Os integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) - Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste - terão, enfim, uma única forma de escrever. A unificação da língua, que deverá entrar em vigor a partir de janeiro de 2009, surgiu da necessidade de fortalecimento do idioma português internacionalmente.
A unificação do português já foi aprovada por quatro integrantes da CPLP: Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e, recentemente, Portugal, que assinou a adesão no mês passado. Os outros quatro ainda resistem às mudanças da língua. Mas segundo a proposta de unificação, realizada em 1990, a adesão de pelo menos três países já seria suficiente para o acordo entrar em vigor.
Segundo estudos lingüísticos que serviram de base para o acordo, o dicionário português sofrerá mudanças de 1,42%, enquanto no Brasil será de 0,43%. A unificação seria útil para o fortalecimento do idioma, pois a existência de ortografias distintas da mesma língua atrapalharia sua divulgação e prática em eventos internacionais. No Brasil, os livros escolares deverão ser modificados até 2010.
As modificações geraram opiniões divergentes. “Acredito que o português é uma língua só. A decisão de unificá-la vai facilitar a criação de uma identidade sólida para o idioma”, declarou a nativa de Cabo Verde e estudante de jornalismo da Ufal Nicia Tavares. Mas nem todo mundo concordou com a decisão. “Não gosto da idéia. Não quero gostar. E mais: eu amo o trema; sempre nos demos muito bem. Por que a gente tem de se despedir?”, desabafou Nilton Resende, escritor e professor da Faculdade de Letras da Ufal.
A abolição do trema é uma das mudanças. Haverá ainda a eliminação do acento circunflexo em verbos como “vôo” e “lêem” e do acento agudo em paroxítonas como “idéia”, “heróica”; a inclusão oficial do “k”, “w” e “y” no alfabeto, que passa a ter 26 letras; a queda do “p”, “c” e “h” em palavras como “óptimo”, “acção” e “húmido” para a grafia de Portugal, entre outras modificações.