Há pouco mais de dois anos o corretor de imóveis Vilmar Pinto, hoje com 50 anos, descobriu que estava com um tumor de oito centímetros do lado esquerdo do fígado. A notícia caiu como uma bomba sobre toda a família.
Como podia um homem tão forte, tão saudável está com câncer? Questionavam-se os familiares do corretor. Em meio a tanta angústia e diante do diagnóstico dos médicos de que Vilmar teria poucos meses de vida, a única saída era a realização de um transplante inter-vivos.
Sabendo da chance de salvar o pai, Victor Alvim Pinto, 25 anos, não teve dúvidas: decidiu na hora que doaria parte do seu fígado e devolveria a vida ao pai em um ato de coragem e, sobretudo, de amor.
“Eu não conseguiria viver sabendo que tive a chance de salvar a vida do meu pai e não fiz. Sabia de todos os riscos que correria, mas doei 60% do meu fígado porque amo o meu pai. Fiz por ele e faria a mesma coisa por minha mãe ou irmãos”, disse Victor. Complicações pós-operatórias, como o não funcionamento primário do fígado, e até 10% de chances de morrer foram os riscos que Victor correu parar salvar a vida do pai.
O transplante inter-vivos é a opção para socorrer pacientes que não podem esperar por doadores cadáveres. No mundo, o primeiro transplante desse tipo foi feito no Hospital das Clínicas em São Paulo, na década de 1980, em uma criança que terminou tendo sobrevida curta. No caso do transplante de fígado, o único pré-requisito para se proceder a operação é a compatibilidade ABO do tipo sanguíneo, porque ele é um órgão de maior tolerância imunológica, isto é, se adapta mais facilmente ao receptor.
“Para se realizar esse tipo de transplante é preciso que os exames de sangue sejam compatíveis. Por isso que se indica parentes de primeiro grau como os melhores doadores”, explica o médico cirurgião da Santa Casa de Maceió, Mario Ronalssa.
Vilmar Pinto e o filho Victor tiveram que se operar na cidade de Curitiba com o médico Júlio Wiederkehr, pois em Alagoas ainda não existe profissional apto a fazer transplante de fígado. O corretor Vilmar conta que em nenhum momento pensou que algo daria errado. “Sabia que tinha uma montanha na minha frente e que se eu conseguisse ultrapassá-la do outro lado teria vida. Eu quis viver e tive a sorte de ter um filho abençoado”, concluiu Vilmar.