A Universidade Federal de Alagoas, através da Pró-Reitoria de Extensão, vem desenvolvendo um programa de intervenção social que tem dado margem a vários pequenos projetos desenvolvidos junto às comunidades mais populares de Maceió e comunidades adjacentes. Programa que poucos acadêmicos e docentes conhecem. Embora fora dos portões universitários, esses projetos vêm sendo amplamente divulgados, dentro das comunidades onde são implantados, justamente com o auxílio de ONGs e líderes comunitários.
O Conexão de Saberes nada mais é do que um programa inter-institucional do Ministério da Educação (MEC), em conjunto com diversas universidades públicas brasileiras. E foi inspirado na experiência desenvolvida pelo observatório de favelas no Rio de Janeiro em 2002, onde foram verificadas, as variáveis que dificultam o acesso e a permanência do estudante de origem popular no ensino superior.
Foi destacada nesses estudos, a falta de políticas e de serviços que promovessem a inserção plena desses estudantes nas universidades, para que pudessem dar continuidade a sua graduação. Diante desta situação, o Conexão de Saberes se configuraria como uma ação plural, integrada e estruturante, voltada para o enfrentamento das dificuldades descritas anteriormente.
O principal objetivo deste programa é o de estimular uma articulação entre instituição universitária e as comunidades populares, possibilitando uma troca de saberes e de experiência entre ambas as partes
Em 2006, o programa foi implantado em 33 universidades públicas do País, entre elas na Universidade Federal de Alagoas, a pedido do pró-reitor de extensão, José Roberto Santos.
Após a implantação deste programa, foram desenvolvidos cinco projetos pilotos: O Fitoterapia Popular, onde eram feitos resgate da cultura popular e conhecimentos de plantas medicinais; Organização e Mobilização Comunitária, que visa à formação de grupos sociais, para mobilizar e criar uma participação comunitária; o Educação Complementar e Cidadania, que envolve crianças e adolescentes em atividades esportivas e culturais; o Projeto Vizinhança: Preparatório para o Supletivo do fundamental, que buscava aumentar o grau de escolaridade dos jovens de comunidades carentes, a fim de que pudessem concluir o ensino básico. E por fim, o projeto que mais tem tido visibilidade ao longo desses anos, o Pré-vestibular Comunitário, que fornece maiores oportunidades para os estudantes de escolas públicas adentrarem em uma universidade federal. Dos cinco projetos citados anteriormente, apenas dois foram extintos por não atingir suas metas, o de Fitoterapia e o Projeto Vizinhança.
COMUNIDADES BENEFICIADAS – Só em Alagoas eles contemplam diversas comunidades como: Graciliano Ramos, Benedito Bentes, Bom Parto, Chã da Jaqueira e Osman Loureiro. Já no pré-vestibular essa abrangência ainda é muito maior se estendendo por cidades circunvizinhas como Santa Luzia do Norte, Rio Largo e Satuba.
O Pré-vestibular vem fornecendo bons resultados. Segundo seus organizadores, existem editais e provas para seleção dos alunos que contaram com 20horas/aulas semanais com 40 minutos de aula para cada disciplina, em horário noturno, em suas respectivas comunidades.
Os professores do Pré-vestibular são alunos da própria instituição que passam por uma seleção para avaliar seus respectivos perfis para assim se tornarem bolsistas monitores do cursinho. Essa seleção também se dá por meio de editais e contempla principalmente os estudantes de licenciatura.
Para a assistente social e coordenadora geral do programa, Janda Maria de Alencar, muitos estudantes serão beneficiados “por meio das bolsas e extensão e que ao mesmo tempo são estudantes provenientes das classes populares; o programa está sendo uma maneira efetiva de levar a Ufal às comunidades”. Janda, que tem a opinião compartilhada e apoiada pelo monitor e professor de História Alexandre Alves (conhecido como Gaúcho), destaca ainda importância deste projeto para diminuir as diferenças sociais, que são tão alarmantes em Alagoas.
Para Lelaeula dos Santos Silva, ex-aluna aprovada no Curso de Pedagogia, a importância do projeto se dá pelo fato de serem abertas novas possibilidades para os jovens que não tiveram acesso a uma educação superior, principalmente para aqueles que se mantiveram afastados muito tempo da sala de aula “pois, acesso a educação é o primeiro passo para a formação de verdadeiros cidadãos”, enfatiza.