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Ruy Matos e Ferreira
Professor Adjunto do Departamento de Comunicação Social
da Universidade Federal de Alagoas. Doutor em Literatura pela Universidade
Federal da Paraíba. Integrante do grupo de e pesquisa Intermídia
Resumo
O papel do vestuário e dos demais artefatos de indumentária
enquanto instrumentos de comunicação, notadamente do ponto
de vista estético, tem sido ressaltado com freqüência
nas ultimas décadas. Também cresceu o interesse pelos usos
e efeitos de suas potencialidades ao longo do tempo e em diferentes sociedades.
Sendo assim, é de grande importância estabelecer parâmetros
e princípios que permitam uma compreensão mais efetiva dos
seus mecanismos de expressão e significação e de
sua relação com os outros aspectos definidores da cultura.
Palavras chave: Semiologia do traje - Vestuário - Comunicação
visual - Estética
Um dos mais precoces veículos de expressão e comunicação
social foi a elaboração de vestes e de outros tipos de artefatos
corporais. Na verdade a mais antiga representação de uma
figura humana que se conhece, a ”Dama de Brassempouy”, uma
cabeça de mulher de 3,7 cm, entalhada em uma presa de mamute, de
cerca de 36.000 anos a. C., já mostra um penteado de tranças,
provavelmente preso em uma rede de cabelo. O vestuário e outras
formas de decoração corporal desempenharam sempre um papel
destacado na vida social, e é neste sentido que Mario Praz, comparando
diversas formas de expressão literária com outras modalidades
de arte, de caráter plástico e visual, chega a dizer que,
sendo:
a arquitetura e a indumentária as artes que estão mais próximas
da vida cotidiana, oferecem elas as mais claras indicações
do temperamento de uma época. A pintura, a escultura, a música,
e mesmo a literatura, por destacadas que sejam, por darem corpo às
principais expressões do gênio artístico, têm
um atrativo relativamente limitado, quando comparadas com as artes que
envolvem a satisfação de necessidades práticas comuns
a todos os homens: casas para viver, edifícios públicos
que representam instituições fundamentais como a religião
e o governo, vestuário para o uso diário e para as cerimônias
oficiais .1
Essa capacidade de diálogo com os parâmetros de gosto e sensibilidade
mais generalizados no contexto social, também permite, que se aproxime,
como faz Eugen Rosenstock-Huessy, o papel do vestuário e o da linguagem,
pois como afirma o filósofo, ”a vida humana não é
nua nem anônima. É ritualística. Ela atinge a completude
em cerimônias e monumentos. Nosso corpo não tem função
social. Entramos no corpo social graças ao vestuário, que
representa um corpo temporário2..
Pode-se confirmar facilmente esta perspectiva, quando se observa que,
até em sociedades de parcos recursos tecnológicos, onde
nem sequer existem roupas propriamente ditas, há uma grande variedade
de adornos e atavios corporais, os quais, além de sua função
de sinalizar aspectos como o status dentro do grupo ou a situação
familiar, possuem uma inegável intenção estética.
É o que se dá, por exemplo, em diversas tribos indígenas
do Brasil, cujos integrantes vivem praticamente nus, no entanto, utilizam
artifícios de decoração corporal bastante elaborados.
Notadamente uma variedade de enfeites feitos com penas de aves, cujo virtuosismo
e efeito estético, permitem considerá-los elementos de uma
original e bem desenvolvida arte plumária, ou ainda a pintura da
pele, que
também constitui-se em um dos meios de comunicação
visual mais característicos destes povos3 .
Na verdade, não se pode encontrar qualquer grupo étnico,
por mais isolado ou desprovido dos recursos tecnológicos que normalmente
se associa ao desenvolvimento da civilização, que não
tenha elaborado um complexo, e às vezes muito refinado, código
de expressão através dos adereços corporais; os quais,
freqüentemente, demandam uma grande quantidade de horas de trabalho
para serem confeccionados e, não raro, são cuidadosamente
conservados e passados de geração a geração.
Existem, é claro, razões práticas para o uso de roupas
e artefatos similares, porém, levando-se em conta, o comportamento
observado em grupos sociais que ainda preservam um estilo de vida próximo
aos das primeiras sociedades paleolíticas e neolíticas,
como os índios brasileiros ou os aborígenes melanésios,
percebe-se que os trajes são parte integrante de complexos sistemas
de significados, que também orientam as diversas outras formas
de decoração corporal, e servem para que os grupos sociais
identifiquem-se, sinalizem e confirmem hierarquias, ou realizem seus rituais
e atividades sociais.
Por outro lado, apesar de sua inegável interligação
com as formas mais gerais de produzir significado e expressar valores,
não deve ser esquecido que o vestuário, assim como os diversos
outros artifícios de decoração corporal, possuem
características particulares, que se poderia mesmo considerar irredutíveis
a outras formas de comunicação ou de expressão.
Os trajes, de acordo com Marshall McLuhan, constituem um importante meio
de comunicação, porém com um papel primordial, que
o diferencia dos outros meios, que é o de ampliar as potencialidades
da pele, ou seja, intermediar o contato do corpo com o meio que o envolve;
promovendo e realizando as funções necessárias à
manutenção do seu equilíbrio4.
Tal perspectiva serve, antes de qualquer outra coisa, para esclarecer
características fundamentais e específicas da expressão
estética do vestuário. Tal como a música otimiza
ou refina esteticamente nossa capacidade de comunicação
auditiva, ou a pintura nossa capacidade de comunicação visual,
o vestuário permite a realização de operações
semelhantes com as muitas possibilidades
relacionadas ao sentido do tato, e com as potencialidades derivadas do
complexo e delicado sistema, que constitui o revestimento corporal humano.
Sendo assim, não é de estranhar que a adequação
e adaptação ao meio ambiente, em especial no que se refere
ao clima, esteja subjacente aos dois vetores principais indicados por
estudiosos como James Laver, para a evolução das roupas,
o dos trajes drapeados, desprovidos de costuras e simplesmente arranjados
sobre o corpo, e o dos trajes ajustados, conformados ao corpo através
do corte e costura de suas partes; categorias associadas, com um viés
mais antropológico, respectivamente a um vestuário tropical
e um vestuário ártico5 .
O tipo de traje drapeado, que James Laver relaciona a uma concepção
de vestuário tropical, é bem representado pelo ”pareo”,
usado pelos polinésios, um simples pedaço de tecido enrolado
no corpo, que posteriormente transformou-se em um traje de praia difundido
pelo mundo todo. Por sua vez, um bom exemplo de traje ajustado, associado
a um vestuário ártico, são os trajes dos índios
da planície dos EUA, feito de pele de animais e composto de peças
cortadas e costuradas na forma do corpo.
De certo modo, pode-se relativizar um pouco esta bidirecionalidade quando
se constata, como faz François Boucher, a existência de cinco
arquétipos básicos de traje, que não apareceram,
um após o outro, e sim coexistiram, desde as épocas mais
recuadas, nas mais diferentes partes do mundo: o traje drapeado, uma peça
de tecido simplesmente enrolada no corpo, como o ”pareo” polinésio;
o traje descaído, igualmente uma peça inteiriça de
tecido com um orifício para passar a cabeça, bem representado
pelo ”poncho” sul-americano; o traje costurado fechado, feito
de peças de tecido costurados na largura do corpo e dotado de mangas;
tal como o ”boubou” africano; o traje costurado aberto, também
dotado de mangas, mas feito de modo a ser fechado cruzando suas extremidades
na frente como o ”caftan” turco; e o traje ajustado, conformado
ao corpo, principalmente as pernas, de que é um exemplo perfeito
os trajes dos povos que vivem próximos ao ártico como os
esquimós6 .
Com um olhar mais atento, porém, percebe-se que, o tipo de traje
drapeado, tal como classificado por François Boucher, pode ser
associado à categoria apontada como tropical por James Laver, da
qual o traje descaído, também sem costura ou ajuste ao corpo,
certamente foi uma adequação para climas mais rigorosos.
Por sua vez, o tipo de traje definido como ajustado por Boucher, é
basicamente um traje ”ártico”, no sentido que foi definido
por Laver, podendo-se considerar os trajes costurados abertos e os trajes
costurados fechados, como derivações ou adaptações
suas para climas mais amenos.
Naturalmente cada uma destas formas de traje possibilitou modalidades
de expressão estéticas que vão se diferenciar de
forma considerável, e que já estão previamente sugeridas
pela sua conformação estrutural e pelas funções
utilitárias impostas pelo meio ambiente. Principalmente considerando-se
que, em regiões de clima inóspito e frio, o traje desempenha
uma função de recuso tecnológico fundamental de proteção
da integridade física, a qual não é tão preponderante
em regiões de clima quente.
Ainda que, isto não altere, de modo significativo, a intenção
de adorno do corpo no uso das roupas e outros artefatos de indumentária,
termina por produzir grandes diferenças nos tipos de material e
técnicas de que se utilizam. Pode-se mesmo, partindo destes dois
últimos aspectos, fixar outro tipo de parâmetros, e traçar
outra diferenciação igualmente importante na evolução
das formas e estrutura do vestuário e das possibilidades de comunicação
e de expressão estética a elas associadas.
Uma das mais óbvias modalidades de obter vestimentas, largamente
praticada desde o paleolítico, é, naturalmente, o uso da
pele de animais, costuradas e amoldadas ao corpo, que, longe de ser apenas
uma maneira simples e primitiva de proteger-se dos rigores do clima, implica
em diversas etapas de preparação, com o objetivo de poder
dar ao material bruto a forma e a maleabilidade necessárias para
ser usado como traje.
Como analisa James Laver, a possibilidade de costurar peles amoldando-as
ao corpo, prática que data de uns 40 mil anos, a julgar por agulhas
de mão feitas de marfim de mamute ou rena, encontradas em cavernas
paleolíticas, está associada a métodos de amaciá-las
e impermeabilizá-las, desde a mastigação pura e simples,
usadas ainda hoje pelos esquimós, até o curtimento, por
meio de técnicas, como a imersão em soluções
ácidas extraídas da casca de arvores, também ainda
hoje em uso7 .
Os trajes de pele, ajustados ao corpo, como se percebe, demandam técnicas
elaboradas de confecção, e sua feitura, certamente, implicavam
em uma quantidade considerável de tempo de trabalho dos grupos
humanos que não dispunham de outra forma de obter vestimentas capazes
de protegê-los dos rigores do clima; tal como se pode observar,
ainda hoje, entre os esquimós, cujas mulheres passam a maior parte
do tempo mastigando as peles para amaciá-las.
Outra maneira fundamental de produzir trajes é a tecelagem, basicamente
a feitura de tecidos, ou seja, tramas de fios que são em geral
obtidos, ou do pelo de animais como a lã das ovelhas, já
utilizada pelos pastores nômades do neolítico, ou de fibras
vegetais como o linho ou o algodão, que precisam de cultivo. Também
é possível a tecelagem a partir de matéria vegetal
como a ráfia ou a palha, sendo o processo, nesse caso, algo mais
próximo da cestaria, mas, o resultado não é muito
compensador, tendo os dois primeiros tipos de materiais citados sido sempre
os mais utilizados.
De qualquer modo, a produção de tecidos demanda o uso de
um tear e de um local fixo determinado, onde se possa manter os animais
ou cultivar os vegetais necessários à obtenção
das fibras, bem como proceder a sua extração, armazenagem
e fiação; o que indica que esta prática só
se difundiu em um nível de organização social bem
mais complexo que a anterior. Além do aproveitamento da pele de
animais e da tecelagem, pode ser colocada como intermediária entre
as duas, uma outra forma de obter trajes, também já praticada
desde o paleolítico, a amálgama, de fibras obtidas de casca
de árvores e de plantas, ou então do pelo de animais, em
algo semelhante a esteiras finas, por meio de diversos processos de compactação.
Um dos modos de proceder essa compactação com maior sucesso
é a feltragem, já conhecida dos ancestrais asiáticos
dos mongóis e dos europeus da idade do bronze, que consiste em
colocar a lã, ou outro tipo de pêlo animal, molhado e penteado,
em camadas sobre uma esteira, que é depois enrolada, e sovada,
até que se consiga uma massa compacta, suficientemente resistente
e maleável para ser cortada e costurada de diversas maneiras. Menos
bem sucedido é a realização de processos semelhantes
a partir de cascas de árvore ou plantas, que produz trajes mais
toscos, pouco apropriados para se cortar e costurar, mas que se pode enrolar
no corpo. Muito embora a adaptação ao clima tenha sido,
com muita propriedade, destacada pelos estudiosos do
tema, como o princípio orientador mais geral da conformação
dos trajes, o papel desempenhado pelo domínio e utilização
destes três complexos tecnológicos não foi menos importante.
As metamorfoses que ocorreram no vestuário, ao longo do tempo,
também podem ser, em larga medida, relacionadas à busca
de otimização das possibilidades formais e expressivas decorrentes
destes três diferentes modos de obter trajes, e à tentativa
de superação das restrições decorrentes das
suas características particulares .
Uma boa demonstração disso é que, mesmo após
o maior contato entre culturas, em especial com a constituição
de impérios transnacionais como o romano ou o otomano, foram poucos
os contextos onde os diferentes tipos de traje, conviveram de forma mais
ou menos equilibrada, a regra dominante foi que um prevalecesse sobre
os outros; indicando, entre outros aspectos, uma certa especialização
de técnicas, que induziram á fixação de traços
importante do caráter e do gosto estético de cada sociedade.
A preferência por trajes drapeados está fortemente ligada
às culturas onde a agricultura desempenhou o papel de atividade
econômica e ocupação cotidiana principal, facilitando
assim, o acesso às fibras necessárias à produção
de tecidos mais finos e mais maleáveis. Foi o que se deu, entre
os primeiros povos civilizados, como os egípcios no vale do Nilo
e os sumérios, caldeus e babilônios na Mesopotâmia.
Segundo Karl Köhler, os trajes que compunham a indumentária
dos egípcios, como também a da maioria dos outros povos
da antigüidade, como, os babilônios, os fenícios e os
gregos, tinham como característica mais importante o drapejamento,
e, apesar de apresentarem algumas diferenças nas formas de uso,
possuíam muita semelhança de corte e de estilo8 .
Feitos com maior rapidez e fáceis de usar, guardar e transportar,
já que tratavam-se de simples peças inteiriças de
pano, os trajes drapeados ofereciam inúmeras vantagens, inclusive
higiênicas, a estes primeiros povos civilizados, e terminaram por
induzir a determinados hábitos e valores estéticos, como
o gosto por tecidos leves e transparentes, manifestado pelos egípcios.
Vivendo no fértil vale do Nilo, cuja exuberância tropical
permitiu a precoce emergência de uma requintada civilização
agrícola, já por
volta de 6000 anos atrás, os habitantes do antigo Egito utilizavam
preponderantemente o linho como matéria prima para seus trajes,
em geral, uma única peça de tecido que se drapeava em volta
do corpo. O linho, extremamente leve e maleável, tal como confeccionado
pelos egípcios, possuía uma trama delicada que permitia
produzir efeitos de transparência, que eram então muito apreciados.
Já os gregos, além do linho, utilizavam também a
lã para a confecção de seu vestuário, que
não passava de um conjunto de retângulos de tecido de diversos
tamanhos, os quais se podia drapear sobre o corpo de variadas maneiras.
Essa forma de compor a indumentária, vale destacar, além
de sua praticidade, já que de uma única dessas peças
de tecido se podia, sem muito trabalho, obter inúmeros trajes,
parece emular o mesmo gosto pelas relações e proporções
geométricas identificado na arquitetura grega, com seu gosto por
colunas ordenadas e pelo jogo com as propriedades do retângulo áureo.
Até mesmo em áreas de clima bem mais frio, como a região
dos Andes, uma civilização fortemente agrícola e
pastoril como a dos incas, não demonstrou muito gosto por vestes
costuradas e ajustadas, preferindo os trajes descaídos como o poncho.
Na verdade, o uso de trajes costurados e ajustados, além de, evidentemente,
constituir uma adaptação aos climas mais rigorosos, vai
seguir de perto a dificuldade de conseguir um farto fornecimento de fibras
têxteis, e portanto a dificuldade, também, de obter tecidos
maleáveis e fáceis de manipular. Isto explica por que os
povos nômades, que não se dedicam à agricultura e
ao pastoreio, ou o fazem de modo incipiente, adotaram tais tipos de traje.
Como observa François Boucher ” todos os nômades da
estepe - hunos, scíntios, alanos e sármatas - vestiram as
mesmas roupas de pele ou couro ajustadas, compostas de túnica,
calças longas com ou sem botas, e uma longa capa de couro ou feltro”9
.
No caso das sociedades que utilizam preferencialmente a compactação
em esteiras, como forma de produzir vestimentas, excetuando-se a feltragem,
cujo resultado é mais fácil de manusear e utilizar que peles
animais, substituindo satisfatoriamente sua função básica
de aquecimento, há um marcado direcionamento para os trajes drapeados,
em razão da dificuldade de conformar e costurar o material produzido.
Foi o que se deu com as tribos polinésias do Tahiti, Samoa ou Fidji,
cujos ”tapas” são feitos de fibras de plantas, também
é o que ocorreu nas tribos melanésias da Papua Nova Guiné,
ou ainda em tribos africanas da floresta equatorial, como os Mengbetu
ou os pigmeus Mbuti, que vivem no Congo, e utilizam trajes um tanto parecidos,
feitos de casca de árvore. Os recursos disponíveis e o domínio
das formas de utilizá-los, são também a principal
motivação da consolidação de diversas outras
práticas menos generalizadas de confeccionar trajes e artefatos
de indumentária que marcaram o vestuário de determinadas
sociedades, como é o caso da arte plumária dos índios
brasileiros, diretamente relacionada a variedade e riqueza do colorido
dos pássaros da fauna tropical com que estavam em permanente contato.
É interessante observar que um gosto pronunciado por esmerados
adornos plumários, pode também ser observado entre diversas
tribos melanésias da Oceania, em cujo ambiente existe, igualmente,
uma grande variedade de aves exóticas de plumagem ricamente colorida.
No caso da sociedade européia moderna, o hábito de usar
adornos de plumas e penas de aves, vai aparecer e se generalizar apenas
a partir do renascimento, justamente quando a expansão da navegação
comercial e o início da colonização da América,
África e Ásia, irão tornar possível o acesso
fácil à plumagem das exóticas aves da fauna tropical.
Outras modalidades de obter trajes, foram em si mesmas produto e motor
da criatividade. Como demonstra o aparecimento e desenvolvimento da tecnologia
de produzir a seda pelos chineses, a partir do aproveitamento dos casulos
de uma espécie de mariposa, justamente o bicho da seda (Bombyx
Mori). A descoberta desse processo é tradicionalmente atribuída
a Xi-Ling, esposa do imperador Hoang-Ti, em 2540 a.C., mas lenda ou verdade,
já por esta época a tecnologia de produzir a seda era dominada
pelos chineses, e vai marcar profundamente sua maneira de trajar-se, principalmente
nas classes abastadas, estimulando uma requintada arte de decorar tecidos,
cujos padrões estéticos deixaram influências profundas
em toda sua produção artística subsequente.
Além disso, o longo período de monopólio chinês
das técnicas de produção da seda, estimulou um lucrativo
comércio com outras nações, responsável por
uma das mais importantes vias de contatos comerciais da antigüidade,
a ”rota da seda”, que atravessava
praticamente toda a Ásia e boa parte da Europa, desde o império
Tang até o império romano.
De uma maneira mais geral, o aperfeiçoamento tecnológico
dos complexos de materiais e técnicas característicos de
cada sociedade, vai ser um elemento fundamental na evolução
formal e nos padrões estéticos do seu vestuário.
Estes aperfeiçoamentos foram muitos e constantes, especialmente
nos últimos dois mil anos, quando os contatos culturais e a convivência
de povos diferentes tornaram-se mais e mais freqüentes.
Em diversos contextos, as crescentes diferenças entre os trajes
usados por determinados grupos e classes sociais, traduziam, de certa
forma, diferenças significativas de estilo de vida e de acesso
aos materiais e técnicas têxteis. Na Europa, por exemplo,
mesmo após o renascimento, os trajes dos camponeses permaneceram
durante muito tempo ainda próximos dos usados na idade média,
tanto na forma e estrutura geral, como nos tecidos utilizados, enquanto
os dos nobres e burgueses abastados, seguiam modas próprias, e
valiam-se de uma grande variedade de tecidos luxuosos como o veludo e
a seda ou outros materiais como peles e plumas, que resultavam em formas
e variedades de traje muito diferentes.
Muitas vezes estas diferenças eram estabelecidas ou reguladas por
leis e proibições, como as que limitavam o uso de materiais
luxuosos ou prescreviam o tipo de adorno nos trajes, que foram comuns
nas cidades italianas durante a alta idade média e o renascimento
ou na França e na Inglaterra durante o século XVII. Outras
vezes procurou-se, também sem muito sucesso, coibir ou prescrever
o uso de um determinado tipo de traje, como quando o Imperador russo Pedro
I, no início do século XVIII, tentou impor o uso dos trajes
em voga na Europa Ocidental em seu vasto império, proibindo o uso
dos trajes tradicionais, marcados por uma forte influência asiática.
No entanto, mesmo levando-se em conta estas modificações
decorrente da progressiva urbanização e da crescente diversificação
dos trajes dos diferente grupos dentro de uma mesma sociedade, não
se pode menosprezar o fato de as técnicas básicas de confecção
de tecidos e roupas, bem como certos arquétipos fundamentais de
traje, existirem e permanecerem em uso, desde de tempos muito remotos,
o que faz com que muitas destas modificações pareçam
mais superficiais do que propriamente estruturais.
Na verdade, se tomarmos como base apenas os cinco tipos básicos
de traje definidos por François Boucher, já se pode apontar
como expressões artísticas particularmente significativas,
certas concepções tradicionais de vestuário, cujos
princípios fundamentais foram estabelecidos há muitos séculos
atrás, e cujos padrões estéticos, bastante evidentes,
persistem até hoje.
Dentre as variedades de vestuário que privilegiam as roupas ajustadas,
ou, mais precisamente, cortadas, moldadas e costuradas, levando em consideração
a forma e a estrutura do corpo, merece ser destacada a dos esquimós,
caçadores nômades em uma região das menos propícias
à sobrevivência, e cujos trajes, feitos de pele de animais,
além de serem, junto com os seus objetos de caça e pesca,
os artefatos mais valorizados que possuem, seja do porto de vista simbólico,
seja no sentido prático, constituem-se em um dos mais importantes
suportes, para o exercício de sua imaginação artística.
.
Quanto ao tipo de traje definido como costurado aberto, pode-se apontar
como uma de suas manifestações de inegável caráter
artístico, seja por sua refinada estética visual, seja por
sua mestria de corte e conformação do tecido, o ”kimono”
japonês, cuja estrutura básica remonta ao período
Heian (794-1192), existindo diversos modelos para diferentes funções,
ocasiões e posições sociais10 .
Por sua vez, no caso dos trajes costurados fechados, uma de suas variedades
de maior significado estético é certamente o traje muçulmano
básico dos árabes do oriente médio, o ”thobe”,
usado por ambos os sexos. Neste contexto, inclusive, por prescrições
religiosas e morais, o corpo feminino deve permanecer o mais oculto possível;
o que, mesmo assim, não evitou diversas formas de exercitar a criatividade
no sentido de adornar e corpo e seus atavios, como os intricados padrões
ornamentais bordados, que funcionam como forma de distinção
social e identidade cultural .
Já na categoria de traje descaído, um de seus mais bem acabados
exemplos, é o poncho andino, nos quais identificam-se inúmeros
recursos decorativos que remontam às culturas pré-colombianas;
e, por isto mesmo, são, até hoje, um forte elemento de identidade,
em especial para as populações indígenas descendentes
dos antigos incas, como os quéchua e aymara, que vivem no Peru
e na Bolívia. .
Por fim, na categoria das roupas drapeadas, merece ser destacado o
vestuário tradicional indiano, cujos trajes, como o ”dhoti”,
masculino, o ”saree”, feminino e o ”pag” (uma
espécie de turbante) masculino, não possuem costuras ou
quaisquer ligamentos de suas partes; constituído-se, simplesmente,
em pedaços de tecido que são arranjados, de variadas maneiras
sobre o corpo, cabendo a quem os usa dar-lhes uma forma final11 .
A rasgada preferência pelos trajes drapeados entre os habitante
da Índia, que perdura até hoje, encontra um reforço
importante no fato do país ser um dos maiores produtores de algodão,
que continua, em larga medida, sendo plantado colhido e beneficiado segundo
métodos relativamente arcaicos, tornando mais fácil o acesso
às fibras têxteis, para a imensa população
camponesa da país.
Por outro lado, se os trajes drapeados indianos, parecem ser o centro
irradiador do tipo de vestuário tradicional que predomina em diversas
populações do sul da Ásia, como a da Indonésia,
onde as marcas de diversas outras contribuições da cultura
indiana são bastante aparentes, isto não deve obscurecer
o fato de a preferência dos indonésios por trajes drapeados,
estar solidamente assentada em uma rica e antiga tradição
local de produção de tecidos decorados; que, inclusive,
foi uma contribuição importante para popularizar o ”sarong”,
seu traje básico, no ocidente.
Mas o caso mais sintomático no sentido de ilustrar a perfeita e
bastante antiga adaptação do traje aos complexos de técnicas
e de recursos disponíveis, é a persistência até
o presente dos padrões do vestuário esquimó, em uso
desde tempos imemoriais; o que é uma conseqüência justamente
da sua perfeita adequação de forma e estrutura, ao rigor
do clima ártico, e aos parcos recursos materiais de que podem dispor.
Seja como for, Para Victor Papanek, os esquimós são os melhores
designers do mundo, e para comprovar isto ele reporta-se, justamente,
às características do seu vestuário, que mostram
como:num clima extremamente inóspito, as roupas vão buscar
certas características à arquitetura.
Têm espaços de isolamento; fechos e capas que servem de vestíbulos
e câmaras de vácuo; e a camada mais interior, usada em contato
com a pele, é constituída por roupa almofadada com penas
para criar uma camada quente. A camada mais exterior é cuidadosamente
concebida para proteger da neve, gelo e água, e funciona como um
telhada com costuras bem definidas que escoam água. (...) recentemente
os inuit fizeram experiências
com substitutos plásticos e pele artificial e consideraram os resultados
literalmente mortais. Somente as peles naturais e o pêlo da raposa
do Ártico funciona na neve, no gelo e no frio extremo. As fibras
de pele artificial cortam a pele do rosto e congelam nas bochechas e a
roupa interior normal aumenta a transpiração e, por conseguinte,
acarreta enormes riscos para a saúde de quem a usa .12
Por outro lado, mas confirmando esta mesma perspectiva, pode-se chamar
a atenção para a influência preponderante do vestuário
europeu e ocidental contemporâneo em todo um mundo, a partir do
século XIX, que não é, como pode parecer á
primeira vista, apenas um mero reflexo da hegemonia econômica, política
e cultural dos povos e nações que o criaram e utilizam normalmente.
Um olhar mais cuidadoso deixa claro que, na verdade, a grande difusão
da maneira de trajar-se ocidental, foi prenunciada e apoia-se de maneira
fundamental, na expressiva diversidade de influências que a conformaram,
em especial nos últimos três séculos.
Apesar de uma clara tendência para os trajes costurados fechados,
acentuada desde o final da idade média, como é assinalado
por Anne Hollander13 , o vestuário ocidental, absorveu diversos
empréstimos de natureza bastante diferente. Uma dos mais perceptíveis
foi o dos trajes costurados abertos orientais, patente na difusão
de tipos de traje masculino, como a jaqueta e o colete, que se tornaram
comuns na Europa, a partir do século XVIII, inspirados nos trajes
masculinos usados pelos turcos.
Por outro lado, também, houve considerável penetração
de inúmeros tipos de traje drapeado, como os xales, capas e mantos,
no vestuário elegante, principalmente feminino, pelo menos desde
o fim do século XVIII, sendo seguidos ainda, a partir do século
XX, por novos empréstimos do mesmo gênero, como os pareos
ou as cangas .
Esta miscelânea de possibilidades formais, e a maior abertura daí
decorrente, para um equilíbrio com as particularidades ambientais
e as diferentes possibilidades tecnológicas de cada sociedade,
é que garante a difusão bem sucedida da forma de trajar-se
ocidental. Sem contar que as soluções híbridas que
resultaram dos contatos de europeus e ocidentais com formas de vestir-se
radicalmente diferentes, são até hoje, uma fonte periódica
de renovação das soluções formais e estéticas
do próprio vestuário contemporâneo no ocidente, dinamizando
ainda mais o seu polimorfismo.
É importante, todavia, ressaltar que, há uma diferença
fundamental entre o uso de trajes nas sociedades tradicionais e na inquieta
sociedade ocidental contemporânea. Durante a maior parte da história
humana, as roupas e componentes da indumentária, não possuíam
o caráter transitório que hoje lhes empresta a moda. Como
observa Eugen Rosenstock-Huessy:
Roupas que hoje são trocadas com freqüência eram, originalmente,
dadas por toda uma vida. (...) Uma roupa não servia apenas para
alguns minutos numa casa noturna, mas para ofícios sociais que
duravam a vida toda14.
Essa diferença de parâmetros, que, verdade seja dita, pode
também ser percebida em todas as formas de manifestação
artística após o advento da cultura de massa, no que concerne
ao vestuário, termina por reforçar a idéia de que
o traje, além de prestar-se a funções utilitárias
mais específicas, foi sempre um suporte privilegiado para a transmissão
de princípios e valores importantes para a vida social, em especial
os estéticos, sem a qual os membros de uma cultura não se
reconheceriam.
O fluxo incessante da moda atual, mobilizando uma considerável
soma de recursos econômicos e tecnológicos em um processo
sucessivo de rápida obsolescência de aparências e estilos,
tem muito a dizer sobre o caráter das sociedades de consumo contemporâneas,
da mesma forma que, também, a solidificação dos diversos
tipos de vestuário em determinadas sociedades ao longo da história,
é um dos mais significativos registros sobre os valores que as
orientavam e sobre como seus integrantes pensavam e sentiam.
Notas:
1 Mario Praz. Literatura e artes visuais. São Paulo: Cultrix, 1982,
p. 37
2 Eugen Rosenstock-Huessy. A origem da linguagem. Record, Rio de Janeiro,
2002, p. 175 e 176
3 Diversas tribos indígenas do Brasil, desenvolveram, de fato,
uma arte plumária bastante original, chegando, a criar aves unicamente
para a retirada de suas penas, que induziam aos tons desejados através
de um processo denominado “tapiragem”. Quanto à utilização
da pintura corporal está presente em praticamente todas as tribos
indígenas brasileiras, exigindo tempo considerável para
a preparação das tinturas e sua aplicação.
Dentre as muitas tribos que praticam a pintura corporal merece destaque
os kayapó-xikrin, que vivem no sul
do Pará.
As mulheres, que são as responsáveis por esta atividade,
reúnem-se para sessões de pintura coletiva a cada oito dias,
existindo padrões para as mais diversas situações,
tanto para cerimômias religiosas e eventos sociais especificos,
quanto para simples ornamentação. Em qualquer destes casos,
como explica Lux Vidal, a “pintura corporal, atividade que os kayapó
desenvolveram ao extremo, tanto em nível do ritual quanto do cotidiano,
possui as características de um sistema de comunicação
visual rigidamente estruturado, capaz de simbolizar eventos, processos,
categorias e status e dotado de estreita relação com outros
meios de comunicação, verbais e não verbais”
(a pintura corporal e a arte gráfica entre os kayapó-xikrin
do Cateté. In: Lux Vidal [org.]. Grafismo indígena. Studio
Nobel/FPESP/EDUSP, São Paulo, 2000, p. 144).
Abaixo seguem amostras de pintura corporal dos kayapó-xikrin (em
desenhos de Odilon João Souza Filho, para o texto citado de Lux
Vidal), na primeira fila, a partir da esquerda, cinco pinturas masculinas
para ocasiões específicas: “a-mi-kra” (dedo
de jacaré para o fim do ritual de iniciação), “katob-ôk”
(pintura cerimonial), “me-ã_tonk” (pintura cerimonial),
“m~emu-bitchiangri” (fim de resguardo); e cinco outras pinturas
para uso no cotidiano: “me-ã-kakei”, “tê-djo-iadui”,
“ã-moy”, “akoy-ôk”, e “ikamanei”.
4 Marshall McLuhan. Os meios de comunicação como extensão
do homem. Cultrix, São Paulo, 1995., p. 140
Nesse livro, em uma análise penetrante das alterações
provocadas na vida social pelos meios de comunicação, desde
a voz e a palavra até a automoção promovida pelos
computadores, concluindo o autor que cada meio de comunicação
surge e evolui enquanto extensões ou ampliações de
determinadas potencialidades dos sentidos humanos, desse modo:
O vestuário como extensão da pele, pode ser visto como um
mecanismo de controle térmico e como um meio de definição
do ser
social. Nisto, o vestuário e a habitação são
parentes próximos, quase gêmeos, embora a roupa seja o mais
próximo e o mais velho. A habitação prolonga os mecanismos
internos de controle térmico de nosso organismo, enquanto a roupa
é uma extensão mais direta da superfície externa
do corpo ( p.140).
5 James Laver. A roupa e a moda. Companhia das letras. São Paulo,
2001, p. 7.
6François Boucher e Yvonne Deslandes. 20.000 years of fashion:
the history of costume and personal adornment. Harry N. Abraham, New York,
1987, p 12
Veja-se abaixo exemplos característicos das cinco categorias de
traje apontadas pelo autor, respectivamente a partir da esquerda: um “tapa”,
retângulo de uma amálgama de fibras vegetais, para ser usado
enrolado no corpo como “pareo”, proveniente da Papua Nova
Guiné; em seguida, um poncho de lã dos pampas argentinos,
confeccionado no século XIX; um “boubou”, típico
traje costurado fechado, usado no Senegal e no Níger; um caftan
de seda otomano do século XVI, perfeito exemplar do tipo de traje
costurado aberto; e um traje de inverno dos índios dene (ligados
ao tronco linguístico athabaskan), que vivem no norte do Canadá,
feito de pele de lebre ártica e ajustado ao corpo e seus membros.7
James Laver. A roupa e a moda. São Paulo: Cia das Letras, 2001,p.3
8 Karl Köhler, História do vestuário. Martins Fontes.
São Paulo, 2001, p.68
9 François Boucher e Yvonne Deslandes. 20.000 years of fashion.
Harry N. Abrams, New York, 1987, p. 68
Como a sobrevivência dos esquimós nas regiões geladas
do ártico está diretamente relacionada ao tipo específico
de trajes que usam, estes dedicam-lhes o melhor de sua energia criativa.
Boa parte do tempo de suas mulheres é tradicionalmente dedicado
àatividade maçante, mas essencial, de mastigar as peles
dos animais caçados para torná-las adequadas á confecção
dos trajes; os quais, longe de serem toscos ou grosseiros, são
ao mesmo tempo criativos e
funcionais. Pode-se constatar isto no traje masculino inuit abaixo, à
esquerda, de 1914-16, feito de pele de caribu, assim como no traje feminino,
que aparece em seguida, também feito de pele de caribu, só
que mais decorado, finalizado em 1975 pela artesã Lizzie Ittinuar.
Depois em direção à direita pode-se ver, um traje
infantil e uma perneira feminina de pele de caribu, feitos por volta do
início do século XX.
10 A própria confecção de um kimono é bastante
pormenorizada, partindo de uma peça única de 12 a 13 m de
comprimento por 36 a 40 cm de largura, codepois da udeportada em oito
partes, que, posteriormente, serão costuradas juntas. Há
um nome para cada parte que constitui a sua estrutura sendo indispensável,
o uso do “obi”, faixa grossa de tecido em volta da cintura,
que, no caso das mulheres, é arrematada cuidadosamente em um arranjo
nas costas. Pode-se ver as partes constitutivas do kimono e os seus respectivos
nomes, no esquema que figura abaixo, à esquerda, e no canto direito,
um exemplo de arranjo do obi em um kimono para mulheres casadas, tal como
é usado ainda hoje.
11 Um dos mais antigos trajes em uso no mundo, existindo já a mais
de 2000 anos, o dothi foi a vestimenta comum a homens e mulheres da Índia
até o século XIV, quando inicia-se o império Vijayanagar
(1335-1565) que trouxe inovações para os diversos campos
das artes e da cultura, inclusive o vestuário. A partir de então,
os trajes femininos ampliaram-se, transformando-se no saree, que envolve
todo o corpo, e os trajes masculinos, além de serem acrescidos
do pag, encolheram, até cobrirem o corpo apenas da cintura para
baixo. Atualmente o dothi consiste em uma peça de tecido retangular,
de aproximadamente 50 cm por 2m, e o saree varia de 7,31 m a 9,14 m por
1,37m.
12 Victor Papanek. Arquitetura e design. Edições 70, Lisboa,
1995, p. 249 e 250
13 Anne Hollander. O sexo e as roupas. Rio de Janeiro: Rocco, 2001
14 Eugen Rosenstock-Huessy. A origem da linguagem. Rio de Janeiro, 2002,
p. 169
Bibliografia
BOUCHER, François e DESLANDES, Yvonne. 20.000 years of fashion:
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KÖHLER, Karl. História do vestuário. Martins Fontes,
São Paulo, 2001
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do homem. Cultrix, São Paulo, 1992
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TILKE, Max. Costume patterns and designs; a survey of costume patterns
and designs of all periods and nations from antiquity to modern times.
New York: Hastings House, 1974
VIDAL, Lux (org.). Grafismo indígena. Studio Nobel/FPESP/EDUSP,
São Paulo, 2000
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