Falta de oportunidade. Assim se dizem aqueles que sonham em abrir o próprio negócio e se estabilizar no mercado de trabalho. No entanto, pela falta de aceso ao crédito bancário normal, elas não conseguem desenvolver a atividade. Tal realidade vem mudando com o crescimento do microcrédito no Brasil e a facilidade na obtenção desse tipo de financiamento, destinado à classe econômica baixa ou as que já possuem pequenos empreendimentos e desejam expandi-lo.
Até fevereiro de 2013, cerca de 2,7 milhões de microempreendedores individuais foram formalizados no Brasil, segundo dados de pesquisa feita pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IBGE). O Nordeste lidera o número de microempreendedores, com cerca de 41%, seguido do Sudeste, com 32%, do Norte e Sul, com 10% cada, e do Centro-Oeste, com 8% desse público. E este número tende a crescer ainda mais.
Segundo o anuário do trabalho na micro e pequena empresa, elaborado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), em 2012, o bom desempenho da economia brasileira, aliado à políticas de crédito, como o microcrédito, impulsionou esse crescimento e aumentou a participação na economia nacional. Só em 2012, 99% do mercado no Brasil era formado por micro e pequenas empresas, sendo que, em Alagoas, cerca de 45% das microempresas estavam localizadas na capital do Estado, e 55% no interior,
REI DO PASTEL
Com ótimas ideias e espírito empreendedor, em 2010, Raquel Silva, de 24 anos, começou a vender pastéis para algumas lanchonetes da cidade de Penedo com a ajuda do marido, que também era desempregado, mas lhe faltava o capital necessário para poder expandir o negócio.
Utilizando o CrediAmigo, microcrédito oferecido pelo Banco do Nordeste do Brasil (BNB), pela primeira vez, em 2011, Raquel conseguiu comprar os equipamentos necessários para montar a primeira pastelaria, "O Rei do Pastel".
A microempreendedora, vendo que os negócios cresceram, procurou um espaço maior para a lanchonete, e, hoje, já possui seis funcionários. “O negócio começou a crescer e já utilizei mais de dez vezes o CrediAmigo. O BNB viu meu desempenho e esforço, e me apoiou sempre que precisei”, afirmou.
Além do crescimento profissional, Raquel falou sobre todos os benefícios trazidos pelo crédito para a sua família. “Desde que eu comecei a pegar o crédito minha vida mudou muito, além da minha renda ter aumentado muito, tive mais tempo pro meu lazer, pra viajar e ficar com a minha família. Meu carro foi mais um fruto do meu trabalho com meu marido, sou uma pessoa feliz e realizada agora”, contou.
ATELIÊ CORTE E COSTURA
Mesmo sem ter uma visão empreendedora, foi costurando lençóis para algumas amigas que, a então desempregada, Tania Cabral começou as atividades no mundo dos negócios em Palmeira dos Índios. Após separar-se, ela se sentiu na necessidade de utilizar as costuras como fonte de renda para sustentar a família.
Sem espaço para costurar e com o aumento dos pedidos, uma das clientes de Tania ofereceu um local para ela desenvolver a atividade, e foi quando ela se viu na necessidade de contratar a primeira funcionária.
Em 2004, o espírito empreendedor dela se desenvolveu ao ser convidada para adquirir o CrediAmigo. A visão de negócio dela mudou, decidiu contratar novas funcionárias e adquiriu um ponto fixo e mais amplo para o próprio negócio. O programa de microcrédito orientado permitiu que a vendedora aumentasse o crédito, com capital de giro individual e condições de negociar prazos maiores com os fornecedores e clientes.
"O microcrédito me ajudou muito. Foi uma grande conquista pra mim, já até perdi as contas de quantos créditos peguei. Estou há mais de 20 anos fazendo minhas costuras, e foi uma grande vitória ver o meu trabalho sendo reconhecido no Prêmio do Banco do Nordeste", falou a microempreendedora, que já faz planos para abrir o CNPJ e expandir ainda mais a empresa.
O CREDIAMIGO
O Crediamigo é o maior programa de microcrédito da América Sul e já está no Brasil a 15 anos com mais de 20 bilhões desembolsados aos microempreendedores de todo o Brasil. Em Alagoas o programa já ofereceu R$ 1 bilhão em cerca de 1 milhão de operações de microcrédito.
O gerente de microfinanças do CrediAmigo, Carlos Campos, explica que esse crédito é destinado para os microempreendedores urbanos que estão abaixo da pirâmide social, e pode variar de R$ 100 a R$ 15 mil. Hoje são oferecidos cinco tipos de programas pelo banco, sendo eles o Giro Popular Solidário, o Giro Solidário, o Banco Comunidade e o Investimento Fixo.
“O programa está em Alagoas desde 1998, e já teve mais de 172,6 mil clientes atendidos em todos os 102 municípios do Estado nesse período. Neste ano, a meta era de liberar R$ 242 milhões só para o CrediAmigo em Alagoas. Essa meta já foi batida e ultrapassada, e conseguimos chegar a R$ 290 milhões liberados”, afirmou Carlos Campos.
O empréstimo pode ser feito por qualquer pessoa que seja maior de idade e que tenha ou deseja iniciar a própria atividade comercial, podendo adquirir o crédito em grupo, reunindo amigos empreendedores para possibilitar um “aval solidário” como forma de garantia conjunta para o pagamento das prestações, ou o crédito individual com a garantia de um coobrigado que teria a participação como a espécie de um fiador.
Além dos baixos juros oferecidos, o microempreendedor tem a possibilidade de aumentar o valor do crédito para empréstimo, ter um atendimento personalizado no negócio para uma orientação empresarial, e receber cursos de capacitação gerencial, oferecidos pelo banco.
Com o apoio do Governo Federal, o CrediAmigo tem uma grande representação nas políticas sociais e econômicas do país, pois além de ser utilizado como instrumento de redução das desigualdades sociais, o crédito colabora com a melhoria de vida de seus clientes, oferecendo oportunidades de trabalho, através do aumento da capacidade operacional dos seus clientes.