:: Projeto de Extensão Coordenado pelos professores e jornalistas
:: Erico Abreu (MTb 354-AL) e Francisco de Freitas





De:
Por:
Clique para fazer a busca!
MENU
 

Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

27/11/2008
Meio-Ambiente
POLUIÇÃO E DESCASO NAS PRAIAS URBANAS

Mesmo com suas águas classificadas como impróprias para banho, não há sequer uma placa que alerte sobre a poluição do mar da orla de Maceió

Por Giselle Nascimento Codá

Segundo análise realizada pelo Instituto do Meio Ambiente (IMA), todas as praias urbanas de Maceió estão impróprias para banho; da Praia da Avenida até Cruz das Almas. Não bastasse isso, o problema se agrava pelo fato de não haver placas de sinalização que informem os visitantes sobre os altos índices de poluição do mar.

Semanalmente, o laboratório ambiental do Instituto do Meio Ambiente avalia o índice de contaminação de várias praias alagoanas, entre elas as praias da orla urbana de Maceió. Os relatórios são divulgados pelo próprio site do IMA, www.ima.gov.br.

As análises mostram altos índices de coliformes fecais não apenas nas praias urbanas, mas também em outras regiões. A cada semana, novas amostras são avaliadas porque os índices de contaminação podem variar de uma semana para outra. Segundo Manoel Messias, responsável pelas análises, o banho em praias impróprias pode causar doenças de pele, gastrenterite, infecções nos olhos, ouvidos e garganta e ainda doenças mais graves como hepatite A, cólera e febre tifóide.

Mas não é preciso ir tão a fundo aos relatórios do IMA para perceber a gravidade da situação. Basta percorrer a orla de Maceió para desconfiar da pureza do mar. Da Praia da Avenida até Cruz das Almas, estão jogando o lixo dos esgotos diretamente no oceano. Ainda assim, vários banhistas continuam entrando na água.

Começando pela própria Praia da Avenida, o famoso “riacho” Salgadinho já se tornou referência quando o assunto é ausência de saneamento básico. Mesmo depois de algumas tentativas frustradas de recuperação, o esgoto do Salgadinho continua lançando detritos no mar. Não é a toa que o riacho exala um forte e desagradável cheiro; o Salgadinho acumula a poluição da maior parte das redes de esgotos da cidade.

O curioso é que é na Praia da Avenida, onde está o Emissário Submarino de Maceió, um sistema que trata o esgoto antes de lançá-lo ao mar, mas que, atualmente, funciona apenas com 20% da sua capacidade de operação. Segundo o diretor de operações da Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal), Jorge Briseno Torres, o Emissário Submarino poderia tratar uma área muito maior, no entanto, seria necessário que toda a rede de esgotamento sanitário da cidade fosse reconstruída.

Enquanto isso não acontece, vários esgotos permanecem lançando poluição no mar da orla urbana. Na praia da Pajuçara, por exemplo, a tubulação que fica entre as ruas João Carneiro e Júlio Plech Filho, foi coberta com areia durante as obras de revitalização realizadas recentemente pela prefeitura de Maceió. Com isso, muitos banhistas sequer percebem que ali existe um esgoto.

FALTA INFORMAÇÃO – Paulo Guedes, um turista de Brasília, diz que chegou a pedir informação para saber se as praias estavam poluídas, mas que ninguém soube lhe responder com precisão. Como a praia estava repleta de banhistas, resolveu entrar na água também. Ao ser alertado sobre a sua impropriedade para o mergulho, ficou inconformado com a falta de informação. Para ele, cada praia deveria ter uma placa sinalizando se o local está ou não próprio para o banho.

Outro ponto crítico pode ser conferido na praia de Jatiúca bem próximo à Avenida Júlio Marques Luz, antiga Avenida Jatiúca. Ali, um esgoto de grandes proporções – bastante parecido com o Salgadinho –, também lança seus detritos diretamente no mar. A poluição pode ser vista nitidamente quando o verde do oceano se encontra com a escura e poluída água do esgoto.

À cerca de 30 metros de um desses focos de poluição, um alagoano sai do mar com uma criança de 6 meses no colo reclamando. “Eu fiquei desconfiado com o esgoto, mas não sabia que o mar estava impróprio”, diz José Cícero, auxiliar administrativo. O banhista também critica a falta de placas de sinalização na praia.

Por fim, mais uma situação irregular na região de Cruz das Almas; outro esgoto a céu aberto entre as ruas Mascarenhas de Brito e Padre Luiz Américo Galvão. Muito freqüentada por surfistas, a praia também não tem placas de sinalização.

Mas se de um lado a ampla divulgação de um grave problema como esse afetaria diretamente o turismo local, de outro, a poluição das praias alagoanas é um desrespeito não apenas aos seus próprios habitantes, como também aos milhares de turistas que visitam o Estado anualmente. Por isso, a ausência de placas de sinalização só agrava a situação. Sinal de que o problema já foi banalizado pelas autoridades políticas e pelos próprios alagoanos.

A preocupação com a balneabilidade das praias alagoanas deveria ser uma prioridade do poder público não apenas porque o Estado possui uma intensa atividade turística, mas principalmente porque a poluição do meio ambiente afeta diretamente a vida dos seres humanos. Priorizar a preservação das praias urbanas de Maceió poderia ser, inclusive, no entender dos turistas e dos próprios alagoanos, um bom começo para a tão esperada implantação de uma eficaz rede coletora de esgotos na cidade.

Clique nas fotos para ampliá-las.

Clique para ampliar Clique para ampliar Clique para ampliar Clique para ampliar
Clique para ampliar