Maceió possui uma cultura rica, marcante e variada, mas ainda assim são poucos os museus que guardam o seu patrimônio histórico-cultural. Os dois museus da Fundação Pierre Chalita fazem parte da minoria que oferece arte ao povo. A Fundação é uma instituição particular, sem fins lucrativos, criada com o objetivo de salvaguardar o patrimônio cultural brasileiro e de também contribuir para o desenvolvimento cultural do Estado de Alagoas.
Tudo começou quando o pintor e colecionador alagoano Pierre Chalita decidiu destinar seu acervo de objetos de arte ao povo maceioense, que fora reunido pelo mesmo ao longo dos anos. Em 19 de maio de 1980, foi lavrada em cartório a escritura pública da doação de 2.270 peças, patrimônio inicial da referida entidade. Surgiu assim o Museu de Arte, localizado em um belo palacete do início do século XX, doado pelo Governo do Estado de Alagoas e situado na Praça Floriano Peixoto.
O Museu de Arte, que se caracteriza pelo seu ecletismo, ocupa três pavimentos. No subsolo, encontram-se expostas telas de pintores modernos e contemporâneos, além de mobiliário de várias épocas. No térreo, está reunido um importante acervo de peças sacras do Brasil colonial e pinturas relativas ao Império, além de pinturas de artistas estrangeiros. No primeiro andar, estão expostos exemplares de mobílias de diversos estilos e várias telas a óleo pintadas pelo artista plástico Pierre Chalita, das séries O Baile e O Paraíso, iniciadas na década de 1960.
Em 2005, O Governo do Estado de Alagoas, reconhecendo a importância do museu, realizou obras de restauro no prédio onde o mesmo é sediado. Estimulado pela melhoria no imóvel, Chalita ampliou o acervo exposto; acrescentou novos objetos de arte recém-restaurados, de forma a proporcionar ao visitante a oportunidade de conhecer a produção da obra artística brasileira, especialmente a nordestina. “Hoje em dia o museu é um espaço que não sobrevive sem ajuda. Sou muito grato a todos que contribuem para a melhoria do mesmo, que hoje forma um conjunto arquitetônico de expressivo valor artístico e histórico, tombado a nível estadual”, declarou o artista plástico.
Através de um convênio com o Banco do Brasil, a Fundação Pierre Chalita adquiriu dois armazéns de açúcar do século XIX, localizado no bairro de Jaraguá. Neles instalou o seu segundo museu, nomeado Museu de Arte Brasileira, que, em agosto deste ano, passou por obras de conservação. Em um desses armazéns ocorre a exposição permanente de peças artísticas e históricas, e no outro, mostras temporárias de artistas alagoanos e de outras localidades. Essas mostras ocorrem com bastante freqüência, nelas o artista expositor deve se responsabilizar pelas despesas, e quando não pode, deixa um quadro para o acervo.
Encontra-se à mostra atualmente exposição da artista plástica Solange Costa, que expôs recentemente na Europa. Sua pintura é composta por duas fases: a primeira se baseia na criatividade da artista, são pinturas de paisagens e flores; a segunda é uma releitura de quadros famosos, processo que tem sido bastante utilizado pelos artistas contemporâneos.
A grande novidade do ano na Fundação Pierre Chalita foi o pacto de cooperação mútua estabelecido com a empresa Windows Restaurante Ltda. Foi criado na sede do Jaraguá o Espaço Cultural Pierre Chalita destinado a promover atividades sociais e culturais sob a administração do empresário Maurício Nogueira.
A entidade tem mantido convênios de cooperação mútua também com a Prefeitura Municipal de Maceió, com o Governo do Estado de Alagoas e com a Ufal. Igualmente tem conveniado com instituições nacionais, como a Fundação Viate, a Pinacoteca do Estado de São Paulo e a Bienal Brasil 500 Anos, através da cessão de peças do seu acervo para mostras em São Paulo, Rio de Janeiro, Nova York, Argentina e Inglaterra. Os museus estão abertos ao público, de segunda-feira à sexta-feira, no horário comercial.