Na sala, apenas o som do canto indiano, um mantra e o ruído da respiração. Logo depois, uma reverência ao Sol. É assim o início das aulas do Yoga, realizadas no Centro Federal de Educação Tecnológica de Alagoas (Cefet/AL). Se fosse praticada ao ar livre, poderíamos acrescentar ainda o som do mar, do vento, da natureza. De origem indiana, datado de mais de 5 mil anos, o Yoga é considerado uma filosofia de vida e vem sendo cada vez mais procurado na capital alagoana.

Quem sabe muito bem disso é o professor Alberto Jorge, que ministra aulas de Yoga em cinco academias de Maceió, além do Cefet. Para ele, é a busca por uma qualidade de vida melhor que tem levado as pessoas a procurarem o Yoga. “As pessoas estão sentindo necessidade de trabalhar o corpo, mas também a mente, por causa do estresse do dia-a-dia”, diz.

Yoga significa (em sânscrito) união – do corpo e da mente – com o Divino e sua prática recorrente busca o equilíbrio das emoções, da saúde mental e espiritual, e ainda induz a um profundo relaxamento, tranqüilidade, concentração e percepção interior juntamente com o fortalecimento do corpo físico e o desenvolvimento da flexibilidade.

O professor Alberto Jorge explica que são várias as modalidades do Yoga, cada uma primando por um aspecto mental ou físico do ser humano. “A mais praticada nas academias, no entanto, é a chamada Hata-Yoga, na qual os exercícios são voltados para o controle do corpo e da mente, mas também traz referências de todas as outras modalidades”, esclareceu o professor.

TRATAMENTO DE DOENÇAS – A Hata-Yoga também tem sido uma alternativa para o tratamento e cura de várias doenças. O uso da prática para esse fim já é tão usual que ficou conhecida como yogaterapia, onde os ásanas – exercícios físicos (ou posturas) que fortalecem o corpo e aumentam a agilidade – são os mais usados. A yogaterapia auxilia no tratamento e prevenção de várias doenças de origem cardíaca e colesterol alto, além de aumentar a imunidade e educar a respiração.

A estudante Maria Lins, 29, por exemplo, foi aconselhada à prática do yoga para tratar de problemas cardíacos. Quem indicou o exercício foi o próprio cardiologista. “Tenho tido muito aceleramento cardíaco e, ao me consultar, o médico me aconselhou a praticar algum exercício físico. O Yoga foi indicado porque, segundo ele, é o exercício que mais equilibra o corpo e a mente. Comecei há pouco tempo, mas já senti a diferença”, afirma Maria Lins.

Já a dona de casa Maria Lúcia, 52, não sofre com nenhum problema de saúde, mas resolveu começar os exercícios por conta própria. Depois de um ano de prática constante, ela diz já sentir as mudanças ocorridas no corpo. “Comecei porque estava sedentária e, curiosa, procurei o Yoga. Hoje minha curiosidade se transformou em prazer. Tenho sentido a diferença principalmente na hora do sono, que era muito perturbado. Agora consigo relaxar”, relata.

Mas, apesar de trazer grandes benefícios à saúde, o Yoga exige muito esforço físico e psicológico. Por isso, todos os exercícios devem ter um acompanhamento profissional, principalmente quando forem destinados a iniciantes – que ainda não dominam a prática – e a pessoas que buscam tratar certos problemas de saúde. “Essas pessoas devem ter exercícios particulares, fora de turmas já formadas, para evitar erros de posição corporal e respirações inapropriadas, o que pode vir a causar danos à saúde”, explica o professor Alberto Jorge.

Embora os exercícios tenham origem indiana, não é mais necessário ir à Índia para ser um mestre em Yoga. Maceió ainda não possui nenhum centro especializado em profissionalizar praticantes, mas existem vários deles espalhados pelo Brasil. “Quando decidi ensinar, o primeiro passo foi estudar e me dedicar, depois me especializei num centro em Santa Catarina”, diz Alberto, saudando com a expressão indiana Namastê!, que em sânscrito significa: “O Deus que habita em mim saúda o Deus que há em você”.