É bem verdade que Alagoas é um dos Estados que têm a maior concentração de renda do Brasil. É notável também que o Estado é um dos que menos contribuem com a riqueza nacional e tem problemas de ordem econômica, educacional e desenvolvimentista. Mas, perceber o potencial e possíveis áreas fortes do Estado é um primeiro passo para melhorar a atual conjuntura. Percebendo isso o Governo de Alagoas, por intermédio da Secretaria de Estado do Planejamento e do Orçamento (Seplan) em parceria com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Alagoas (Sebrae), desenvolveu em 2003 o programa de Arranjos Produtivos Locais (APL), que visa definir estratégias de atuação para gerar ocupação e renda, com base em ações coletivas direcionadas ao desenvolvimento de pequenos negócios.
Os Arranjos Produtivos são aglomerações de empresas e produtores localizados em um mesmo território, que apresentam especialização produtiva e mantêm algum vínculo de cooperação entre si. Cerca de 27.000 produtores, empresários e empreendedores são contemplados pelo programa e a idéia é através dessa cooperação atrair maior quantidade de capital, melhorar a qualidade de vida na região, promover a inovação tecnológica, entre outros benefícios.
O programa atual em diferentes vertentes, seja na área agropecuária, como os APL’s da horticultura, da laranja, da pinha, da mandioca, da ovinocaprinocultura, atua também na área da indústria, com a produção de laticínios e de movelaria, e ainda, no setor de serviços, dando ênfase ao turismo, sobretudo na região das lagoas e da costa dos corais, embora também atue com tecnologias da informação e cultura.
Para Sérgio Moreira, secretário de Planejamento do Governo do Estado, as ações desse projeto vão ajudar Alagoas a melhorar a divisão de renda e contribuir com a geração de riqueza da terra. “Alagoas tem como ‘chaga’ a concentração de renda, que deve ser combatida com o fomento a ações de desenvolvimento local. O Governo estadual vem investindo nos Arranjos Produtivos Locais e desenvolvendo as potencialidades de cada região”, destaca o secretário. Ele observou ainda que para desenvolver o Estado são necessárias mais ações de cunho cooperativista, principalmente se tratando de micro e pequenos negócios. “Precisamos diminuir as desigualdades e só conseguiremos isso investindo em ações cooperativas. É importante que novas empresas se instalem no Estado, mas é necessário prestar atenção na emergência dos pequenos, das comunidades pobres que precisam estar incluídas nesse desenvolvimento”, enfatiza Sérgio Moreira.
O gestor do Arranjo Produtivo da Piscicultura, Miguel Alencar, comemora a ampliação da produção de peixes na região do Delta do São Francisco em 200% depois de dois anos da implantação do projeto e explica alguns dos próximos objetivos para o arranjo como possíveis vendas para supermercados e metas de crescimento. “Esse tipo de comercialização não assegura grande retorno financeiro ao produtor, por isso estamos mirando nos supermercados”, explica. Alencar destaca, ainda, que são os grandes produtores que abastecem redes como G.Barbosa, Bompreço e Extra em Alagoas. “Foram eles que desbravaram o mercado, agora cabe aos pequenos aproveitarem a oportunidade criada. Para tanto precisamos beneficiar o produto e conquistar os selos de garantia das instituições fiscalizadoras”, diz.
Segundo Márcio Alberto Paiva, diretor de Projetos Especiais da Seplan e coordenador do programa, as verbas destinadas ao projeto foram aumentadas.“Visando à ampliação do alcance do programa de APL, desde o ano passado, o Governo do Estado decidiu duplicar seu volume de investimentos. Este ano, ele entrará com R$ 900 mil e o Sebrae com outros R$ 450 mil. Esse aporte de recursos está sendo aplicado no gerenciamento de todos os projetos”, explica. Os últimos arranjos implantados foram o do inhame, no Vale do Paraíba, da pinha, no Agreste, da laranja, no Vale do Mundaú, e um de turismo no Vale do São Francisco. “Os avanços sociais e econômicos já são percebidos em todas as regiões contempladas com os APL’s. A cada ano, fazemos uma avaliação de cada um dos nove núcleos produtivos e realizamos novas rodadas de negócios entre os parceiros. Ainda temos muitas metas a atingir”, diz.