3) Do homem falível ao cogito partido: ontologia e hermenêutica em Paul Ricoeur Linha de pesquisa: Subjetividade e Sociedade
Linha de pesquisa: Subjetividade e Sociedade Financiador: FAPEAL Docentes: Cristina Amaro Viana Meireles
Descrição: O Projeto de Pesquisa "Do homem falível ao cogito partido: ontologia e hermenêutica em Paul Ricoeur" propõe um estudo histórico-filosófico das noções de homem e de sujeito no pensamento do filósofo francês contemporâneo Paul Ricoeur (1913-2005). O que se pretende é buscar compreender as mudanças conceituais operadas entre uma obra de juventude ainda pouco lida – L’Homme faillible (1960) – e uma obra de maturidade bastante difundida – O si-mesmo como outro (1990). A obra de 1960 consiste numa reflexão ontológica sobre o homem que visou responder à questão “por que é possível no homem uma vontade má?”. Já O si-mesmo como outro é uma obra que conjuga uma reflexão hermenêutica com algumas preocupações éticas no afã de responder à questão “no que consiste a subjetividade de um ser de linguagem que possui uma fratura essencial em seu cogito?” A pesquisa proposta se apoia em três pilares: um estudo do conjunto da obra L’Homme faillible; um estudo de capítulos selecionados de O si-mesmo como outro; uma comparação das duas obras separadas por um intervalo de trinta anos visando compreender as ressonâncias e eventuais rupturas operadas neste ínterim. No primeiro pilar, buscaremos ampliar a compreensão da natureza humana segundo Ricoeur partindo das suas elaborações sobre a possibilidade e realidade do mal. No segundo pilar, buscaremos aprofundar a compreensão da subjetividade preconizada por Ricoeur por meio do estudo de duas noções-chave: cogito partido e identidade narrativa. No terceiro pilar, procuraremos identificar na obra de juventude os germes das elaborações maduras em torno da alteridade e da mediação, como eixos centrais que permitiriam traçar uma linha de continuidade entre o homem falível (1960) e o cogito partido (1990). Assim sendo, a nossa hipótese de partida aposta numa evolução conceitual que, mantendo suas raízes no solo da meditação ontológica apresentada em 1960, faz a experimentação de inserir esta meditação no contexto das elaborações hermenêuticas de 1990, as quais só seriam possíveis após um vertiginoso progresso intelectual do filósofo. É esta hipótese que pretendemos investigar.