A exemplo de duas grandes capitais como São Paulo e Belo Horizonte, Maceió entra no projeto desenvolvido pela Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) de criar trens culturais pelas linhas férreas dos Estados brasileiros. O Projeto Trem Turístico Cultural visa movimentar o turismo urbano de Maceió, uma alternativa para quem quer fugir dos roteiros turísticos dos litorais alagoanos.
Além de reativar o movimento férreo de Maceió, o projeto busca atender uma demanda da sociedade alagoana que não é muito contemplada pelo Governo: a comunidade rendeira. No percurso, serão mostrados os trabalhos produzidos por estas comunidades numa forma de buscar a valorização do trabalho artesanal alagoano.
A necessidade de se fazer este projeto foi decorrente da desvalorização que ocorre em Alagoas referente ao transporte férreo. Seria uma forma de revigorar tanto nossa cultura quanto o transporte em constante desvalorização.
O transporte férreo, no caso do trem turístico, terá como principais beneficiados a população rendeira e atenderá quem estiver interessado em fazer um passeio turístico, pois sua meta não é fazer um transporte de massa, mas sim um passeio pelos lugares que realizam este tipo de produção artística. Será um trem não para a locomoção de passageiros e cargas, e sim um atrativo cultural. Como explica Jonatha, representante da CBTU, o passeio “atinge diretamente as pessoas que fazem artesanato, ou outros trabalhos artísticos, que hoje vivem geralmente da pesca e da coleta de marisco, mas que já fazem um trabalho artístico só que não tem uma visibilidade, seria uma forma de mostrar os seus trabalhos”.
Na programação, além de conhecer este roteiro, até então pouco valorizado, teremos apresentações teatrais, musicais e outras apresentações artísticas feitas pelas pessoas da própria comunidade.
No itinerário estão alguns locais históricos como Jaraguá e Bebedouro. Sua parada será em Fernão Velho, onde se pretende fazer uma feira mostrando os produtos artesanais da região e onde os shows acontecerão.
O projeto já está bastante encaminhado, a CBTU já possui a locomotiva a vapor, uma Maria Fumaça de 1929, que a CBTU adquiriu por meio da Usina Utinga Leão, que fez todo o trabalho de restauração. Segundo informações colhidas na Prefeitura de Maceió, os recursos devem chegar aos R$ 150 milhões. O projeto manterá outros custos, como instalações de abastecimento da locomotiva. Existe uma parceira com a fábrica Carmen de Fernão Velho que dará um suporte no abastecimento de água da locomotiva.
Além da questão cultural, o transporte férreo é visto com bons olhos pelo Governo pelo viés econômico. Recentemente, o senador Renan Calheiros deu uma declaração que revelava sua satisfação com as melhorias no transporte sobre trilhos que passará a integrar a linha Transnordestina e, com isso, possibilitar maior facilidade nas trocas comerciais devido à facilidade de escoar produtos.
Porém essas melhoras só foram vistas após a privatização da linha férrea federal. No caso da CBTU, o dinheiro para a construção do projeto de trem cultural não contou com o respaldo do Governo municipal ou estadual. O que revela, mais uma vez, o descaso com a cultura do Estado por parte dos próprios governantes.
O projeto começa a entrar em ação dentro de sessenta dias mobilizando as comunidades que serão beneficiadas por ele. Enquanto isso os carros de passageiros estão sendo reformados para ficarem aptos ao passeio.