O diabetes foi descoberto no ano 70, na Grécia antiga, quando Areteus da Capadócia descreveu a doença pela primeira vez. Ele comparou o funcionamento do organismo desses pacientes a um sifão, daí a razão do nome
diabetes (palavra de origem grega). Comiam e bebiam muito, mas toda a energia que entrava pela boca ia embora literalmente pelo ralo com o excesso de urina. Já
mellitus foi incorporado ao nome bem mais tarde. Em 1670 o médico inglês Thomas Willis provou a urina de indivíduos que apresentavam sintomas parecidos e descobriu que ela era muito doce.
Quase dois séculos depois, em 1815, o químico francês M. Chevreul demonstrou que o açúcar dos diabéticos era glicose, daí os médicos começaram a experimentar a urina de quem tinha suspeitas da doença. Ela foi batizada então de diabetes açucarada ou diabetes mellitus, palavra de origem latina que quer dizer mel ou adocicado. É uma doença crônica caracterizada por elevadas taxas de glicose no sangue, seja porque o corpo não libera insulina, hormônio secretado pelo pâncreas e cuja função é controlar os valores do açúcar no sangue, seja por não utilizá-la de maneira adequada.
Os principais sintomas são: sede excessiva, urina abundante, perda importante de peso, apesar de alimentação normal ou em excesso, fraqueza extrema, distúrbios visuais, câimbras, prurido vaginal na mulher, e inflamação da glande, no homem. O diagnóstico é feito através do exame de sangue, chamado de glicemia de jejum (8 horas), acima de 126 MG/dl, ou glicemia aleatória maior que 200 MG/dl. É necessário repetir o exame para confirmar a doença.
“Trata-se de um mal que acomete mais de 170 milhões de pessoas no planeta, pode se manifestar em duas versões: o diabetes tipo 1 ( forma mais grave da doença), mais comum na idade infantil e na adolescência, que está ligado a uma auto-imunização do organismo às células beta do pâncreas. O corpo entra em pane e começa a destruir essas células, logo a insulina deixa de existir“, explica a endocrinologista Cecília Maria Bezerra Freitas. Já no tipo 2, segundo a médica, o organismo produz, mas tem dificuldade em processar a insulina. Assim, as células não conseguem metabolizar de forma suficiente a glicose da corrente sangüínea.
DOENÇA SILENCIOSA – O número de diabéticos em todo mundo é estimado em 130 milhões e a doença mata 2,8 milhões de pessoas por ano. No Brasil, a situação segue a tendência mundial e, apesar da falta de estatística atualizada, os médicos vêm constatando um aumento na prevalência da doença que atinge cerca de 10% das pessoas entre 30 e 69 anos. Alarmados com a situação, as autoridades de saúde lançaram uma campanha para detectar o número de diabéticos no País.
Os especialistas atribuem o aumento dos casos de diabetes à obesidade e alertam que quase metade da população brasileira tem o peso acima do recomendado. A prevenção se faz, principalmente, com atividade física regular e dieta saudável. Alguns remédios já mostraram benefício em retardar o aparecimento da doença e outros estão sendo testados.
Por ser silenciosa, metade das vítimas desconhece a existência da doença, que pode levar à morte. Outro dado que assusta é que a incidência do diabetes entre jovens e crianças é alarmante: 440 mil crianças com menos de 14 anos têm diabetes. E a cada ano, 70 mil pessoas desenvolvem a doença. De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o número de diabéticos e pré-diabéticos está aumentando devido ao crescimento e envelhecimento populacional, maior urbanização, crescente prevalência de obesidade, sedentarismo e maior sobrevida do paciente.
“A diabete é uma doença em que o paciente tem que ser o próprio médico, você pode controlá-la com uma alimentação equilibrada, exercício físico e medicação. Qualquer diabético deve e pode levar uma vida como outra qualquer basta ter força de vontade”, afirma Raquel Dias, diabética desde 12 anos. ”Sempre vivi bem, nunca tive complicações, sou insulinodependente, e não a deixo viver por mim,” complementa.
Os diabéticos morrem muito mais jovens do que as outras pessoas, principalmente de doenças cardíacas, independentemente de idade, sexo ou nível social, e por essa razão precisam de tratamento médico cuidadoso.