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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

07/01/2009
arte
VIVER DE TEATRO NÃO É FÁCIL

Apesar dos cursos superiores e oficinas práticas voltadas para o mercado, artistas encontram dificuldades para sobreviver das artes cênicas em Alagoas

Por Larissa Lima

O Teatro é umas das mais antigas formas de arte do ser humano. Embora nascido oficialmente no século IV a.C, estava presente em rituais e manifestações culturais das mais diversas civilizações. Hoje, no Brasil, o teatro não tem a popularidade dos “anos de chumbo” (período da ditadura militar), onde foi uma forte arma contra a opressão. Mas permanece vivo para quem o admira e quem quer fazer dele uma profissão.

Para quem quer viver de teatro no Brasil não é fácil, é praticamente impossível. A maioria das pessoas sobrevive de outra forma e o praticam no tempo que sobra. Em Alagoas, a situação é ainda mais acentuada, é como um retrato ampliado do que acontece no País.

Para quem deseja ser ator, ou seguir outra área dentro do teatro, a Universidade Federal de Alagoas oferece o curso superior de Licenciatura em Teatro e o curso Técnico de Formação do Ator. Como funciona afastado (no Espaço Cultural da Praça Sinimbu) do campus A. C. Simões, os alunos de Artes (teatro, dança, música) alegam ser um pouco esquecidos pela administração da Universidade.

Em Maceió, as instituições que estão ligadas às artes são basicamente o Sesi e o Sesc. Promovendo oficinas e apresentações, conseguem movimentar um pouco o cenário artístico da cidade, apesar de funcionar dentro de um círculo, onde a divulgação dos eventos fica muito restrita a quem já está inserido nesse “mundo”. O Sesc possui uma coordenação de cultura, com um técnico para cada linguagem (artes cênicas, artes visuais, arte audiovisual, música e literatura) que cuidam das apresentações, cursos e oficinas. Possui ainda um grupo de estudo, Gesto, que todo ano, a partir das oficinas temáticas, produzem resultados práticos.

Atualmente, passa de trinta o número de grupos teatrais profissionais, mas são poucos os que têm uma produção constante, segundo Thiago Sampaio, técnico de artes cênicas do Sesc. Segundo ele, um grande problema que os grupos apresentam não é conseguir se apresentar com os espetáculos, através das Leis de Incentivo ou instituições privadas que costumam apoiar produções culturais, mas a fase pós-espetáculo, que deixa claro a falta de planejamento dos grupos de como irão manter o espetáculo, acabando por peças que foram sucesso de público não permanecerem em cartaz. Para Thiago é possível que seja conseqüência do fato de os grupos, sejam eles amadores ou profissionais, não “saberem muito bem o que estão fazendo”, tendo objetivos outros que não o de exercer o teatro como ofício.

Quando se fala em teatro em Maceió, há muitas críticas em relação ao Curso de Formação do Ator da Ufal. Sobre essa questão, Thiago diz não ser o curso que prepara um profissional da arte dramática, mas a experiência, que só é adquirida no palco ou na rua, com contato direto com o público.

E foi assim, na rua, que a Cia. do Chapéu, da qual ele faz parte, surgiu. Sem pretensão alguma de ser um grupo, os integrantes começaram a fazer aulas no Centro da cidade, por falta de espaço para realizá-las. Com o tempo, pela presença freqüente, os passantes já os conheciam. “Um dia estávamos fazendo mais uma aula, quando uma pessoa parou e perguntou: ‘O que é isso?’ E alguém disse: ‘Ah! É a Cia. do Chapéu’. Por que sempre usávamos chapéus. E assim batizamos o grupo”, diz Thiago.

O primeiro espetáculo da Cia. do Chapéu foi o drama Apesar de Você. Realizada em 2003, a peça teve vida curta, com vinte apresentações. Foi indicada ao prêmio de melhor texto no, hoje extinto, Festival de Guarabira, na Paraíba. A partir daí, o grupo realizou intervenções e performances, até que em 2007 estreou o espetáculo Alice!?, uma adaptação do livro de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas.

O problema da falta de espaço para ensaios, que também é da Cia. Do Chapéu, está presente na grande maioria dos grupos. Assim como o aluguel dos teatros para as apresentações o é, pelo alto valor cobrado. A pauta do Teatro Abelardo Lopes, no Sesi, é de R$ 250, a menor até então. A mais cara é a do Gustavo Leite, que custa R$ 3.000. O preço elevado é o principal fator para os espetáculos do gênero besteirol estarem em alta em Maceió, segundo os produtores teatrais. Espetáculos desse gênero, dizem, apesar de muito criticada pelos profissionais do teatro, atraem público por sua comédia fácil e escrachada. Mas é uma realidade para alguns grupos, que insistem em sobreviver dela.



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