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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

19/11/2009
Cultura
UM BANHO DE NEGRITUDE

A Semana da Cultura Africana, que acontece anualmente na Ufal, vem fornecendo conhecimentos e uma melhor compreensão do Continente com exposições, debates e manifestações artísticas

Por Domingos Intchalá

A idéia da realização da primeira Semana da Cultura Africana nasceu no mês de agosto de 2004. Mais precisamente, quando Sergio Moreira, secretário de Planejamento, e o então embaixador Carlos Lopes, Coordenador Residente das Nações Unidas e Representante Residente do Programa das Nações Unidas para Desenvolvimento (PNUD) no Brasil, a convite de Rachel Rocha, professora de antropologia, se reuniram com os dirigentes, professores e estudantes do Programa Convênio de Graduação (PEC-G) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), ocasião em que discutiram sugestões e propostas para a efetivação do evento. A presença do Carlos Lopes na Ufal, segundo Rachel, contribuiu para a aproximação dos acadêmicos africanos com a instituição universitária alagoana; colaborou na auto-estima dos estudantes africanos, ao promover um espaço de manifestação com a finalidade de acabar com mitologia em relação ao continente Africano.

A semana cultural africana ocorre exatamente para quebrar os paradigmas, esclarecer dúvidas e desfazer equívocos sobre os povos do continente africano. Muitos brasileiros, principalmente os alagoanos, se confundem com as informações veiculadas na mídia. “África é o País não é o continente; ela vive na miséria, não tem riqueza; os africanos são ignorantes, não são inteligentes”. Portanto, ela surge com o objetivo de proporcionar ao povo brasileiro, à população alagoana em especial, e aos estudantes da Ufal um conhecimento sobre a história e a cultura africanas, articulando-o à construção da historia e cultura brasileiras; promover a interação e aproximação entre os universitários brasileiros e os africanos, sobretudo os que estudam nas Instituições Brasileiras de Ensino Superior.

A partir de 2004, foram realizadas cinco edições da Semana Cultural Africana com várias atividades: palestras, debates, apresentações de danças, desfiles de roupas, culinária, tranças e slides com fotos dos países africanos.

Rachel Rocha, professora Ufal, assegura que Carlos Lopes foi convidado para conhecer a realidade dos estudantes africanos; criar um espaço de manifestação, e por ser um africano que ocupou cargo de grande destaque. “Era uma obra de espelhamento entre os acadêmicos africanos e essa autoridade”, ressalta.

A professora Rocha considerou escandaloso a Ufal possuir cursos de letras, francês, espanhol, até latim e, não oferecer nenhuma língua africana: “povo com o qual estamos visceralmente ligados”. E questiona “por que isso acontece dessa forma? A língua inglesa, francesa é mais próxima de nós, por acaso? E todo esse passado que nós temos de aproximação com a África, que ainda hoje se apresenta de forma clara em nosso processo de formação cultural? Então, acho que essas iniciativas podem alargar leques de discussões que podem culminar com a criação de um convênio mais forte que contemple idas e vindas dos brasileiros e africanos, num processo que de fato nunca se interrompeu, mas também não foi estimulado”, enfatiza.

Um dos participantes na elaboração do projeto da semana cultural africana, Vagner Bijagos, mestrando em sociologia, salienta que no ponto de vista de um projeto, acredita que a concepção continuará. Ele tem a convicção de que os futuros estudantes e os que estão ainda aqui devem dar a continuidade ao evento. Salienta também a sua satisfação de ter participado e contribuído para realização da semana cultural africana.

Após a primeira edição da semana, realizada no período de 13 a 17 de dezembro de 2004, ocorreu um processo de transformações em alguns estudantes da Ufal. Carlos Henrique Martins de Jesus graduando em Ciências Sociais salienta que estudantes alagoanos passaram a compreender melhor a realidade política e social do povo africano. “Ela de fato tem contribuído pra que esse paradigma seja quebrado”, sugere.

Este ano a VI Semana da Cultura Africana será inserida no congresso acadêmico da Universidade que apóia o evento através de Proest e do Proex, a Secretaria de Estado do Planejamento (Seplan), Casa indústria e a vereadora Tereza Nelma. O lema será “A África e os desafios do milênio”; e o tema “Como entender o conflito na África fora de um paradigma habitual”. O coordenador da comissão do evento, Dirceu Aurélio José de Barros, cursando o ultimo ano das Ciências Contábeis, assegura que a comissão está com algumas dificuldades. “Não conseguimos ainda itens que colocamos no nosso orçamento geral, assim como verbas dos patrocinadores, alguns banners e faixas”, afirma.

O Governo brasileiro ofereceu aos países em via desenvolvimento, especialmente aos da África, o programa de Estudantes Convênio de Graduação (PEC-G) que constitui um dos instrumentos de cooperação educacional. Neste âmbito, a Universidade Federal de Alagoas começou a receber Estudantes Convênio de Graduação dos diferentes países da África, designadamente: Guiné-Bissau, Cabo-Verde, São Tomé & Príncipe, Moçambique, Angola e Congo Kinshasa.

GUINÉ-BISSAU – É um dos países da colônia portuguesa. A língua oficial é o português, mas o idioma falado em todo território é o Crioulo. A érea é de 36. 120 km2 cuja população é de 1.338.363 habitantes. As principais atividades econômicas são pesca e agricultura. Ela fica na costa ocidental da África que se estende desde o Cabo Roxo até a Ponta Cagete. Faz fronteira a norte com Senegal, a este e sudeste com Guiné Conacri e a sul e oeste com o Oceano Atlântico. Além do território continental, integra ainda cerca de oitenta ilhas que constituem o arquipélago de Bijagós, separado do Continente pelos canais do rio Geba, do Pedro Álvares, de Bolama e de Canhabaque.

O país possui uma herança cultural bastante rica e diversificada. Esta cultura, que varia de etnia para etnia, passando desde a diferença lingüística, a dança, a expressão artística, a profissão, a tradição musical até as manifestações culturais. A dança é, aliás, uma verdadeira expressão artística dos diferentes grupos étnicos. Os povos animistas caracterizam-se pelas suas belas e coloridas coreografias. No dia a dia, estas fantásticas manifestações culturais podem ser observadas na altura das colheitas, dos casamentos, dos funerais etc. Na cidade, a música é dominada pelo conhecido Gumbé guineense. O carnaval é completamente original, com características próprias, e tem evoluído bastante, considerando uma das maiores manifestações culturais do país.

CABO VERDE – É um país da colônia portuguesa. A língua oficial é o português, mas a língua nacional é o Crioulo Cabo-verdiano. A área é de 4.033 km² cuja população é de 480.000 habitantes. As principais atividades econômicas são agricultura e comercio. Arquipélago localizado ao largo da costa da África ocidental. De origem vulcânica, constituído por dez ilhas, Cabo Verde está localizado no Oceano Atlântico, a 640 km a oeste de Dacar, Senegal. Outros vizinhos são a Mauritânia, a Gâmbia e a Guiné-Bissau, ou seja, todos na faixa costeira ocidental da África que vai do Cabo Branco às ilhas Bijagos.

SÃO TOMÉ & PRÍNCIPE – É um estado insular localizado no Golfo da Guiné, composto por duas ilhas principais (São Tomé e Príncipe) e varias ilhotas, num total de 964 km2, com cerca de 160 mil habitantes. Estado insular, não tem fronteiras terrestres, mas situa-se relativamente próximo das costas do Gabão, Guiné Equatorial, Camarões e Nigeria. O país faz parte da colônia portuguesa, conta com três línguas nacionais o são-tomense, principense e o angolar todas Crioulos de base portuguesa. O português é o idioma oficial. A pesca é uma das principais atividades econômicas.

MOÇAMBIQUE – Está situado na costa da África Austral, limitado a norte pela Tanzânia, a noroeste pela Zâmbia e Malawi, a oeste pela Suazilândia e pelo Zimbabwe, ao sul e oeste pela África do Sul e a leste pelo canal de Moçambique. O país é da colônia portuguesa que conta com trinta línguas bantas, sendo o português a língua oficial. A população é estimada em 19,286 milhões de habitantes cuja superfície é de 784.090 km2. A agricultura é um dos principais atividades econômicas do país.

ANGOLA – Situa-se na costa atlântico da África Ocidental, entre a Namíbia e o Congo. Também faz fronteira com a República Democrática do Congo e a Zâmbia, a oriente. O país está dividido entre uma faixa costeira árida, que se estende desde a Namíbia chegando praticamente até Luanda, um planalto interior úmido, uma savana seca no interior sul e sudeste, e floresta tropical no norte e em Cabinda. O rio Zambibeze e vários afluentes do rio Congo têm as suas nascentes em Angola. Número de população é estimada em 16,9 milhões de habitantes numa área de 1.246.700 km2. O país foi da colônia portuguesa, o português é a única língua oficial. Para além de numerosos dialetos, Angola possui mais de vinte línguas nacionais. A língua com mais falantes, depois do português, é o umbundo, falado na região centro-sul de Angola e em muitos meios urbanos. A agricultura é uma das principais atividades econômicas do país que é o segundo maior produtor de petróleo e exportador de diamante da África Subsaariana.

CONGO KINSHASA – Anteriormente Zaire, é por vezes designada Congo Kinshasa para diferenciá-la do vizinho que Congo-Brazzavile. Faz fronteira ao norte com a República Centro-Africana, a leste com Uganda, Ruanda, Buundi e a Tanzânia, a sudeste com Zâmbia, ao sul com Angola, e a oeste com o Oceano Atlântico.

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