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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

08/05/2008
Opinião
Pro meio do oceano!

Crônica: João Paulo da Silva

Por João Paulo da Silva

Atualmente assistimos a um show de patifaria. O grau de cinismo se tornou escandaloso na República do aedes aegypti. O surto de dengue no Rio de Janeiro revelou, entre outras coisas, que o governador Sérgio Cabral e o prefeito César Maia são dois debochados sem escrúpulos. E tudo o que o Rio não precisa agora é de autoridades debochadas. Ainda mais quando o deboche é direcionado aos que estão morrendo nas filas e corredores de hospitais públicos.

Diante da epidemia – que o Maia só há pouco tempo admitiu, mesmo com 45 casos da doença por hora – os governos municipal e estadual vêm divulgando as mais esquizofrênicas medidas para combater o mosquito. O Cabral, por exemplo, anunciou o disque-dengue e orientou a população a usar calças e camisas de manga comprida. Vê se pode?!

Você está em casa e escuta um zumbido. De repente, surge em sua frente um mosquito preto com manchas brancas. É ele! Você não tem dúvidas. Devagar, sem estardalhaço, você vai até o telefone.

- Alô? Alô? É do disque-dengue?

- É sim. Em que posso ajudar, senhor?

- Socorro, moça. Tem um aedes na minha casa!

- Não se apavore. Procure manter a calma. O senhor tem certeza que é ele? É pretinho com manchas brancas?

- Claro que tenho certeza! Ai meu Deus! Ele está olhando pra mim! O que que eu faço?!

- Senhor, não demonstre que está com medo. Ele pode achar que tem o controle da situação. Faça o seguinte. O senhor tem calças e blusas compridas em casa?

- Tenho sim.

- Vista essas roupas e não deixe que ele se aproxime.

- Mas... e se ele se aproximar?

- Caso o mosquito avance sobre o senhor, corra! Corra e não olhe pra trás!

O César Maia foi mais longe na cretinice. Tendo viajado para a Bahia, o prefeito do Rio disse ter rezado para o Senhor do Bonfim. “Pedi ao Senhor do Bonfim que nos ajude, que leve o mosquito da dengue em direção ao oceano”. A declaração do Maia me fez refletir sobre uma coisa. Não há limites para um crápula. Ainda mais se ele for do Partido Democratas (antigo PFL). É uma pena que a TV ainda não nos permite esganar alguém através da telinha.

Embora o Cabral e o Maia tentem jogar a culpa nas chuvas e no clima tropical, a calamidade carioca já revelou seus verdadeiros culpados. A redução dos gastos com prevenção e combate à dengue e os sistemáticos cortes de verbas da saúde em geral demonstram o completo desprezo dos governos diante das vidas humanas. Não bastasse o grande número de pessoas infectadas pelo mosquito, ainda temos que enfrentar a falta de leitos e atendimento médico nos hospitais públicos. Lula, Sérgio Cabral e César Maia formam um perfeito eixo do mal. Há duas explicações para justificar os atos daqueles que retiram dinheiro das áreas onde, na verdade, os investimentos deveriam ser maiores: burrice ou ação criminosa. No caso de nossos governos, a segunda opção cai como uma luva.

Bom, caso o Senhor do Bonfim resolva mesmo dar uma forcinha, que não leve apenas o aedes aegypti pro meio do oceano. Pode levar o Lula, o Cabral e o César Maia também. Já ajudaria bastante.