Em 16 de setembro de 1817 a, então, Comarca de Alagoas recebia de D. João VI a sua independência da antiga Capitania de Pernambuco. E assim começava a ser escrita a vida do Estado de Alagoas. De lá até hoje, cartas, móveis e outros objetos entraram para a história dessa unidade da federação. Mas, como será que todo esse material histórico está sendo salvaguardado?
Em Alagoas existem hoje 54 museus registrados pelo Sistema Alagoano de Museus (SAM), órgão de controle museológico do Governo Estadual atrelado ao Ministério da Cultura (MinC). Desse total, apenas 31 estão localizados nas cidades do interior e 23 estão na capital. “O MinC pretende criar um museu em cada cidade brasileira nos próximos 10 anos. Assim como em cada cidade já existe uma biblioteca, haverá também um museu”, quem afirma é o coordenador executivo do SAM, o professor Fernando Lôbo. Para alcançar a meta existe hoje uma política implantada pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), chamada “Mais Museu”. O projeto abre editais para atuação em duas linhas paralelas: Um programa de modernização dos museus existentes e outro para criação de museus em cidades com mais de 50.000 habitantes. Além disso, “Empresas públicas e privadas constantemente fazem parcerias com museus”, revela Lôbo. Além do investimento, a definição de museu foi ampliada para envolver outros tipos de empreendimentos. Desde 1980 é considerado dispositivo museológico qualquer casa de cultura, memorial e até pinacotecas.
Embora haja todo o investimento, Alagoas carece de pesquisas, mão-de-obra e até visitantes. Por lei, é necessário que em cada museu exista uma pessoa qualificada, ou seja, um museólogo. No entanto, existem apenas quatro profissionais em AL e dois deles já estão aposentados. “Até 2000 existiam dois cursos de museologia. Tem pouca gente no mercado e quase nenhum vem para Alagoas”, afirma Fernando Lôbo. Para driblar a carência é realizado cursos de capacitação com as pessoas responsáveis em cuidar dos museus.
Outra precariedade encontrada no SAM é a falta de uma política de Estado voltado para a visitação. Ainda que sejam feitas parcerias isoladas com escolas e empresas do 3° Setor não há um programa unificado para incentivar o cidadão alagoano ou até o turista a visitar os museus. A carência está também nos dados relativos à visitação. Fernando Lôbo confessa que não saberia precisar a quantidade de pessoas que vão aos museus por ano, pois os dispositivos museológicos não pertencentes ao Governo não repassam esses dados. Ainda sim, com as informações coletadas ano passado dos museus pertencentes ao Estado, o que tem maior número de visitantes é o Memorial da República, localizado na Praia da Avenida, com 18.120. Seguido do Memorial Teotônio Vilela (16.471), Palácio Floriano Peixoto (6.339) e o Museu da Imagem e do Som de Alagoas (1.699), o Misa. Este último é o museu mais antigo do Estado, criado em 1981. Juntando a quantidade de visitantes dos quatro museus chegamos a cerca de 42.000 visitações no ano, um número muito pequeno para uma cidade quem tem cerca de 1 milhão de habitantes.
PREFERIDO DOS TURISTAS – Localizado no cruzamento das ruas José Bonifácio e General Hermes, o museu de arte-sacra Pierre Chalita é destino certo entre os turistas, porém o mesmo não acontece entre os maceioenses. “A grande maioria dos visitadores desse museu é de turistas. Daqui de Alagoas só vêm as escolas públicas do Estado”, disse Adilson Lopes, colaborador do museu e enfermeiro particular do patrono do museu. Segundo ele, o público médio do museu é de dez pessoas por dia. Todos têm o direito de percorrer os três espaços da localidade acompanhados por três colaboradores diferentes. O acervo do museu é composto por obras colecionadas durante toda a vida de Pierre. Sua ânsia de colecionador começou aos 8 anos quando foi ao alfaiate com a mãe e descobriu um espelho que, a pedido do jovem, foi comprado e se tornou sua primeira peça. Outras peças foram conseguidas através de trocas que o artista alagoano fazia com pintores europeus, quando aquele estudava na França. Entre elas está uma cópia da pintura Transfiguração, de Rafael. Segundo especialistas, a outra cópia só é encontrada no museu do vaticano.
Ele funciona de terça a sexta, das 9 às 14 horas. Lá, o turista pode encontrar peças de metais, palha, argila e até alumínio. Todas confeccionadas por artistas alagoanos. E esse é o grande diferencial do museu Theo Brandão, expor as obras da cultura alagoana. Assim como os outros museus, cobra uma taxa de visitação para manter o funcionamento. É possível encontrar peças de artistas alagoanos como Maria Amélia Vieira, especialista em desenvolver objetos em cerâmica. Nesse museu, é possível comprar Cds, DVDs e cordéis. Todos têm um objetivo em comum: promover a cultura alagoana.