:: Projeto de Extensão Coordenado pelos professores e jornalistas
:: Erico Abreu (MTb 354-AL) e Francisco de Freitas





De:
Por:
Clique para fazer a busca!
MENU
 

Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

09/12/2008
Geral
NEAFA REALIZA MAIS DE 300 CIRURGIAS POR MÊS

Castrações e esterilizações reduzem o número de cães e gatos nas ruas de Maceió, graças ao trabalho de conscientização realizado pelo núcleo com a população de baixa renda

Por Ariana Maurício

“A grandeza de uma nação e seu progresso moral podem ser julgados pelo modo como são tratados seus animais”. A frase é do humanista e pacificador indiano Mahatma Gandhi, mas pode ser encontrada no site do Núcleo de Educação Ambiental Francisco de Assis (Neafa), instituição sem fins lucrativos que busca promover o bem-estar dos animais, por meio, principalmente, do controle de natalidade.

O Neafa é, hoje, a organização que mais faz castrações de cães e gatos em Maceió, mais de 300 por mês. Esse número é, por exemplo, seis vezes maior que o número de castrações mensais feitas pelo Centro de Controle de Zoonozes, da Prefeitura do município. Fundada em 2003, o principal objetivo do núcleo é possibilitar o controle dos animais de rua através da esterilização e castração dos animais a preço baixo, principalmente para a parte da população que não tem condições financeiras de pagar pelos serviços.

“As únicas coisas que cobramos de quem procura o Neafa para castrar um animal são os medicamentos necessários para qualquer cirurgia, que custam em média R$ 40”, diz a presidente do Neafa, a empresária Ângela Seabra. Segundo ela, o controle de natalidade animal realizado pelo núcleo é eficaz porque há, paralelamente, um trabalho de mobilização e conscientização da população. “As pessoas são atendidas no horário marcado, trocam informações conosco, entendem o que é bem estar animal. Isso as estimula a trazer o gato ou o cachorro do vizinho para cá também”, explica.

Que o diga a estudante Luciana Ramos, 25, que castrou suas duas cadelas. “Além do animal não ter que sofrer mais em cada cio, chegando em casa arranhado e correndo o risco de ser morto por vizinhos e carros, também não colocará dezenas de filhotes nas ruas”, reflete Luciana.

DIFICULDADES – Mas, apesar dos números positivos, ainda são muitas as dificuldades enfrentadas pelo Neafa, a começar pela manutenção financeira, que hoje é feita basicamente por uma única pessoa, o próprio fundador do núcleo, o médico Ismar Gatto. Segundo Ângela Seabra, as despesas mensais giram em torno de R$ 8 mil – salário dos veterinários –, e somente 10% da receita mensal vêm de doações externas. “Até hoje, nenhum órgão público se interessou em formalizar parceria conosco”, afirma.

Além disso, depois da conscientização pelo bem estar animal, vem a luta diária para conscientizar as pessoas de que o papel do Neafa não é simplesmente recolher os animais da rua. Hoje, estão disponíveis para adoção trinta gatos e 28 cães encontrados na rua, tratados e esterilizados, mas não há capacidade para novos animais. “Sempre recebemos pessoas que recolhem animais nas ruas e, em vez de querer cuidar em casa, deixa na porta do Neafa. Não temos condições de receber esses animais, queremos educar as pessoas. Estamos acostumados a passar a responsabilidade para o outro. O nosso maior desafio é transformar compaixão em atitude”, diz Seabra.

Os números apresentados pelo Neafa apontam que, em Alagoas, dezenas de cães e gatos são abandonados, espancados, atropelados e mortos todos os dias. Também a fome, a sujeira e doenças assolam esses animais. E o que é mais alarmante: cadelas e gatas de rua procriam sem efetivo controle do poder público, submetendo um número cada vez maior de filhotes a esse mesmo destino.

Outro grande problema que a instituição vem tentando solucionar se refere aos maus tratos de animais, como as rinhas de aves e cães, procriação indiscriminada de filhotes de animais de estimação – sem autorização do Centro de Controle de Zoonoses –, abatedouros de porcos, ovinos e aves ao ar livre e animais de tração que sofrem espancamento.

Como Alagoas não possui nem uma delegacia especializada em meio ambiente, há o impedimento tanto da aplicação da Lei nº 9.605 (Lei de Crimes Ambientais, de 1998), como do direito do cidadão de realizar denúncias a um órgão formal, já que as Ongs (Organizações Não-Governamentais) não possuem condição financeira e operacional de arcar com essa responsabilidade sozinha. Assim, o Neafa é obrigado a encaminhar as denúncias para as principais forças do Estado, como a Polícia Civil, a Ordem dos Advogados do Brasil e o Ministério Público Estadual.

OUTROS SERVIÇOS – Além de esterilizar e castrar cães e gatos, o Neafa realiza ainda trabalhos de vacinação, promove adoção de animais e atendimento clínico veterinário gratuito, para evitar zoonoses como verminoses, sarna e escabiose, leptospirose, leishimaniose cutânea e visceral (calazar) e raiva, estas duas últimas mortais para os animais e para os seres humanos.

O núcleo adquiriu caráter de Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público) e o número de atendimentos tem crescido a cada ano, ganhando o apoio de pessoas como a dona de casa Vera Gomes, 51. “Sempre quis castrar meu gato, mas a cirurgia é cara nas clínicas normais. Assim que soube do Neafa por um amigo, marquei correndo a consulta. Acho muito importante essa atitude e já convenci até os meus vizinhos a fazerem o mesmo”, ressalta.

Clique nas fotos para ampliá-las.

Clique para ampliar Clique para ampliar Clique para ampliar