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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

20/11/2008
Esporte
“TEMPLO DO FUTEBOL” PÁRA OUTRA VEZ

Estádio Rei Pelé passará por novas reformas estruturais, cujos custos aos cofres do Governo estadual serão algo em torno de R$ 5,5 milhões

Por Ana Célia Rocha

Quando, em 15 de março de 1968, o vice-governador em exercício Sampaio Luz lançou a pedra fundamental da construção de um novo estádio de futebol para os alagoanos, com certeza não imaginava que o campo viria a ser o “templo do futebol alagoano”. Hoje, passados 38 anos desde sua inauguração, em 25 de outubro de 1970, o Estádio Rei Pelé, carinhosamente chamado de “Trapichão” – alusão ao nome do bairro onde se encontra sediado –, vai receber novas reformas. Desde a criação do estádio, o bairro cresceu vertiginosamente. Dezenas de casas foram construídas e abertas novas ruas nos antigos sítios de coqueiros à beira-mar. Com o crescimento urbano, a prefeitura foi logo providenciando a pavimentação das ruas, enquanto a Avenida Siqueira Campos ganhava novos melhoramentos, com pista dupla e boa iluminação. E o Trapichão deixou de ser apenas um estádio de futebol – passou a ser um dos grandes cartões postais da capital alagoana.

Até hoje, o Rei Pelé é o maior e mais estruturado estádio de futebol do Estado de Alagoas. A grande festa que entregou aos alagoanos o primeiro estádio teve como jogo inaugural o amistoso entre a Seleção Alagoana e o Santos Futebol Clube/SP, que contou com o atleta Pelé na partida inaugural. O Santos venceu o jogo por 5 a 0, com o primeiro gol da história do estádio marcado pelo santista Douglas, mas o resultado não desanimou as 45.865 pessoas presentes – número que permanece como sendo o recorde de público deste estádio até os dias atuais.

A PRIMEIRA REFORMA – Mesmo mantendo parte de sua estrutura original, o estádio já passou por mudanças importantes em suas instalações e por uma grande reforma, que ocorreu em 1992, quando o então governador Geraldo Bulhões contratou a firma Queiroz Galvão para uma reforma completa no local. Durante quase dois anos, o estádio esteve em obras. Além de restaurar todos os portões e bilheterias de acesso ao estádio, houve mudanças na geral que, antes em pé, passou a ter os torcedores sentados. Houve uma pintura geral com as cores vermelho, azul e branco, foram colocadas 20 mil cadeiras e mais duas torres de iluminação, uma das mais eficientes do Brasil. Também foram inaugurados o Museu de Esportes e um auditório, além de novas cabines de rádio e televisão nas grandes arquibancadas do estádio.

Sua reabertura aconteceu no dia 8 de agosto de 1993 com o jogo amistoso internacional: Seleção Brasileira x Seleção Mexicana que terminou com o empate de 1a 1. Desde então, o Trapichão realizou ao longo de sua trajetória os principais jogos do Campeonato Estadual, destacando o famoso “Clássico das Multidões” entre os adversários CSA X CRB; duas edições da Copa dos Campões (2000 e 2002) e os jogos internacionais da Taça Independência com a participação das seleções da Argentina e França e o jogo amistoso, válido pelas eliminatórias da Copa do Mundo 2006, entre as seleções do Brasil e da Colômbia, realizado em outubro de 2004. No estádio Rei Pelé estão ainda instaladas dezesseis federações esportivas, o Museu dos Esportes e o Hall da Fama, com registros dos principais jogadores da história do futebol brasileiro.

RACHADURAS PROVOCAM INTERDIÇÃO – Em janeiro deste ano, uma comissão formada por Alexandre Madalena, engenheiro do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea), e dirigentes da Federação Alagoana de Futebol (FAF) interditou o Rei Pelé, após encontrar rachaduras na cobertura das arquibancadas e cadeiras especiais que deixaram o local com risco de desabamento, infiltrações, entre outros problemas. "É impossível isolar apenas uma área e deixar a outra parte para receber torcedores", explicou, na época, Alexandre Madalena, responsável pela assinatura do laudo técnico que condenou o local. Além disso, foram encontrados vários locais onde as ferragens estão aparentes, incluindo processo de corrosão. A situação mais grave estava nas extremidades da arquibancada coberta, que fica próxima da geral, e que corria o risco de derrubar concreto e atingir as pessoas.

Além do Rei Pelé, foram interditados, na época, outros quatro estádios alagoanos.

Agora, dez meses depois, o Estádio pára novamente para novas reformas, anunciadas pelo Serviços de Engenharia do Estado de Alagoas S/A (Serveal). A equipe apresentou um esboço do trabalho técnico dos serviços de engenharia e arquitetura a serem realizados no Estádio.

Foram apresentados – de forma individualizada e com ilustrações – os principais problemas detectados no estádio de futebol, bem como uma estimativa de custo para as intervenções. Os trabalhos foram divididos em levantamentos estruturais, elétricos, hidro-sanitários, arquitetônicos e de orçamento. De acordo com a presidente do Serveal, Cristina Benamor, a estimativa orçamentária para a realização das obras é de aproximadamente R$ 5,5 milhões.

O Serveal encaminhou para a Secretaria Estadual de Educação e Esportes o relatório sobre as obras de recuperação e reforma do Estádio Rei Pelé. Ao Serveal – conforme Cristina Benamor – coube o levantamento dos serviços a serem realizados. O processo licitatório e a execução das obras serão de responsabilidade da pasta da Educação e Esportes.

Conforme Benamor, os pontos apresentados dão uma idéia precisa da situação em que se encontra o Rei Pelé, sendo necessárias as intervenções para evitar problemas futuros, sobretudo na parte estrutural do Estádio. No entanto, se descarta qualquer risco de desabamento.

O engenheiro orçamentista Rubens Ramires Malta Filho – que é do corpo técnico do Serveal – ressalta que o orçamento final pode inclusive ultrapassar a estimativa. “Vale ressaltar que o levantamento feito diz respeito ao que está visível, quando abrirmos algumas paredes, poderemos encontrar problemas em relação à parte hidráulica ou elétrica”, salientou Malta.

A apresentação contou com a presença do secretário do Gabinete Civil, Álvaro Machado; o secretário de Comunicação, Wilmar Bandeira; a secretária de Educação e Esporte, Márcia Valéria Lira Santana; o secretário adjunto de Educação e Esporte, Roberto Mendes; além de representantes do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) e do corpo técnico do Serveal.

A comissão que conduziu os levantamentos dos serviços no Estádio Rei Pelé foi composta pelos engenheiros Rubem Ramires Malta Filho, Agliberto de Araújo Costa, Cícero Thiago Figueiredo de Araújo, Augusto César de Araújo Ramalho, José Humberto Veras, Ricardo José Farrapeira Lima, Moebe de Vasconcelos Santos e os arquitetos Roberto Sisnando Canavarro, Evangelina Vasco de Albuquerque e Cristina Mafra.

O arquiteto Roberto Canavarro – que integra o corpo técnico do Serveal – fez ainda uma explanação sobre a reforma arquitetônica do Estádio, ressaltando a necessidade de ocupar espaços ociosos e a recuperação de algumas áreas do Rei Pelé, como os apartamentos, o restaurante, e os banheiros que se encontram danificados por conta da ausência de manutenção e por atos de vandalismo.

APOSTANDO NA COPA 2014 – As obras deverão ser iniciadas até o fim do corrente ano, e a entrega do estádio restaurado está prevista para março de 2009. A equipe da Serveal fez questão de ressaltar que o campeonato alagoano e os jogos das séries B e C não serão prejudicados pelas reformas, já que o projeto será executado por etapas, como assegurou a secretária da Educação e do Esporte, Márcia Valéria.

O secretário-adjunto do Esporte, Roberto Mendes, ressaltou a importância do estádio não só para o futebol alagoano, como também para o esporte em sua totalidade. “O estádio Rei Pelé não é só futebol. Temos o Hall da Fama, a Secretaria Adjunta da Educação e do Esporte, além de outras atividades como o karatê e o atletismo. A recuperação do estádio é fundamental para Alagoas”. A possibilidade de ser sub-sede da Copa de 2014 também é outro incentivo para que as reformas sejam efetivadas, como levantou a secretária Márcia Valéria.

“Nossa principal preocupação é concretizar um estádio revitalizado em prol do benefício da população. Outra meta é a sua utilização como sub-sede da Copa, que, se for o caso, deveremos contar com o apoio de recursos vindos do Governo para tal”, salienta.

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