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Universidade Federal de Alagoas - UFAL
 

10/06/2008
Meio-Ambiente
CONSCIÊNCIA NAS LIXEIRAS

A trajetória dos dejetos domésticos que, se devidamente coletados e reciclados, reconstroem matérias-primas e ajudam na preservação do meio-ambiente

Por Naara Lima Normande

A rotina na casa da família Agra, aparentemente, seria similar a qualquer outra de ordenamento doméstico. A organização das atividades por cada membro da casa, parece, a primeira instância, apenas medidas que sugerem uma melhor convivência para todos. Acordar, cumprir com os deveres definidos, seguir com a rotina de trabalho e de estudo é a seqüência das atividades realizadas pelos moradores da casa.

Sustentados pelo trabalho da funcionária Neide Costa, de limpeza e arrumação dos cômodos da casa, os moradores saem tranqüilos para cumprir com suas obrigações fora do ambiente residencial.

Todos os dias, às 8 horas da manhã, quando os moradores Henrique, Cristine, Alexandre e Marília já estão encarando a rotina externa, no hospital, no escritório e na escola, respectivamente, Neide começa a realizar a tarefa, que segundo ela é a mais trabalhosa: a coleta seletiva do lixo produzido na casa. “Eu faço do jeito que o Sr. Henrique me ensinou e exige que eu repita todos os dias”, comenta Neide.

Na casa localizada na rua Eucalipto, no Jardim do Horto, bairro da Gruta de Lourdes, Neide inicia a seleção dos resíduos sólidos despejados pela família, sejam eles, “molhados”, que seriam aqueles restos dos alimentos das refeições, também conhecidos como orgânicos, e também o lixo “seco”, os resíduos de papéis, vidros e plásticos que não foram utilizados.

Divididos em dois grandes boxes, localizados na parte exterior da casa, os depósitos começam a ser preenchidos, aguardando a chegada dos outros dejetos produzidos diariamente pela casa.

Após o intervalo do almoço, por volta das 2 horas da tarde, Neide coleta a segunda etapa do lixo orgânico, deixado, principalmente, pelas crianças da casa, Alexandre e Marília. Além do dejeto “molhado”, a funcionária organiza no cômodo da cozinha os restos dos materiais utilizados na limpeza, como garrafas de água sanitária vazias, plásticos do detergente usado no lavabo principal, e ainda suportes de alimentação, como potes de sorvete, bandejas de carne e latas de conservas.

Seguindo a trajetória pelo espaço do banheiro, Neide coleta os suportes de creme de cabelo, embalagens de sabonete, plásticos que envolvem o papel higiênico, entre outros. Deslocando-se para os quartos, ela coleta geralmente lixo seco: “Normalmente o lixo tem sempre papel riscado, trabalhos antigos, bilhetes dos colegas dos meninos, e alguma embalagem, quase sempre, aqueles papelões de loja de roupa”.

Com quase todo o material eliminado durante o dia, Neide realiza a última coleta do lixo com os restos da refeição noturna, o jantar. Aglutinando todo o material diário nos dois boxes, o “molhado” e o “seco”, Neide termina a primeira etapa do processo orientado pelo Sr. Henrique.

Com todos os dejetos organizados, o lixo fica à espera da chegada do caminhão da Cobel, que recolhe todos os resíduos orgânicos da casa, e também do caminhão específico de coleta dos lixos secos, organizado por cooperativas, com destaque para a da Pitanguinha.

Recolhidos por cerca de quatro vezes na semana, o lixo “molhado” se destina ao aterro sanitário de Maceió, localizado no bairro de Jacarecica, onde é misturado com todos os dejetos produzidos pela população, inclusive com os resíduos das casas que não realizaram coleta seletiva.

Já semanalmente, às terças-feiras, por volta das 9 horas da manhã, o lixo seco, produto da coleta seletiva, tem destino certo: as unidades de reciclagem de Maceió, que transformam o lixo em material reaproveitado por empresários, indústrias e, inclusive, pela população, especialmente, a de renda mais baixa.

NATUREZA LIVRE – Segundo o biólogo André Normande, a coleta seletiva do lixo contribui bastante com a preservação do meio-ambiente: “É de fundamental importância o processo de coleta seletiva do lixo, pois além de gerar renda para a população mais carente, é essencial para o reaproveitamento de materiais que poderiam ser despejados no meio-ambiente, mantendo a natureza livre de produtos que poderiam durar até 500 anos para serem totalmente eliminados”.

Para muitos, selecionar o lixo é algo totalmente desconhecido, para outros talvez seja algo importante apenas na teoria, já que a prática é quase inexistente. No entanto, como bem ressaltado pelo jornalista ambiental Aurélio Novaes, a eficácia desse processo só se efetivará quando todos participarem do ciclo. “O processo de coleta seletiva do lixo só será eficiente e poderá ter seus resíduos realmente aproveitados, quando população, órgãos governamentais e empresas privadas estiverem conscientes que se trata de uma ação cíclica”, finaliza o jornalista.

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