa de pós-graduação em Comunicação, mobilizou os colegas em torno da concretização desse desejo antigo”, lembrou. “Por fim, não podemos esquecer do trabalho dos colegas que, mesmo não estando participando do projeto nesse primeiro momento, estão atuando em outras frentes que vêm permitindo melhorias consideráveis para os cursos de Jornalismo e Relações Públicas”, explicou.
Segundo o professor Marcelo Robalinho, para a elaboração da proposta, a comissão levou em conta não apenas o perfil dos docentes que atuam nas graduações de Jornalismo e Relações Públicas, mas também os pontos de interseção dos interesses de pesquisa e o diferencial do mestrado em Comunicação na UFAL em relação aos demais programas do Nordeste, tendo em vista a interdisciplinaridade entre os dois cursos e o perfil de curso almejado. “A partir das duas linhas de pesquisa propostas para o mestrado, uma ligada a tecnologias da comunicação e transformações socioculturais e outra, à linguagens, relações de poder e processos comunicativos, buscamos formar profissionais e novos pesquisadores que contribuam para refletir criticamente sobre os fenômenos comunicacionais, considerando a variedade de objetos, teorias e metodologias que circulam na nossa área sobre a comunicação e as transformações sociais no contexto contemporâneo”, afirma.
Como ressalta a professora Laura Pimenta, do curso de Relações Públicas, Alagoas era o único estado do Nordeste sem um programa de pós-graduação em Comunicação. “Apesar de ser de Minas Gerais e ter chegado há pouco tempo em Alagoas, pude observar que a repercussão da criação do programa é enorme. Eu vejo que a importância para a área da comunicação aqui em Alagoas vai ser realmente essa possibilidade de uma virada crítica do pensamento”, destacou.
Além da oportunidade de nossos alunos e outros profissionais de Comunicação do Estado poderem fazer o mestrado sem precisar se deslocarem para outros lugares, Pimenta explicou que, “além de tudo, os egressos do mestrado poderão ser os novos professores do próprio COS no futuro. A longo prazo e, quem sabe, nos próximos anos, com a qualificação do programa, a gente consiga abrir um doutorado e continuar esse processo de construção de conhecimento, de pesquisa e pensamento crítico”, pontuou.
O mestrado é um sonho antigo. Os bacharelados em Comunicação Social foram criados em 1978 e ofereceram alguns cursos de especialização (lato sensu) na área ao longo das últimas duas décadas, direcionados para o mercado profissional. Mas sem um PPGCOM, muitos egressos precisaram sair do Estado para realizarem uma formação continuada na área. É o que ocorreu com a professora Emanuelle Rodrigues, que fez mestrado e doutorado em Comunicação na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e depois retornou para a Ufal após ser aprovada em concurso público.
Rodrigues, atua na graduação em Relações Públicas, avalia que os cursos de Comunicação estão atravessando uma nova fase em sua trajetória, com condições de ampliar seu escopo de atuação e influência não apenas no mercado, mas também na própria academia. “Um programa stricto sensu sempre traz impactos positivos para os cursos de graduação, que tendem a melhorar a qualidade de ensino, pesquisa e extensão, bem como a ampliação de recursos para a manutenção do departamento. Além disso, aumenta a satisfação e autoestima dos servidores e discentes, que podem dizer com orgulho que fazem parte de uma comunidade científica altamente qualificada com formação continuada a nível acadêmico”, completou.
Os docentes do programa estão realizando os trâmites burocráticos para iniciar as atividades do mestrado assim que a Capes homologar o resultado final. Em breve serão divulgados os canais de comunicação do PPGCOM e todas as informações necessárias para a comunidade acadêmica e a sociedade.
Professores signatários do PPGCOM-Ufal
Amaro Xavier Braga Junior (ICS)
Anderson David Gomes dos Santos (Arapiraca)
Andréa Moreira Gonçalves de Albuquerque (ICS)
Emanuelle Gonçalves Brandão Rodrigues (COS-ICHCA)
Laura Nayara Pimenta (COS-ICHCA)
Lídia Maria Marinho da Pureza Ramires (COS-ICHCA)
Luiz Marcelo Robalinho Ferraz (COS-ICHCA)
Magnólia Rejane Andrade dos Santos (COS-ICHCA)
José Guibson Delgado Dantas (COS-ICHCA)
Priscila Muniz de Medeiros (COS-ICHCA)
Victor de Almeida Nobre Pires (Sertão)
Vitor José Braga Mota Gomes (Sertão)
Willian Lima Melo (Biblioteconomia-ICHCA)
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