O grupo Orquestra de Tambores de Alagoas, formado há 4 anos por jovens da periferia de Maceió, se apresentou como destaque no encerramento da Festa da Lavadeira que se realizou neste 1° de maio na Praia do Paiva, a menos de 50 km de Recife. Este ano a festa reuniu mais de 70.000 pessoas e contou com a participação de um dos maiores coreógrafos das raízes afro-brasileiras, Edu Passos. É a primeira vez que Alagoas se faz presente no evento.
São cerca de cinqüenta grupos que se exibem anualmente na Festa da Lavadeira, marcada principalmente por manifestações de descendência afro, como o Afoxé de Ylê de Egbá, Povo de Ode e Oxum Pandá. Ganham destaque outras danças típicas do Nordeste, como o coco de roda, o maracatu e a chegança.
Segundo o organizador da festa, Eduardo Melo, as manifestações de identidade cultural visam lembrar aos próprios nordestinos os valores de sua cultura, unir o povo às suas tradições e criar espaço para artistas populares. Uma das principais propostas é integrar o Nordeste de forma a conscientizar que a cultura não se resume a promoções governamentais em datas comemorativas. “O apoio político a manifestações culturais não é uma concessão do Estado, mas uma obrigação, muitas vezes subjugada e tratada sem tanta relevância por se criar a idéia de que prioridade é saúde e educação”, afirma o sociólogo Edson Bezerra.
Edson ressalta que Alagoas tem muito a aprender com esse tipo de evento, porque mesmo sendo a terra do Zumbi dos Palmares é pouca a articulação e ampliação das raízes culturais. “O problema é que aqui as pessoas esperam que as festas aconteçam, para apenas usufruírem delas. Ninguém quer organizar nada, espera que o governo faça”. Ele lembra que a reativação da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, aprovada pelo Decreto nº. 5.775, está prevista para este mês de maio e assegura modificações no cenário cultural de Maceió.
Outras informações sobre a Festa da Lavadeira, que se realiza há 21 anos em Pernambuco, poderão ser encontradas no site www.festadalavadeira.com.br.
|