Ano I d.C., onze apóstolos, uma só mensagem, um só propósito e vários caminhos a seguir. A bíblia conta que após a morte e ressurreição de Cristo os seus seguidores se espalharam pela terra e se multiplicaram de tal forma que chegaram até a representar uma ameaça ao Império Romano. Por vezes eles foram perseguidos e dizimados, no entanto nada disso os fez calarem-se. Em pleno século XXI, os jovens da banda Pilgrims enfrentam desafio semelhante, levar a mensagem do amor de Deus através do
hard core melódico, um estilo musical que ainda sofre preconceito dentro de várias igrejas.
Tudo começou em 2000, inicialmente com Henrique e Ellison, na igreja Presbiteriana Nove de Dezembro, onde se conheciam desde garotos. Mais adiante Netinho, atual vocalista, deixa outro projeto de banda para compor a formação inicial da Pilgrims. A banda completou em 2008 oito anos de estrada, e tem em sua atual formação Euriberto (Netinho) no vocal, Henrique na guitarra, Ellison na Bateria e vocal, Rodrigo no baixo e Bruno também na guitarra. Com influência direta de bandas como Lagwagon, Slick Shoes, Mxpx, From First to Last, Dead Poetic, Thrice entre outras, procuram sempre manter-se na linha melódica sem perder o peso do hard core.
A primeira apresentação da banda foi numa reunião do grupo Surfistas de Cristo. Com o tempo, lidar com as peculiaridades do público alagoano, que não tem muita intimidade com o estilo forte, tornou-se um desafio. “Quando não se está no auge tem que se tocar puramente por amor!”, diz Rodrigo, estudante do 6° período de Direito e baixista da banda. “Todos os anos nós viajamos pelo País para tocar, temos maior público nos Estados de Pernambuco e em João Pessoa, isso sem falar na região Sul, onde o público foi conquistado via internet”, afirma Netinho, que é publicitário.
A peregrinação dos jovens músicos já foi além do que eles mesmos imaginavam, “Certa vez, por pura curiosidade, coloquei os nome da gente no Google, e descobri uma banda na Colômbia que regravou uma de nossas músicas, e faziam cover da gente. A primeira coisa que fiz foi ligar para os ‘cara’ e contar a novidade”, conta Ellison.
As composições da banda são feitas em conjunto, Netinho escreve a letra, Ellison e Riquinho, que não pôde estar presente na entrevista, fazem a melodia. “Tiro inspiração do dia-a-dia mesmo, não tem esse negócio de ‘vou sentar e escrever uma música’, a música Depende de você eu escrevi depois de assistir no Jornal Nacional a uma notícia de uma menina que matou os pais. Mas os meninos também ajudam, o Rodrigo mesmo já andou escrevendo umas coisas que vamos usar mais pra frente”, esclarece Netinho.
PRIMEIRO COMPACT DISC – Mesmo com 8 anos de carreira ainda não gravaram seu primeiro CD, por um erro técnico, as gravações que fariam parte do primeiro disco da banda foram perdidas. O desanimo, a evolução dos fonogramas e o cansaço não permitiram na época que houvesse uma segunda tentativa. Atualmente, com músicas, formação, e estilo totalmente diferentes da época em que gravaram um demo, o sonho dos meninos sem dúvida é gravar um CD. “Desde os mais antigos no grupo, até Bruninho que está com a gente há 6 meses, sem dúvida nosso maior objetivo hoje é ter um disco com um encarte legal, fotos da gente dentro e tudo mais. Está nas mãos de Deus ele conhece os nossos sonhos”, diz Ellison.
Curiosamente a maior parte do público que acompanha a banda é não cristã, mas isso não os incomoda, pelo contrário, acham até mais condizente com a proposta do grupo. “Certa vez fizemos uma apresentação numa igreja aqui em Maceió, e na segunda música as pessoas começaram a pedir para gente parar de tocar. Fomos expulsos de lá...”, relembra Netinho aos risos. “Mas os nossos pastores dão o maior apoio pra gente, já tocamos na igreja em que congrego várias vezes, mais em eventos da juventude.” A vida dos Pilgrims é exemplo para os jovens de suas respectivas igrejas e das demais também. “Muita gente de nossa igreja conhece a banda desde o começo, sabe que temos um compromisso de levar a mensagem do amor de Jesus onde formos, nossas vidas são a maior prova disso!”, enfatiza Rodrigo.
“O mercado hoje está muito restrito a estilos de bandas; toda banda que surge com um estilo parecido já é rotulada, mas nós queremos ficar conhecidos pelo som que a gente faz e não ter de mudar para se encaixar com o que está na moda”, reforça Ellison. Eles não se denominam como uma banda gospel – curiosamente a maior parte de seus parceiros não são cristãos –, “mas o que a gente quer é isso mesmo, tocar no ‘mundão’ e falar de Cristo para as pessoas que precisam, não nos fechar num ciclo vicioso onde ficaríamos tocando apenas pra crente”, afirma Rodrigo. Em janeiro de 2009 eles estarão retornando do período de recesso com uma viagem já agendada ao Rio Grande do Norte.