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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

19/11/2010
Cultura
QUEM SE LEMBRA DE HECKEL TAVARES?

Apesar de Maceió oferecer algumas salas para concerto, ainda é pouco o apoio governamental aos artistas alagoanos de música erudita que vêm caindo no esquecimento do grande público

Por Lázaro Calheiros

Você já deve ter ouvido falar em alguns dos grandes compositores internacionais de música erudita, ou música clássica, que viveram entre os séculos XVII e XIX como Mozart, Beethoven e Bach - Wolfgang Amadeus Mozart, Ludwig van Beethoven e Johann Sebastian Bach. E sobre os primeiros compositores da cultura da música erudita brasileira, como Heitor Villa-Lobos, você lembra de mais algum? É difícil.

Agora tente lembrar de um compositor de música erudita alagoana, como por exemplo Heckel Tavares. É mais difícil ainda, não é? Pois é, essa dificuldade de lembrar o nome de apenas um representante da cultura da música erudita alagoana é resultado da falta de divulgação e da propaganda da cultura da música clássica de Alagoas por parte dos Governos estadual e municipal e até da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), que possui um Curso de Música há 40 anos.

Apesar da falta de propaganda, ainda é possível encontrar em Alagoas, principalmente em Maceió, muitos admiradores da cultura da música erudita que lotam todos os lugares onde há uma apresentação de música erudita, como os auditórios, os teatros, espaços culturais e até algumas igrejas para assistir a um espetáculo de música clássica. Alagoas é o Estado onde há mais encontros de corais no País.

A Orquestra de Câmara e Banda Sinfônica, ambas da Universidade Federal de Alagoas, são os grupos mais famosos de música erudita no Estado. O regente desses dois conjuntos e também professor do curso de Música da Ufal, o baiano José Alípio Martins, destacou que em 2010 tanto a Orquestra de Câmara quanto a Banda Sinfônica têm apresentações agendadas até o próximo mês de dezembro.

“Nesse ano, a Orquestra de Câmara da Ufal e a Banda Sinfônica realizaram diversas apresentações abertas para o público como os Concertos Didáticos, em junho, nas escolas da rede pública de ensino. Também aconteceram concertos no Auditório do Espaço de Artes e na Tenda Cultural da Ufal, além das apresentações nas cidades do interior. E o bom é que o público tem correspondido às expectativas da orquestra e os espetáculos sempre têm contado com a casa cheia”, destaca o regente José Alípio.

Em Maceió, existem poucos lugares que possuem uma estrutura com espaço e acústica apropriados para receber um espetáculo de música clássica como, por exemplo, o Teatro de Arena e o recém-reformado Teatro Deodoro, no Centro, que este mês de novembro completa 100 anos de existência e onde foram gastos cerca de R$ 2,5 milhões.

Mas, apesar da falta de lugares, a população pode acompanhar as apresentações de música erudita que acontecem semanalmente em outros locais de Maceió como o Espaço Cultural da Ufal, em frente à Praça Sinimbu, no Poço; no auditório do Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IHGAL), situado na Ladeira do Brito, no Centro; na sede do Serviço Social do Comércio (Sesc), mais conhecido como “Sesc Poço”, no bairro do Poço; no prédio do Centro Cultural Sesi, na Pajuçara; nas faculdades particulares, como o Cesmac, no Farol; e também no Campus da Ufal, em espaços como a Tenda Cultural e o auditório da Reitoria.

Pelo menos uma vez na semana acontecem concertos nesses locais gastando pouco diheiro ou gratuitamente. Um dos professores do curso de Música da Ufal e o futuro coordenador do curso, Milson Fireman, destacou que falta mais divulgação da cultura da música erudita em Alagoas.

“A música clássica só não é mais difundida na sociedade alagoana porque o povo não tem acesso a ela. Por exemplo, só porque uma pessoa analfabeta nunca leu um livro, isso não significa que ela não goste de livros. O que atrapalha o interesse dela pelos livros é acesso que ela não tem porque ninguém a ensinou a decodificar as letras, as palavras, e essa falta de uma ajudar na alfabetização é o que a impede de descobrir novos gostos, novas ideias, novos costumes. E da mesma forma é a música erudita, por não haver divulgação da música clássica, dos espetáculos e dos músicos, as pessoas não procuram conhecer esse estilo musical e, consequentemente, entendem muito pouco da Cultura Erudita”, destaca Milson Fireman.

FORMANDO PROFESSORES E CANTORES – No próximo dia 22 (novembro), o Curso de Música da Ufal, o único do Estado, completará 40 anos de fundação. O curso oferece duas graduações: a Licenciatura em Música e o Bacharelado em Canto, o mais procurado. A graduação de Licenciatura consiste na formação de professores de Música, enquanto que o Bacharelado em Canto é graduação voltada para a formação do profissional executante ou o cantor. O Curso de Música da Ufal também é uma das formas de manter viva a cultura da música erudita em Alagoas.

O Curso de Música é um dos que mais produzem projetos acadêmicos na Ufal. Ao longo dos 40 anos, os professores têm criado alguns cursos de extensão dentro dos quais os grupos de pesquisa discutem e desenvolvem os projetos de extensão de cada professor.

Alguns exemplos são os cursos de extensão em Canto, coordenado pelo professor-doutor Eduardo Xavier e a professora Fátima de Brito; de Ensino Coletivo de Violão, do professor Milson Fireman, e em Piano, do professor Marcos Moreira. Também existem cursos de extensão para a comunidade, nesses os universitários ajudam as pessoas da comunidade que ainda exercitam o que aprenderam na sala de aula.

Nesses 40 anos, o Curso de Música da Ufal tem formado vários talentos como o próprio professor-doutor Milson Fireman, que foi escolhido para ser o futuro coordenador do curso. O curso também enviou talentos para fora do Estado, como para Pernambuco.

Apesar de tantas conquistas, os alunos do Curso de Música ainda precisam de uma estrutura à altura da grandeza do curso porque muitos ainda reclamam que precisam de mais estrutura, instrumentos musicais novos, salas de aula que também são usadas para as aulas práticas. Além de tudo isso, os alunos do Curso de Música ainda dividem o memso bloco com os alunos dos cursos de Teatro e Dança. Atualmente, só são ofertadas quinze vagas para as turmas de música

O estudante Erick John da turma do 2º período de Música, habilitação em Licenciatura, vai para a Faculdade de Música, no Espaço Cultural Universitário, todos os dias de manhã e só sai a noite. Quando procurado para falar sobre seu curso, o estudante de extremo talento estava ensaiando uma sinfonia de Johann Sebastian Bach em um dos pianos do curso. Erick mostrou-se envergonhado porque ele estava treinando num dos piores pianos do curso enquanto os melhores estavam trancados nas salas, longe do alcance dos alunos.

Além dos pianos trancados, também é triste ver um monte de cadeiras espalhadas pelo corredor, o que demonstrava a falta de estrutura do prédio, e nas mesmas salas de aula prática era possível encontrar os quadros-brancos no chão, sem falar que a sala não tinha nenhum revestimento acústico.

A falta de apoio por parte dos Governos estadual e municipal à música erudita alagoana parece ter tocado o coração do presidente Lula e dos políticos de Brasília porque, no dia 18 de agosto de 2008, o presidente sancionou a Lei nº 11.769, que altera a de nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), determinando a aprovação do ensino obrigatório da música nas escolas e com o prazo de três anos para as escolas se adaptarem às novas regras.

Segundo o professor de teoria musical da Escola Técnica da Ufal, Nilton Souza, a música erudita se valorizará porque a lei vem para reforçar a valorização da Licenciatura em Música que é a área menos escolhida porque são pouquíssimos alunos que têm o dom de ensinar. A aprovação dessa lei resultará num aumento de mercado de trabalho para o estudante recém-formado em Música e valorizará a cultura da música erudita que será trabalhada junto às crianças.

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