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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

18/12/2008
arte
BONECOS DO MUNDO E DA ALMA

O projeto Sesi Bonecos, que leva a magia e a fantasia da arte de bonecos a todo o País, encantou o público alagoano que compareceu ao espaço cultural da Pajuçara

Por Camila Alice de Andrade

Um espetáculo de luzes, cores, música e bonecos, muitos bonecos. É essa a primeira impressão de quem adentra o espaço do Sesi Bonecos do Brasil e do Mundo, um projeto idealizado pelo Serviço Social da Indústria que tem como objetivo levar a arte da manipulação de bonecos para todos os cantos e recantos do País. São quatro carretas e seis caminhões que transportam mais de 60 toneladas em equipamentos, um pequeno mundo que se deixa levar para todos os lugares.

Nos dias 29 e 30 de novembro, o estacionamento do Jaraguá se transformou num lugar mágico, num mundo de bonecos gigantes e fantoches, onde os humanos é que pareciam de mentira. Uma forma inteligente e divertida de transportar o público para o universo do folclore, da fantasia e da cultura do mundo inteiro. Os manipuladores de bonecos dão não só vida, mas também alma para aquelas criaturas; até o mais cético espectador é capaz de acreditar que eles são reais.

Com a participação de companhias nacionais e internacionais, o projeto itinerante já passou por mais de vinte Estados do Brasil em quatro anos de existência. A idéia é promover cultura e reflexão gratuitas ao público em geral, especialmente para aqueles que não podem pagar para ver peças de teatro, ir ao cinema, enfim, para quem não pode desfrutar de uma programação cultural de qualidade.

Este ano, o projeto intitula-se Sesi Bonecos do Mundo, e traz grupos de Pernambuco, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Distrito Federal, Santa Catarina além de grupos da Holanda, França, Chile, Estados Unidos e Argentina. Para Maceió, a caravana trouxe apenas grupos nacionais, mas que encantaram um público bem diversificado. Para a estudante de Direito Larissa Amaral, a experiência foi enriquecedora: “Achei o máximo a forma como pequenos artesanatos se transformam em pessoas quando nos prendemos ao espetáculo. Toda a atmosfera, os bonecos, o som, as barraquinhas fizeram com que eu me transportasse de volta à infância”.

Além dos teatros de bonecos divididos em três palcos, o público, principalmente as crianças, puderam se sentir “bonequeiros” por um dia através da manipulação de bonecos gigantes que ficavam espalhados pelo evento. Era incrível ver a expressão de encantamento e perplexidade daqueles rostinhos inexperientes; contudo, o mais impressionante era contemplar a expressão dos adultos que, por vezes, pareciam se entreter mais do que as crianças.

O projeto conta ainda com a exposição “Uma Volta ao Giramundo”, uma narrativa da trajetória do grupo mineiro Giramundo que há 38 anos desenvolve peças de teatro utilizando as técnicas de manipulação desenvolvidas a partir de pesquisa e criação. A extensão da fila e os elogios mostraram que esta foi uma das atrações mais disputadas. “A exposição é um sonho! Você consegue voltar a ser criança: tem A Bela Adormecida, o Saci Pererê e o interessante é que eles fazem montagens com temas adultos como os Orixás e Tiradentes. Os materiais de confecção vão da madeira ao artesanal papel maché, trabalhados com uma riqueza de detalhes impressionante, principalmente as feições humanas”, explica a estudante Rosana Porangaba, que se impressionou com a qualidade da exposição.

Além da exposição e das peças, o projeto inclui várias oficinas, dentre elas a “Bonecos passo a passo”, ministrada por Marcos Malafaia, membro da Companhia Giramundo há mais de trinta anos. Em Maceió, ela aconteceu na Sala de Teatro do Espaço Cultural do Sesi, na Pajuçara. Foram três dias de aulas sobre a construção e a arte de bonecos no Brasil e em outros países; os participantes da oficina ainda tiveram a chance de aproveitar a exposição antes de ser aberta ao público.

“Na manipulação de bonecos, antes de tudo, o artista tem de ser um observador de pessoas, de gestos, de comportamento, assim como no trabalho de ator. A diferença é que, na construção do personagem, você precisa dar vida ao boneco; a construção começa a partir da concepção de como ele será”, explica a estudante de jornalismo e teatro Larissa Lima que participou da oficina no intuito de ampliar seu conhecimento sobre as várias formas de atuar.

Para os promotores do evento, o projeto se consolida como uma iniciativa louvável do Sesi e de seus parceiros, como o Governo federal e a Petrobras, no intuito de manter viva as tradições culturais do Brasil e ainda permitir que as manifestações culturais de outros países alcancem o público de forma bastante democrática.



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