As eleições presidenciais no coração do Império tomam conta dos noticiários. Mas bem que poderiam invadir Hollywood e a festa do Oscar também. Inclusive com direito a premiação e a um
“thank you very much” no final. As prévias americanas merecem ganhar um Oscar. O de melhor maquiagem.
Assistimos pela TV a algo inédito na história dos EUA: a possibilidade de um negro, Barack Obama, ou de uma mulher, Hillary Clinton, chegar ao principal assento da Casa Branca. Mas, ao contrário do que parece, o tom “progressista” das duas candidaturas não passa de uma ilusão. Geralmente as maquiagens servem para esconder ou realçar alguma coisa. No caso americano, para esconder.
A política assassina de Bush desencadeou uma importante crise no imperialismo. O presidente estado-unidense, que se considera xerife do mundo, amarga dias ruins. É repudiado em qualquer lugar do planeta, fez do Iraque um novo Vietnã, carrega nas costas o fantasma da recessão e possui os piores índices de popularidade do país. Só não é mais impopular do que a Britney Spears. Mas isso já é outra história. O fato é que o imperialismo está atolado em sangue e precisa de alguns retoques em sua imagem, já tão desgastada por Bush. É aí que entram em cena Obama e Hillary. Novos personagens de uma velha trama.
As campanhas dos dois candidatos despertam ilusões de mudanças em setores oprimidos da sociedade norte-americana. E não era pra menos. Por ser negro, Obama tem o apoio da maioria da população negra e pobre. Mas não faz questão nenhuma de se ligar às históricas reivindicações dos negros de seu país. Obama não é o candidato de uma América negra e explorada. É simplesmente o candidato de uma América que ignora a existência do racismo, quando não o pratica. Admirador de Ronald “Rambo” Reagan, Barack Obama é na verdade o futuro que quer repetir o passado. Já até falou em invadir o Paquistão. O senador americano pode ser negro, mas tem alma de branco rico.
De fato, uma mulher como presidente da maior economia do mundo seria algo extraordinariamente novo. Mas as novidades parariam por aí. Hillary Clinton é uma continuação de seu marido tarado. Digo isso politicamente, claro. A ex-primeira dama quer ampliar os estragos neoliberais realizados por Bill Clinton na década de 90. Não bastasse isso, Hillary ainda tenta construir uma imagem de combate à opressão machista, apoiada por setores feministas que esqueceram suas diferenças de classe. Quando diz que um maior número de mulheres no mercado de trabalho está reduzindo o preconceito, Hillary não fala evidentemente das trabalhadoras em geral. Lucros altos exigem salários baixos. E a justificativa mais petulante encontrada pelo capitalismo é um velho chavão machista: “as mulheres são inferiores aos homens”. Mesmo sendo mulher, Hillary não pode esconder de que lado da trincheira está. Quanto ao Iraque – embora ela hoje seja contra a guerra –, Hillary Clinton já tem seu passado manchado pelo sangue dos iraquianos. Em 2002 ela foi a favor da invasão.
Na tentativa de restaurar sua imagem e manter o saque a outros países, o imperialismo aposta numa simulação. Numa maquiagem. Obama e Hillary são duas faces do mesmo receituário neoliberal que desgraça a vida de milhões de trabalhadores no mundo todo. Duas novidades para conservar o velho. Não há mudanças à vista, pelo menos para os explorados. Apenas outro déjà vu.
Você deve estar se perguntando: “E o que tem a ver o Schwarzenegger com tudo isso?” Já me explico. Se a burguesia imperialista não tivesse com o filme tão queimado como está agora, o atual governador da Califórnia seria o candidato ideal para seus planos. Em se tratando de exterminar a vida de outros povos, quem melhor do que o próprio Exterminador do Futuro para assumir a presidência?! Schwarzenegger for president!! Bem ao estilo hollywoodiano.