:: Projeto de Extensão Coordenado pelos professores e jornalistas
:: Erico Abreu (MTb 354-AL) e Francisco de Freitas





De:
Por:
Clique para fazer a busca!
MENU
 

Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

29/06/2008
Ping-Pong
Nimia Braga revela na mostra Labor o “óbvio invisível”

São ensaios fotográficos que retratam trabalhadores informais e anônimos nas mais diversas atividades, realizados com o “olhar detalhista e criativo” da artista plástica paraguaia

Por Manaíra Aires

A Pinacoteca Universitária recebe até 3 de julho próximo as obras da fotógrafa e artista visual Nimia Braga. A exposição, denominada Labor, tem por carro chefe ensaios fotográficos que retratam trabalhadores informais nas mais diversas atividades. Segundo a curadora da mostra, Viviani Duarte, Labor “revela momentos de trabalhadores anônimos e às vezes até invisíveis, onde foram muito mais do que vistos e revistos por Nimia, com seu olhar detalhista e criativo”.

Nimia Braga nasceu no Paraguai e veio para Maceió em 1976, onde estudou arquitetura. Em 2002, Nimia criou o Clube do Click, em que profissionais de fotografia se reúnem para fazer trabalhos em conjunto e trocar experiências. Nimia já expôs em vários lugares, como no Museu Théo Brandão e na Casa da Arte, em Maceió, e no Instituto Goethe, em Salvador.

Em entrevista a AUN, a artista fala sobre o que pensa ser a função da arte, a ligação da arte com a ética, a importância da criação de novos conceitos por meio de análises críticas.

AUN: Em sua obra chamada Células há fotografias de trabalhadores em forma de círculos e de diferentes tamanhos, uma ligada à outra por fios...

Nimia Braga:Minha intenção é fazer uma relação dos trabalhadores com a célula da vida, mostrando que cada um desses trabalhadores é uma célula da sociedade, cada um está ali, fazendo o seu trabalho. Como as células também se reproduzem, faço uma alusão ao crescimento do setor informal na economia.

AUN: Suas obras retratam o “óbvio invisível”...

Nimia Braga:AUN: Uma das grandes preocupações de quem trabalha com temáticas como essa é a de não fazer com que a plasticidade da obra supere o teor crítico daquilo que está sendo exposto. Essa também é uma de suas preocupações?

Nimia Braga: Eu tento mostrar a realidade da história, mas mesmo assim essa realidade vista de um outro ângulo mostra o belo da situação que as pessoas não percebem na realidade.

AUN: Viviane Duarte escreveu no texto de abertura que sua obra revela a verdadeira função da arte. Então, o que você acredita ser essa verdadeira função da arte?

Nimia Braga: Eu acredito que a verdadeira função da arte é levar o indivíduo a contemplar uma obra pela sua beleza ou composição e sentir uma experiência estética. Também acho importante colocar alguma crítica na obra, seja ela positiva ou negativa, para que a pessoa que veja a obra possa refletir e concordar ou não, criando um novo conceito.

AUN: Qual a intenção ao se repetir fotografias em todas as três obras?

Nimia Braga: A intenção é mostrar a fotografia de várias formas e tamanho sem perder a essência da mensagem. Apesar de ser fotografias, os meios em que elas são expostas também variam. Umas estão expostas em carrinhos de ambulantes, outras na parede, outras estão dispostas como uma cadeia celular.

AUN: Você considera seu olhar barroco e arquitetônico?

Nimia Braga: Não, o barroco é muito ligado à questão da religião, do dualismo e antropocentrismo. Já a parte arquitetônica realmente existe no meu trabalho, com nuances, com movimentos suaves para destacar o belo.

AUN: De que forma você acredita que a arte, por meio de obras como as suas, possibilita um trabalho ético?

Nimia Braga: Na medida em que as fotografias não são alteradas para dar o sentido desejado pelo fotógrafo. No caso, as minhas fotografias são registros de cenas reais, não precisei montar nenhuma situação da foto para transmitir algo. Eu apenas selecionei um momento e fiz o clique.

AUN: Como conciliar poesia, alegoria e fantasia, mantendo uma linguagem lírica, quando o assunto é tão duro e árduo, como a vida desses trabalhadores informais?

Nimia Braga: Diante da realidade da vida dos ambulantes não existe poesia e nem lirismo, mas eu procuro mostrar com o meu trabalho o belo daquele movimento de vai-e-vem dos trabalhadores para possibilitar a sobrevivência de suas famílias.

Clique nas fotos para ampliá-las.

Clique para ampliar Clique para ampliar