:: Projeto de Extensão Coordenado pelos professores e jornalistas
:: Erico Abreu (MTb 354-AL) e Francisco de Freitas





De:
Por:
Clique para fazer a busca!
MENU
 

Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

29/11/2010
Comportamento
SUPERSTIÇÕES, CRENDICES E TOC

Desde a Grécia Antiga até os dias atuais, as crenças supersticiosas fazem parte do dia-a-dia das pessoas. De que forma elas podem se tornar benéficas ou prejudiciais?

Por Elayne Pontual

Dar três pulos para São Longuinho no intuito de encontrar algo perdido e jogar moedas em uma fonte de água acreditando que dessa forma seu desejo será realizado são atitudes supersticiosas. Toda crença que não se baseia na razão ou no conhecimento científico, pode ser chamada de superstição. As crendices costumam ser fundamentadas em tradições populares e muitas delas são tão remotas quanto a existência do homem.

Na Grécia Antiga, por volta do século VI a.C., criou-se um método tradicional de adivinhação chamado catoptromancia. Através de um copo raso ou uma tigela de louça, cheios de água, podia-se visualizar a imagem de uma pessoa refletida na superfície que seria lida por um vidente. Se, enquanto alguém se olhava, um desses recipientes caísse e despedaçasse, sinalizava a morte dessa pessoa ou que os próximos dias seriam desastrosos.

Posteriormente, na Idade Média, surge uma crença cristã que considera todos os dias 13, ocorridos em uma sexta-feira, como um dia de azar. Há muitas explicações para isso e uma das mais fortes seria a relação entre a crucificação de Jesus Cristo, que teria ocorrido em uma sexta-feira e a última ceia, por contar com treze pessoas: ele e os doze apóstolos. O número 13 é considerado de má sorte, no entanto, em muitas regiões do planeta, inclusive em países cristãos, esse número é respeitado por ser um símbolo de boa sorte.

É curioso pensar em superstição em um tempo onde quase tudo parece ter uma explicação lógica. As pseudociências são consideradas supersticiosas por não serem baseadas em fatos científicos, no entanto, algumas delas já estiveram atreladas à chamada "ciência real". É o caso da astrologia e a astronomia, da alquimia e a química. Outros exemplos de pseudociência são: espiritismo, psicanálise, ufologia, numerologia, sincretismo, além do criacionismo.

Até hoje realizamos rituais supersticiosos sem nos darmos conta disso. Quando dizemos "boa sorte na prova", acreditamos realmente que, por termos desejado "sorte", aquela pessoa terá um bom desempenho? Alguns costumes são tão enraizados que acabam realizando papéis importantes na sociedade, como mediadores das relações. Desejar "boa sorte" pode indicar que você se preocupa com os outros, ou que é uma pessoa "educada". Isso mostra que a superstição está mais presente no nosso dia-a-dia do que costumamos imaginar.

De acordo com uma reportagem da revista Superinteressante, ser supersticioso aumenta as chances de sucesso. Segundo o jornalista Thiago Perin, um estudo da Universidade de Colônia, na Alemanha, mostra que o efeito das crendices não é nulo. O fato de alguém acreditar que terá sorte em determinada tarefa o impulsionará a confiar no próprio sucesso, o que fará com que seu desempenho melhore. No entanto, existem pessoas que enxergam de forma negativa alguns costumes supersticiosos, principalmente quando alguém toma ou deixa de tomar determinadas atitudes que ajudariam ou atrapalhariam a própria vida ou até mesmo a vida de outras pessoas.

Joana D'arc de Souza, 34 anos, professora do Núcleo de Educação Infantil São Sebastião, do município de Marechal Deodoro (AL), diz ser supersticiosa por acreditar que "existem interferências no universo que podem agir negativamente, caso você não tenha determinado comportamento". Segundo a psicanálise freudiana, esse tipo de pensamento não se encontra nas leis lógicas, mas em desejos e imagens "sentimentais" enraizados no inconsciente, que se transportam para a rotina.

“Costumo deixar meus cabides todos dispostos para um mesmo lado. Não sei se isso pode ser considerado TOC ou superstição”, afirma Joana. O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC), segundo o Manual de Diagnóstico e Estatísticas das Perturbações Mentais (DSM-IV), é classificado entre os transtornos de ansiedade, e é caracterizado pela presença de obsessões e de compulsões. Os sintomas do TOC geram angústia, podendo interferir na vida social e individual devido à necessidade de gastar grande parte do tempo com os transtornos.

Comportamentos supersticiosos podem parecer inofensivos e muitas vezes são, mas é importante atentar para o fato de que o excesso pode ser prejudicial, comprometendo a rotina, o desempenho no trabalho e os relacionamentos.

Clique nas fotos para ampliá-las.

Clique para ampliar