A geração atual passa por um processo grave de falta de referências positivas. A falta de motivações e a era mascarada e “democrática” pela qual passa o País, talvez tenham acomodado o espírito de contestação peculiar típico do comportamento jovem na geração de hoje. Tal fato explica a razão de muitos grupos de adolescentes estarem revivendo e resgatando certos gostos, modas e costumes de gerações anteriores, muitas vezes incentivados pelos pais, espectadores e ex-atuantes de tal estilo de vida. Isso só reafirma o vazio, a decadência de inovação, evolução e a falta de capacidade da garotada de modificar ou chocar a sociedade.
Não é verdade que os adereços como o piercing, a não tão nova, mas incrementada tatuagem, e os diversos tipos de cabelos coloridos não chamem atenção. Chamam sim, mas refletem muito mais uma tendência à bizarrice do que uma vontade de ser diferente. O implante de chifres no couro cabeludo, ou o ato de cobrir o corpo com tatuagens perdendo totalmente a identidade, são exemplos típicos de uma perda da capacidade de discernir o “diferente” do grotesco.
A arte também passa por um processo parecido. Como se não tivesse mais para onde se expandir ou fugir literalmente, a música, o cinema e o teatro estão aderindo ao estilo non sense da sociedade. O pós-modernismo voraz está implantado nos diversos setores artísticos como um chip programado para agir de forma cada vez mais sem nexo. As comédias bizarras e escrachadas, o drama sem sentido interpretado por um só ator deitado no palco tendo como trilha barulhos disformes e enjoativos, a música sem sentido e renitente ou as letras grotescas e decadentes reforçam a máxima “arte pela arte”, fazendo-a valer cada vez mais na atualidade.
Todo esse grande vazio quase niilista faz a sociedade, e principalmente os jovens, categoria mais receptiva às mudanças, cair numa espécie de letargia coletiva. Faz com que sejam resgatados costumes, modas e comportamentos antigos. Do ano de 2002 para cá aumentaram as festas temáticas de décadas. Cada vez mais se vêem festas dos anos 1980 e 1970, com todo mundo vestido a caráter, como se tivessem saído de uma máquina do tempo. Os penteados imitam os antigos, como também as roupas cada vez mais vão buscar nos baús inspiração para moda.
O comportamento jovem está escasso de novidades. Não existe mais razão política evidente pelo que lutar e acreditar, pois nem todos têm a cultura e o acesso à Marx, ou a capacidade de discernir e perceber o monopólio e a prisão ideológica midiática onde estão inseridos. Se existe a democracia e podem-se expressar idéias da forma que quiser, qual a razão para a revolta ou a necessidade de entender o mínimo de política? Nenhuma.
A futilidade e a decadência de valores positivos são frutos da cultura egoísta, individualista e consumista, alicerce do sistema de hoje. Você é o que você tem ou você é onde está. Isso acarreta o desrespeito à particularidade humana, à ética e ao outro enquanto semelhante. Se não há respeito pelo meio em que se vive e pelo outro, logo surge a desvalorização da vida, ou seja, uma forte explicação para as atrocidades atuais.
A educação é o início de tudo. Uma boa base educacional é capaz de abrir a percepção e o desenvolvimento intelectual, fazendo com que o individuo possua um relacionamento saudável com diversas fases de sua vida e tenha a capacidade de se relacionar em grupo e desenvolver uma ligação com sua época, os seus valores, usando o passado como alicerce para cultivar um estilo de vida novo, sólido e atual. Sem nem tornar-se um pós-moderno desenfreado e muito menos um saudosista excessivo. Mas falta de educação é um problema crônico do nosso País, tão carente de conhecimento e sangue novo para batalhar por suas necessidades.