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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

16/06/2008
Opinião
Levando a minha e-vida

Crônica: Fernanda Café

Por Fernanda Café

Quando os norte-americanos deixaram vazar “acidentalmente” seu sistema de comunicação global lá na década de 1980, talvez não esperassem que a internet tomasse as proporções atuais. Mesmo sem atingir a maior parte da população, a rede mundial de computadores já faz vítimas de seus usuários mais freqüentes, como um ceifador colhendo as almas daqueles que se atrevem a chegar perto demais.

Os jovens que acompanharam o advento e evolução da rede no Brasil, ditam moda para si mesmos. Na contramão dos adolescentes europeus e estadunidenses, que povoam sítios virtuais de relacionamento como o MySpace e o Facebook, e fazem do Yahoo! Messenger seu principal meio de comunicação em tempo real; os brasileiros dominam o Orkut e o MSN, respectivamente, quase que com exclusividade, tendo afastado os frios convivas do hemisfério norte com sua expansividade latina e sua insistência em falar português assim que reconhecem outro web-tupiniquim.

E enquanto não temos casos notórios de farsas virtuais, como o da atriz norte-americana que angariou uma legião de fãs ao fingir ser uma garota de 15 anos atormentada pelos pais, cujo único espaço para desabafar era o famoso YouTube, podemos olhar para nossas primas e vizinhas e verificar que isso é mais comum do que queremos admitir. A exigência e incompreensividade dos companheiros de carne-e-osso faz com que cada vez mais cedo, e com mais veemência, os jovens procurem refúgio no mundo virtual.

E para os que pensam que essa segunda vida é como o Second Life, onde todos criam avatares projetando o que desejavam ser na vida real, o erro é grande. Basta acompanhar alguma comunidade movimentada do Orkut para perceber que as pessoas se apresentam exatamente como elas são, e a vida acontece exatamente como ela é: panelinhas são formadas, brigas homéricas acontecem, tudo em um lugar onde é mais fácil fazer amigos, já que o interesse é comum. Só que tudo é construído e destruído em cima dos binários zeros e uns que, para esses escapistas, são mais palpáveis do que um abraço.

Para a psicanálise, essas pessoas ficaram presas em alguma fase, sofrendo de inveja do pênis. Para os modernos, é uma doença da pós-modernidade. Para os mais velhos, é uma fase e vai passar. Enquanto todos se aproveitam das benesses do correio virtual e do banco virtual, existem aqueles que vão além e vivem intensamente a sua vida virtual, e se agarram a ela como a única forma de sobreviver. E-mail, e-banking, e-life. Ê, vida...

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