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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

07/07/2009
Cultura
Trajetória de Gay Talese é tema de discussão em Paraty

Autor de A mulher do Próximo e Vida de Escritor foi atração da Flip. Curioso, paciente e amante dos pequenos detalhes, ele revelou, para uma platéia lotada, as dificuldades de sua carreira

Por Gabriela Lapa

“Quando comecei como jornalista, nunca quis estar nas manchetes do jornal, nem na primeira página”. Para o jornalista e escritor americano Gay Talese, 77, é longe dos holofotes que estão as melhores histórias; os detalhes que pessoas aparentemente sem importância escondem em seu dia-a-dia. Sábado passado (4), ele falou sobre a própria carreira para uma platéia lotada e marcou o penúltimo dia da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

Filho de imigrantes italianos, Talese, que nasceu em Nova Jersey, começou sua carreira como repórter da revista The New Yorker. Ele se tornou famoso por inaugurar, ao lado de Tom Wolf e Truman Capote, o que ficou conhecido como “novo jornalismo” ou jornalismo literário. Suas reportagens transformaram um cotidiano prático e enxuto em histórias mais sensíveis sem perder a veracidade dos fatos. “Como jornalista, eu sempre quis saber a verdade. Nunca quis escrever ficção, mas queria escrever histórias que parecessem ficção”, disse o americano. “Eu queria criar um cenário”.

A inspiração para o seu trabalho vinha do talento para captar as coisas simples que a imprensa ofuscava. “As pessoas comuns são ignoradas pelos jornalistas”, disse Talese, “mas eu sempre tive uma afinidade por elas”. Essa relação lhe rendeu trabalhos consagrados como A mulher do Próximo (Cia das Letras, 1980), que ele escreveu com base em uma casa de massagem dos Estados Unidos. Mas em se tratando de jornalismo, a ousadia do estilo acumulou uma série de fracassos no currículo do escritor. “Muitas vezes não publicavam o que eu escrevia porque achavam que não era significativo, afinal, eu trabalhava para a New Yorker. Aquilo era jornalismo, não uma revista literária”.

Além de discutir a experiência das redações, Talese falou sobre a infância e os livros que marcaram sua trajetória na literatura mundial. Conhecido pelas circunstâncias incomuns de sua elaboração, o perfil do cantor Frank Sinatra foi, para Talese, a prova de que tudo pode ser aproveitado a favor da literatura, mesmo as situações negativas. “A experiência de um escritor às vezes tem muito êxito, mas também tem fracasso. E tudo isso resulta em histórias”. Estão entre os seus sucessos de vendas, também pela Cia das Letras, Vida de Escritor e Fama e Anonimato, que deu nome à mesa de debates de sábado, mediada pelo jornalista Mario Sergio Conti.

A Flip é realizada todos os anos, desde 2002, na cidade histórica de Paraty, RJ. Este ano, o evento aconteceu no período de 1 e 5 de julho e homenageou o poeta Manuel Bandeira. Além do escritor Gay Talese, A sétima edição do evento reuniu também Chico Buarque de Holanda, a artista francesa Sophie Calle, e o jornalista Zuenir Ventura, entre outros.

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