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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

11/12/2007
Educação
UM MAL JÁ ANUNCIADO

Reunião do Consuni da Ufal, desta segunda, 11, que iria decidir sobre o Reuni, teve sessão encerrada com truculência dos seguranças da Servipa

Por Anderson Santos

Estudantes espancados, auditório bagunçado e uma via do campus universitário interditada. Este foi o saldo da reunião do Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal de Alagoas que deveria “discutir e debater”, ontem, o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Uma situação de opressão física a universitários que fez relembrar o período negro da ditadura militar neste País.

A reunião do Consuni que começou perto das 14h30min, no auditório do Núcleo de Pesquisa Multidisciplinar, o “Severinão”, estava lotado não só com conselheiros e os estudantes do Movimento Estudantil que participaram das últimas reuniões do Conselho, já conturbadas. Estudantes secundaristas advindos dos bairros de Bebedouro e Benedito Bentes, de Maceió, e estudantes de Delmiro Gouveia estiveram presentes exigindo a aprovação do Reuni.

A reitora Ana Dayse Dórea mal conseguiu falar, já que os estudantes ligados à Comissão Gestora do DCE não permitiram que a decisão sobre o Reuni ocorresse na “cúpula” do Consuni. A exigência era que o Conselho aprovasse a realização de um plebiscito na universidade, algo que foi negado na reunião do dia 30 de novembro apesar de o Comitê contra o Reuni ter 4.000 assinaturas em abaixo-assinado sobre o assunto. Eles reclamaram que “Democracia não é Consuni, só plebiscito que reprova o Reuni”.

Com gritos como “Sou estudante eu sou, eu quero estudar e o Reuni eu vou barrar! Estamos na luta”, e com acompanhamento de trompetes e apitos, os protestos chegaram até a simular um enterro da Ufal. Isso ocorreu com uma música fúnebre e a passagem de um caixão de isopor, com os dizeres “Reuni aprovado: aqui jaz a Ufal, à frente da mesa em que se encontravam Dórea e o vice-reitor, Eurico Lôbo, indo até o fundo do auditório.

Os universitários permaneceram à frente da mesa até a reunião acabar, só não esperavam que estudantes secundaristas ligados à juventude de um partido, o União da Juventude Socialista/PC do B, fosse exigir a aprovação do Reuni. Acusando o movimento estudantil da Ufal de egoísta, eles exigiam que a reitora aprovasse o Reuni acreditando na meta de mais vagas para a universidade e na inauguração do pólo do Sertão, em Delmiro Gouveia.

A partir daí, o que se viu foi um auditório que mais parecia um estádio de futebol em dias de clássico. Foi claro o comando por parte de pessoas mais velhas, provavelmente professores, para que os secundaristas dessem um grito de guerra. Cada grito era início para respostas do outro lado, além de muitas discussões entre esses “professores” e universitários.

Enquanto esse “debate” ocorria, Dórea e Lôbo, além de alguns pró-reitores, ficaram atrás da mesa com apoio de seguranças à paisana em cada lado da mesma. Visivelmente, a reitora negociava a votação do Reuni no meio de toda a confusão, inclusive com alguns pró-reitores afirmando que eles mesmos poderiam contar os votos de onde etavam. Quando o grito universitário era que o Reuni não iria passar, Ana Dayse afirmou que ele seria aprovado, além de acenar com a cabeça e dar tchau aos secundaristas.

Quando a caixa de som foi colocada atrás da mesa, Dórea voltou a pegar o microfone, no que os estudantes puxaram o fio para que ela não falasse. Segundo os mesmos, ela tentaria votar o Reuni com aqueles que escutariam, só os que estavam no mesmo local que ela, o que gerou uma pequena confusão momentânea e um problema maior posteriormente.

AÇÃO TRUCULENTA – Seguranças da empresa que terceiriza o serviço, cuja função é proteger o patrimônio da universidade, entraram no auditório e fizeram o possível para que a reitora e o vice-reitor pudessem sair do palco. Conseguiram isso com violência. Socos e pontapés foram distribuídos sem distinção alguma de sexo ou idade.

A situação foi tão grave que em um dos momentos cinco seguranças brigaram com um estudante, outro jogou cadeiras em outro universitário e a mesa só não foi jogada nos estudantes porque a própria reitora pediu para que não eles não fizessem isso. Durante a confusão, os estudantes gritavam “Abaixo a repressão!” e durante a saída acusaram a reitora de fascista.

Entre o que sobrou de cadeiras empurradas e reviradas, alguns universitários tiveram pertences roubados e um dos pró-reitores chorava e afirmava que em 30 anos de trabalho na Ufal nunca vira nada parecido.

Do lado de fora, uma estudante, asmática, com uma crise respiratória, teve que se levada ao Hospital Universitário. Já os estudantes agredidos tentaram um requerimento na Polícia Federal para realizar o exame de corpo de delito, mas não conseguiram, e só poderão registrar um Boletim de Ocorrência quando a Polícia Civil acabar a greve.

O movimento estudantil se reorganizou e saiu com carro de som em passeata até a frente da reitoria onde foi decidido em assembléia que iria se realizar uma vigília em frente ao local. Parte de uma das vias foi interditada para que chamasse a atenção dos estudantes que entravam na universidade no horário noturno para o que houve horas antes no Consuni.

Próximo às 20h30min, agentes da Polícia Federal entraram no campus e conversaram com os estudantes que iriam dormir no local. Segundo um dos agentes da PF, eles só estavam ali, a pedido da reitora, para verificar se o patrimônio público não estaria sendo depredado. Verificando que isso não ocorria, informou que passariam a apurar o que realmente aconteceu e pediu aos estudantes para que continuassem o ato de forma pacífica.

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