Em entrevista coletiva concedida à imprensa na manhã de ontem (terça-feira, 11), a reitora da Universidade Federal de Alagoas, Ana Dayse Dórea – que deveria esclarecer a sociedade sobre os fatos da tarde anterior, quando seguranças terceirizados agrediram fisicamente estudantes e professores que reivindicavam um debate mais amplo sobre o Reuni –, acabou colocando em foco os supostos benefícios que o programa do Governo federal traria para a universidade.
Coordenada pela Assessoria de Comunicação da Ufal, a coletiva durou cerca de 30 minutos e, com as insuficientes e superficiais respostas, os repórteres saíram com informações ainda mais deturpadas sobre o ocorrido. Apesar dessa equipe de reportagem estar no local representando a AUN, o tratamento recebido foi intimidador tanto da parte da reitora, quanto de “sua” assessoria, que inclusive, sugeriu que os respectivos jornalistas voltassem para casa.
O sítio virtual Alagoas Agora (www.alagoasagora.com.br) é um reflexo da repercussão que a entrevista coletiva teve na mídia local. “Ana Dayse confirmou que houve agressões físicas contra pró-reitores, professores e técnicos presentes”, afirma a reportagem produzida pelo veículo. Entretanto, apesar de ter confirmado a existência de agressão no Conselho, em nenhum momento Ana Dayse especificou quem foram as vítimas desta. Ao ser indagada se havia sofrido danos pessoais, ela respondeu: “Físicos não, apenas morais.” O que não condiz nem com a verdade, nem com o que foi veiculado pelo sítio.
“Quem sofreu agressão física e até mesmo moral foram os estudantes, já que não tocamos na reitora durante todo o Consuni”, diz Anderson David, estudante do 4º período de Comunicação Social. Não sendo de nenhum grupo ou partido político, o futuro jornalista enfatiza que “os seguranças que deveriam proteger apenas o patrimônio físico da universidade, foram utilizados para agredir fisicamente os estudantes, sem distinção alguma de sexo, quem estivesse entre eles e a reitora era removido à força”.
Segundo Ana Dayse, Anderson e os cerca de cinqüenta estudantes que protestavam no Consuni fazem parte de uma “minoria estudantil partidária, elitista, que não consegue ser eleita para o Diretório Central dos Estudantes”. Declarações como essa, segundo os estudantes, são no mínimo irresponsáveis, e mostram a tamanha falta de conhecimento que a reitora possui sobre o movimento estudantil na Ufal. A Comissão que gere o DCE atualmente é composta por todos os centros e diretórios acadêmicos da universidade, e só foi instituída por causa da falta de comprometimento que a última gestão da entidade (Coração de Estudante) teve em organizar novas eleições.
Na tarde de ontem, pouco antes do fechamento dessa matéria, a Polícia Federal entrou no campus A.C. Simões sob a alegação de que os estudantes em vigília no local estariam “promovendo um quebra-quebra”. O delegado José Roberto interrompeu a assembléia estudantil que acontecia pacificamente no local ao chegar acompanhado de duas viaturas e policiais munidos de armamentos pesados. Após um breve diálogo, a Polícia Federal desfez a barricada dos estudantes e, acompanhado de representantes técnicos e estudantis, fizeram uma vistoria no prédio, confirmando que nada havia sido danificado. Com o próximo Conselho marcado para a segunda-feira, 17 de dezembro, os estudantes prometem continuar na luta apesar das agressões e intimidações.